A Semiótica de Peirce Aplicada à Percepção – O Papel dos Objetos Dinâmicos e dos Perceptos na Interpretação Perceptiva

Autores

  • Carl R. Hausman

Palavras-chave:

Objeto imediato e objeto dinâmico, Percepto, Percipuum, Juízo perceptivo, Referência e referente

Resumo

A oposição entre a visão de que criamos a realidade e a de que a realidade é descoberta pode ser superada por meio de um componente da semiótica de Peirce. Ofereço uma defesa da distinção entre objetos pré-interpretados e objetos interpretados, isto é, entre o que Peirce chamava de objetos dinâmicos e objetos imediatos. Ao longo de sua carreira, Peirce afirmou a importância daquilo que ele chamava de “choque com o mundo externo”, que é sua descrição dramática do papel dos objetos reais ou dinâmicos que impelem à formação de signos e interpretações que referem a seus objetos. Assim, embora a meta da interpretação seja o objeto imediato, o objeto cognitivo formado pela interpretação, o processo de desenvolver o objeto imediato está sujeito a restrições, algumas das quais vêm do lado dos objetos dinâmicos. Como uma introdução a essa visão de interpretação, discuto algumas maneiras equivocadas de entender o que são as referências de Peirce aos objetos dos signos. Um caminho útil para evitar mal-entendidos,sugiro, é substituir o termo “referente” por “objeto”. Quando se faz isso, pode-se argumentar haver objetos dinâmicos mesmo para signos que são ficções. Entretanto, para os propósitos desta discussão, meu objetivo primeiro é sugerir uma aplicação da semiótica dos objetos dinâmicos e imediatos à abordagem peirceana da formação dos juízos perceptivos. A percepção começa com perceptos que almejam formar juízos perceptivos. Proponho que os perceptos são manifestações experienciadas de objetos dinâmicos, de modo que a consideração de como os perceptos constrangem a interpretação perceptiva possa ajudar a construir uma abordagem da função dos objetos dinâmicos em geral.