O sujeito colonizado no discurso colonialista de viajantes europeus

Autores

DOI:

https://doi.org/10.1590/1678-460X202339251759

Palavras-chave:

Discurso colonialista, Sujeito colonizado, Formação discursiva

Resumo

Na busca por compreender o(s) sentido(s) sobre o sujeito colonizado, analisamos, por meio do aparato teórico-metodológico de Pêcheux e Orlandi, o funcionamento do discurso do colonizador em um arquivo constituído por relatos, cartas, diários de viajantes e de missionários europeus, além de tratados de naturalistas do século XV ao XIX. Partindo da designação do sujeito colonizado pelo sujeito colonizador, identificamos, assim, quatro formações discursivas que chamamos de formação discursiva do outro como bárbaro, do outro como cordial, do outro como exótico e do outro como igual. Tais formações embora emerjam ancoradas em diferentes discursos como o do extermínio, o religioso, o científico e o jurídico, fazem parte de uma mesma formação ideológica, a colonialista. Essa formação é marcada pelo eurocentrismo e pelo efeito de superioridade do europeu sobre os demais e controla os sentidos desse sujeito não-europeu, não-branco e não-cristão até os dias de hoje, ainda que de forma diferente, dissimulando tais efeitos de sentido.

Biografia do Autor

Diego Barbosa da Silva, Arquivo Nacional

Bacharel e licenciado em Ciências Sociais, Especialização em Relações Internacionais Contemporâneas (PUC-Rio), Mestre em Letras/Linguistica (UERJ) e Doutor em Estudos de Linguagem (UFF).

Atuação: Política Linguística, Análise do Discurso e Terminologia. Lattes: http://lattes.cnpq.br/7085565007282564

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Publicado

2023-09-30

Como Citar

Barbosa da Silva, D. (2023). O sujeito colonizado no discurso colonialista de viajantes europeus. DELTA: Documentação E Estudos Em Linguística Teórica E Aplicada, 39(2). https://doi.org/10.1590/1678-460X202339251759

Edição

Seção

Artigos