O corpo como lugar da oração na liturgia do Vaticano II

Autores/as

DOI:

https://doi.org/10.23925/rct.i101.54528

Palabras clave:

Antropologia litúrgica, Corporeidade, Mediação simbólica, Ritualidade, Experiência sensível

Resumen

O presente artigo coloca em evidência a dimensão antropológica da liturgia. Tal dimensão, propiciada pelo Movimento Litúrgico e acatada pelo Concílio Vaticano II, possibilitou o nascimento da ciência litúrgica e o diálogo aberto com as outras ciências que investigam o rito como parte do fenômeno religioso. Valorizada nos primórdios do cristianismo, negada no medievo e reassumida pelas constituições conciliares Sacrosanctum Concilium e Gaudium et Spes, a corporeidade, como dado litúrgico e também pastoral, tem sido endossada pelo magistério do papa Francisco. Por meio da pesquisa exploratória, o texto a seguir busca compreender como o corpo foi assumido pelas tradições bíblica, cristã e litúrgica e quais implicações essas demonstram ter sobre a concepção atual de corporeidade. Em seguida, busca-se elucidar acerca de como a liturgia atua sobre o corpo e de como o corpo se manifesta na liturgia. O estudo conclui que a ênfase na mediação simbólica que tange os sentidos corpóreos possibilitou afirmar que a liturgia é o modo pelo qual o corpo ora.

Biografía del autor/a

Daniel Carvalho Silva, Pontifícia Universidade Católica de Goiás

Mestrando em Ciências da Religião (PUC Goiás / CAPES). Atualmente também realiza pós-graduação – em nível de especialização – em Liturgia Cristã (FAJE/Rede Celebra). Contato: dancarvalho90@gmail.com

José Reinaldo Felipe Martins Filho, Pontifícia Universidade Católica de Goiás

Doutor em Filosofia (UFG). Doutor em Ciências da Religião (PUC Goiás). Mestre em Filosofia e em Música (UFG). É professor efetivo do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Religião da Pontifícia Universidade Católica de Goiás, na Linha de Pesquisa Cultura e Sistemas Simbólicos. Contato: jreinaldomartins@gmail.com

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Publicado

2022-04-30

Número

Sección

Artigos