Epistemologia Semiótica

Autores

  • Lucia Santaella

Palavras-chave:

Semiótica, Epistemologia, Mediação, Pensamento, Percepção

Resumo

Os conceitos semióticos de Peirce costumam ser reduzidos à famosa tríade dos ícones, índices e símbolos. Isso se dá porque são comumente ignorados os propósitos filosóficos e cognitivos desses e de outros conceitos. Peirce não apenas criou uma teoria dos mais diversos tipos de signos, mas plantou essa teoria em um solo fenomenológico original de modo que dela resultassem implicações epistemológicas não menos originais, que, por sua vez, exigem de quem delas se aproxima, entre outras coisas, o abandono cabal das ilusões de que a cognição e o conhecimento se dão na relação dual entre um objeto que se dá a conhecer e um sujeito conhecedor. Embora as relações diádicas sejam onipresentes na experiência humana, elas estão sempre subsumidas em relações triádicas, isto é, relações mediadas, relações sígnicas, pois o signo, para Peirce, é sinônimo de mediação. Isso já começa no pensamento, estende-se para a percepção e, obviamente, para os signos externos (sons, palavras, formas visuais e todos os seus híbridos). Com base nos processos mediadores, este artigo visa a explicitar a originalidade da epistemologia peirciana na sua construção de uma teoria sígnica do conhecimento.