Construção em contingência: William James da biologia à ética e à política

Autores

  • Rosa Maria Calcaterra Università Roma Tre

Palavras-chave:

James. Darwin. Naturalismo pragmatista. Indeterminismo. Ética política.

Resumo

Há ainda uma tendência generalizada para considerar o pragmatismo como uma tradução dúbia da biologia darwiniana em nível filosófico, confundindo-o com o chamado “darwinismo social”—o movimento sociológico inaugurado no início do século passado por W.G. Summer que, na realidade, foi inspirado de certa forma pelo evolucionismo spenceriano. Uma reavaliação das razões para essas incompreensões parece, hoje, importante quando se considera como, de fato, muitas das atuais práticas socioeconômicas e políticas replicam precisamente os critérios para uma interpretação inadequada do princípio de seleção natural envolvido na biologia darwiniana. Meu artigo focará alguns dos motivos pelos quais James proporcionou uma leitura da teoria de Darwin que ajuda a aprofundar e integrar algumas de suas características mais interessantes em nível filosófico, descartando finalmente qualquer redução precipitada dos fenômenos humanos a um biologismo acrítico. Tentarei demonstrar como a dimensão ética e seus efeitos políticos são os pilares da abordagem de James ao darwinismo, apresentando a qualidade pluralística, relativista e meliorista do naturalismo filosófico que ele desenvolveu com base unicamente em sua relação dialética com a biologia de Darwin. James surge hoje quase que exclusivamente como “autor de inspiração” em cursos de políticos ou de treinamento para administradores ou financistas. Todavia, há várias razões teóricas que sugerem a importância de sua obra para o atual debate político-filosófico, inclusive sua insistência na necessidade de se prestar atenção sistemática às consequências dos princípios epistêmicos em relação às escolhas de valores, como também seu apelo para a consolidação da perspectiva pluralista, antidogmática sugerida pela biologia darwiniana.

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Publicado

2016-05-08

Como Citar

Calcaterra, R. M. (2016). Construção em contingência: William James da biologia à ética e à política. Cognitio: Revista De Filosofia, 16(2), 219–232. Recuperado de https://revistas.pucsp.br/index.php/cognitiofilosofia/article/view/27761

Edição

Seção

Artigos sobre Pragmatismo