Signos coletivos e generalidade na tricotomia do objeto dinâmico na semiótica de Charles S. Peirce
DOI:
https://doi.org/10.23925/2316-5278.2025v26i1:e70048Palavras-chave:
Generalidade, Objeto dinâmico, Signo coletivo, Terceiridade, Peirce, SemióticaResumo
Para Peirce, a generalidade tem um caráter distributivo, isto é, o caráter de uma lei que pode ser aplicada a qualquer coisa que possa existir numa classe, sem afirmar se há alguma coisa ou qual é essa coisa, mas fornecendo uma descrição de como os individuais dessa classe devem ser selecionados (EP 2:284, 1903). Rodrigues (2017) afirma que Peirce não considera que a generalidade expressa nos quantificadores universais tenha o caráter coletivo, no sentido de significar um determinado grupo singular, uma coleção dada. Em 1905, Peirce (EP 2:352-353) afirma que “um termo coletivo é singular, pois ele denota um grupo dado e um uma coleção dada”. Em 1908, no entanto, Peirce utiliza o termo ‘coletivo’ para descrever a classe dos signos que possuem objeto dinâmico de terceiridade, que é a categoria da generalidade. Entretanto, ele também emprega o termo “distributivo” para descrever a classe dos signos que possuem objeto imediato de terceiridade. Notamos, assim, que, ao propor suas dez tricotomias, Peirce emprega tanto o termo “coletivo” quanto o termo “distributivo” para descrever o modo de ser da terceiridade, ou seja, da generalidade. Logo, embora Peirce tenha negado que a generalidade tenha o caráter coletivo no caso dos quantificadores lógicos, ele considerou usar o termo “coletivo” vinculado à generalidade dos objetos dinâmicos. É necessário, portanto, discutir o sentido do termo “coletivo” aplicado à terceiridade na tricotomia do objeto dinâmico. Esse é justamente o objetivo deste artigo que começa apresentando o problema do uso dessa terminologia na semiótica e as noções de coletivo e distributivo na semântica e na filosofia. Em seguida, mostra como os termos aparecem nos textos em que Peirce concebe as dez tricotomias e foca no uso do termo “coletivo” a partir de duas cartas, uma para William James, de 1909, e outra para o lógico inglês P. E. B. Jourdain, de 1908. A partir delas, apresentamos a relação entre o termo “coletivo” e a noção de continuidade que culmina na distinção das coleções finitas e enumeráveis e coleções infinitas e inumeráveis, sugerindo que a noção de coletivo no objeto dinâmico tem o sentido de uma coleção infinita e inumerável, associando a noção de objeto dinâmico à noção de contínuo.Metrics
No metrics found.
Referências
BELLUCCI, Francesco. Peirce’s Speculative Grammar. Logic as Semiotics. New York, London: Routledge, 2018.
BELLUCCI, Francesco. Peirce on Symbols. AGPh, v. 103, n. 1, p.169–188, 2021. Available at: https://doi.org/10.1515/agph-2017-0087. Access in: fev. 2023.
BORGES, Priscila Monteiro; FRANCO, Juliana Rocha. Indeterminacy and final causation in the process of sign determination. Cognitio, v. 23, n. 1, p. 1-14, jan-dez, 2022. Available at: https://doi.org/10.23925/2316-5278.2022v23i1:e59925. Access in: fev. 2023.
FERRATER MORA, José. Dicionário de filosofia. São Paulo: Loyola, 2000.
JAPPY, Tony. Peirce’s Twenty-Eight Classes of Signs and the Philosophy of Representation. London, New York: Bloomsbury, 2017.
KERSTENS, Johan; RUYS, Eddy; ZWARTS, Joost. Lexicon of linguistics. Utrecht Institute of Linguistics OTS, 1996. Available at: http://www2.let.uu.nl/uil-ots/lexicon. Access in: fev. 2023.
KRIZ, Manuel. A Trivalent Logic for Plural Predication and Quantification. In: Quantifiers and Determiners Workshop, ESSLLI 2017, Toulouse, 2017. Available at: https://www.lirmm.fr/quad/papers/kriz.pdf. Access in: fev, 2023.
MARCILESE, Mercedes; DOS SANTOS RODRIGUES, Erica. Correferência anafórica e interpretação de quantificadores universais. Cadernos de Letras da UFF, v. 24, n. 49, 2014. https://doi.org/10.22409/cadletrasuff.2014n49a9.
PEIRCE, Charles Sanders. Collected Papers of Charles S. Peirce, vols. 1-6, HARTSHORNE, C; WEISS, P. (Eds.); vols. 7-8, BURKS, A.W. (Ed.), Cambridge, Mass.: Harvard Univ. Press, 1931-58. (Quoted as CP, followed by volume and page number).
PEIRCE, Charles Sanders. The New Elements of Mathematics, vols. 1-4, Eisele, C. (Ed.), La Haya: Mouton, 1976. (Quoted as NEM, followed by volume and page number).
PEIRCE, Charles Sanders. Semiotic and Significs. The Correspondence between Charles S. Peirce and Lady Victoria Welby. Edited by Charles S. Hardwick (ed.). Bloomington: Indiana University Press, 1977. (Quoted as SS, followed by page number).
PEIRCE, Charles Sanders. The Essential Peirce. Selected Philosophical Writings, vols. 1-2, Nathan Houser et al. (Eds.), Bloomington: Indiana University Press, 1992 e 1998. (Quoted as EP, folowed by volume and page number).
PEIRCE, Charles Sanders. Charles S. Peirce. Selected Writings on Semiotics, 1894–1912. Francesco Bellucci (Ed.). Berlin/Boston: De Gruyter Mouton, 2020. (Quoted as SWS, followed by volume and page number).
PEIRCE, Charles Sanders. Peirce Logic Notebook, Charles Sanders Peirce Papers MS Am 1632 (339). Houghton Library, Harvard University, Cambridge, Mass, 1865-1909. Available at: https://hollisarchives.lib.harvard.edu/repositories/24/archival_objects/1797018. Access in: fev. 2023. (Quoted as MS 339, followed by page number from Robin Catalog and by digital page number from Harvard archive).
RODRIGUES, Cassiano. The Vagueness of the Muse – The Logic of Peirce’s Humble Argument for the Reality of God. Sophia, v. 56, p. 163-182, 2017. Available at: https://doi.org/10.1007/s11841-017-0610-0. Access in: fev. 2023.
SAVAN, David. La séméiotique de Charles S. Peirce. Langages, 14ᵉ année, n. 58, 1980. pp. 9-
Available at: https://doi.org/10.3406/lgge. Access in: may 2023.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2025 http://creativecommons.org/licenses/by/4.0/

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.