Utopia e Distopia

um passeio por Huxley, Rorty e Scruton

Autores

  • Wilker Marques Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Piauí

DOI:

https://doi.org/10.23925/2316-5278.2023v24i1:e57171

Palavras-chave:

Distopia, Huxley, Rorty, Scruton, Utopia

Resumo

As utopias nascem do profundo desejo humano de que o mundo seja diferente, seja melhor. As distopias, por sua vez, nascem do reconhecimento-pavor de que esse mundo possa ser pior. De todo modo, utopia e distopia, partem do que se tem, do mundo como aí está, das “coisas como elas são”, em direção a uma possibilidade. A Literatura e a Filosofia – especialmente a Filosofia Política –, andam sempre juntas no caminho que perpassa as utopias e distopias, descrevendo e redescrevendo a condição humana, construindo e desconstruindo a ideia de homem e de boa vida. Grandes nomes da história do pensamento, desde Platão a Thomas Morus, Campanella, Francis Bacon, Aldous Huxley e George Orwell dedicaram-se à tarefa imaginativa de pensar o mundo que temos em face daquele que poderíamos ter – para o bem ou para o mal. Mas ainda haveria espaço para utopias e distopias no pensamento político contemporâneo? Ainda faz sentido autilização de tais vocabulários no âmbito da reflexão política? O filósofo estadunidense Richard Rorty (1931-2007) desenvolveu, no século XX e início do XXI, uma concepção de utopia cosmopolita social democrática e liberal. Reconhecidamente etnocêntrico, Rorty vislumbrava a construção de uma ampla sociedade democrática a partir da reforma das instituições consolidadas nas sociedades democráticas reais, rumo ao objetivo da extinção da crueldade e da humilhação dos homens por outros homens e da contínua substituição da força pelo diálogo. Por outro lado, em defesa do pessimismo, e denunciando os perigos da falsa esperança, o filósofo e literato inglês Roger Scruton (1944-2020) apresenta-se como uma voz crítica face às utopias, incluindo aquilo que denomina “falácia utópica” em seu rol de sofismas correntes na contemporaneidade que contribuem para uma leitura inapropriada do nosso tempo. Apresentamos neste artigo um passeio pelos sentimentos de utopia e distopia, assinalando os escritos fundamentais de Huxley, Rorty e Scruton e traçando um paralelo entre suas retóricas, destacando algumas controvérsias que entre elas se pode verificar.

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Referências

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Publicado

2023-11-01

Como Citar

Marques, W. (2023). Utopia e Distopia: um passeio por Huxley, Rorty e Scruton. Cognitio: Revista De Filosofia, 24(1), e57171. https://doi.org/10.23925/2316-5278.2023v24i1:e57171

Edição

Seção

Artigos sobre Pragmatismo