A prosodização de palavras derivadas em português brasileiro:

Reunindo perspectivas

Autores

  • Luiz Carlos da Silva Schwindt UFRGS
  • Leda Bisol UFRGS

DOI:

https://doi.org/10.1590/1678-460x202258877

Palavras-chave:

prosodic word; morphological derivation; morphophonology.

Resumo

Neste artigo revisitamos e estendemos o debate sobre o estatuto prosódico de palavras derivadas por afixação em português brasileiro no escopo da Teoria da Otimidade, de modo especial nas propostas de Selkirk (1996) e Itô & Mester (2008), em que se assume que restrições universais violáveis dão conta do mapeamento entre estruturas prosódicas e gramaticais com o custo de eventual desobediência a certos princípios da hierarquia prosódica. Partindo da literatura sobre o tema, reunimos as ideias de nossas análises anteriores (Bisol, 2000, 2004, 2007; Schwindt, 2001, 2008, 2013) para sustentar que vocábulos afixados da língua estão submetidos a três tipos de prosodização — composição, adjunção e incorporação — estando prefixos sujeitos aos três, enquanto sufixos somente à incorporação e composição, não à adjunção. Em contraste, clíticos se caracterizam como estruturas a que rotulamos como anexadas. As evidências provêm, sobretudo, do diagnóstico de atribuição do acento, mas também de outros processos do domínio da palavra.  Baseados nessa descrição, problematizamos algumas consequências dessa tipologia para a organização da hierarquia prosódica e seus efeitos sobre a transparência morfológica, defendendo um contínuo que vai de estruturas compostas até incorporadas.

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Publicado

2023-09-09

Como Citar

Schwindt, L. C. da S., & Bisol, L. (2023). A prosodização de palavras derivadas em português brasileiro: : Reunindo perspectivas. DELTA: Documentação E Estudos Em Linguística Teórica E Aplicada, 38(3). https://doi.org/10.1590/1678-460x202258877