O pragmatismo do Foucault tardio

Autores

  • Rossella Fabbrichesi University of Milan

Palavras-chave:

Foucault. Parrhesia. Platão. Sétima Carta. Cínicos.

Resumo

Foucault destacou, por toda sua atividade intelectual, a questão da verdade como um efeito do poder do saber. Não há propriamente verdades como substâncias, mas sim efeitos de verdades como práticas incorpóreas do discurso, que mudam de forma lenta, mas inevitável, os limites do nosso conhecimento. Podemos dizer, então, que ele sempre foi um pragmatista, sem ter consciência disso. Todavia, foi durante os dois últimos cursos ministrados no Collége de France, publicados recentemente sob os títulos de O Governo de Si e dos Outros e A Coragem da Verdade, que ele reconheceu explicitamente sua veia pragmática. Apresentarei dois pontos específicos de seu testamento filosófico (como podemos considerar os dois cursos). Comentando sobre A Sétima Carta de Platão, ele disse que a filosofia coincide com “suas práticas” (pragmata). A filosofia é um ergon, uma criação, um trabalho, uma atividade prática e “real” que deve submeter-se ao teste da práxis (e da política). Em segundo lugar, comentando Lachetes e as atitudes Cínicas de Platão, ele se referiu à Parrhesia grega, a vontade de falar livremente. Possui evidentemente uma marca pragmatista: o filósofo que se dedica à busca da verdade deve manifestar, em seu modo de vida, uma congruência, uma afinação entre bios e logos, gestos e significados, entre o corpo, com seu porte e modos e a verdade transmitida. A correspondência real não está entre palavras e fatos, mas sim entre palavras e ações. Não é, portanto, suficiente que uma verdade seja expressa por palavras: precisa ser exercida. Deve se transformar em hábitos, assumir forma em uma vida corpórea, em uma existência, em uma práxis: este é o ensinamento não só da escola pragmatista, como também da hermenêutica, a partir de Nietzsche até o Foucault tardio. A filosofia deve voltar a ser uma forma de vida, e testemunhar na prática suas ideias.

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Publicado

2016-05-08

Como Citar

Fabbrichesi, R. (2016). O pragmatismo do Foucault tardio. Cognitio: Revista De Filosofia, 16(2), 259–272. Recuperado de https://revistas.pucsp.br/index.php/cognitiofilosofia/article/view/27764

Edição

Seção

Artigos Cognitio