O (in)esperado na descrição e compreensão da complexidade sociolinguística de práticas translíngues de alunos surdos

Autores

  • Aryane S. Nogueira Unicamp

DOI:

https://doi.org/10.1590/1678-460x202259471

Palavras-chave:

translinguagem; multimodalidade; complexidade so- ciolinguística; ideologias linguísticas; surdez.

Resumo

Este artigo apresenta uma análise translíngue e multimodal de uma interação entre alunas surdas participantes de um curso de português para refletir sobre o uso não esperado de recursos no evento em questão. Para isso, recorreu-se a um conjunto de registros etnográficos para descrever e analisar a interação em função dos diferentes materiais contextuais e centros de normatividade orientando as ações dos envolvidos. O evento analisado revelou um conflito de escalas em que a complexidade e a imprevisibilidade do funcionamento linguístico relacionaram-se ao aspecto diverso da língua(gem) que é mobilizada e, ao mesmo tempo, ao campo das ideologias de linguagem. Desse modo, o (in)esperado, ao ser explicado, evidenciou-se como uma importante peça a compor a descrição e construção de entendimentos mais abrangentes sobre as formas reais de funcionamento da língua(gem) em sala de aula com surdos, com implicações para a pesquisa da surdez afiliada ao campo aplicado de estudos da linguagem e para a formação de professores.

Referências

Baldry, A., & Thibault, P. J. (2006). Multimodal transcription and text analysis. Equinox Publishing.

Blackledge, A., & Creese, A. (2017). Translanguaging and the body. International Journal of multilingualism, 14(3), 250–268. https:// doi.org/10.1080/14790718.2017.1315809.

Blommaert, J. (2016). From mobility to complexity in sociolinguistic theory and method. In N. Coupland (Ed.), Sociolinguistics: theoretical debates (pp. 242–259). Cambridge University Press.

Blommaert, J. (2010). The Sociolinguistics of Globalization. Cambridge University Press.

Blommaert, J., & Ramptom, B. (2011). Language and superdiversity. Diversities, 13(2), 1–21. https://newdiversities.mmg.mpg.de/?page_ id=2056.

Blommaert, J. (2020a, June 16). Jan Blommaert on interaction: meaning making is interaction, argues Blommaert in this very short clip [Video]. YouTube.

https://www.youtube.com/watch?v=qzujKs_hXUI.

Blommaert, J. (2020b, November 10). Jan Blommaert on repertoire: A brief explanation of the sociolinguistic notion of repertoire, and of how we can make it more precise and useful in analysis [Video]. https://www.youtube.com/watch?v=IGtmyEu5YO0.

Bonnin, J.E., & Unamuno, V. (2021). Debating translanguaging. A contribution from the perspective of minority language speakers. Language, Culture and Society, 3(2), 231–254. https://doi. org/10.1075/lcs.20016.bon.

Bucholtz, M., & Hall, K. (2016). Embodied sociolinguistics. In N. Coupland (Ed.), Sociolinguistics: theoretical debates (pp. 173–198). Cambridge University Press.

Canagarajah, S. (2018). Translingual practice as spatial repertoires: expanding the paradigm beyond structuralist orientations. Applied Linguistics, 39(1), 31–54. https://doi.org/10.1093/applin/amx041.

Canagarajah, S. (2012). Translingual practice: Global Englishes and cosmopolitan relations. Routledge.

Cavalcanti, M.C. (2004). Applied Linguistics: Brazilian perspectives. AILA Review, 17(1), 23–30. https://doi.org/10.1075/aila.17.05cav.

Cavalcanti, M.C. (2013). Educação linguística na formação de professores de línguas: intercompreensão e práticas translíngues. In L.P. Moita Lopes (Ed.), Linguística Aplicada na Modernidade Recente: Festschrift para Antonieta Celani (pp. 211– 226). Parábola.

Cavalcanti, M.C. (1999). Estudos sobre educação bilíngue e escolarização em contextos de minorias linguísticas no Brasil. DELTA, 15(spe), 385–417.

https://doi.org/10.1590/S0102-44501999000300015.

Cavalcanti, M.C. (2011). Multilinguismo, transculturalismo e o (re) conhecimento de contextos minoritários, minoritarizados e invisibilizados. In M.C. Magalhães, & S.S. Fidalgo (Eds.), Questões de método e de linguagem na formação docente (pp. 171–185). Mercado de Letras.

Cavalcanti, M.C., & Silva, I. R. (2016). Transidiomatic practices in a deaf-hearing scenario and language ideologies. Revista da Anpoll, 1(40), 33–45. https://doi.org/10.18309/anp.v1i40.1013.

Charalambous, C., Charalambous, P., Zembylas, M., & Theodorou, E. (2020). Translanguaging, (In)Security and Social Justice Education. In J. Panagiotopoulou, L. Rosen, & J. Strzykala (Eds.), Inclusion, Education and Translanguaging (pp. 105-126). Springer.

https://doi. org/10.1007/978-3-658-28128-1_7.

Creese, A., & Blackledge, A. (2010). Translanguaging in the bilingual classroom: a pedagogy for learning and teaching? The Modern Language Journal, 94(1), 103–115. https://doi.org/10.1111/j.1540- 4781.2009.00986.x.

De Meulder, M., Kusters, A., Moriarty, E., & Murray, J. J. (2019). Describe, don’t prescribe. The practice and politics of translanguaging in the context of deaf signers. Journal of Multilingual and Multicultural Development, 40(10), 892–906.

https://doi.org/10.1080/01434632.2019.1592181.

Favorito, W. (2006). O difícil são as palavras: representações de/sobre

estabelecidos e outsiders na escolarização de jovens e adultos surdos. [Tese de Doutorado]. Universidade Estadual de Campinas. Repositório Institucional da Unicamp. https://doi.org/10.47749/T/ UNICAMP.2006.366501.

Félix, A. (2008). Surdos e ouvintes em uma sala de aula inclusiva: interações sociais, representações e construções de identidades. 2008 [Tese de Doutorado]. Universidade Estadual de Campinas. Repositório Institucional da Unicamp.

https://doi.org/10.47749/T/ UNICAMP.2008.421868.

García, O., & Lin, A.M.Y. (2017) Translanguaging in bilingual education. In O. García, A.M.Y. Lin, & S. May (Eds.), Bilingual and Multilingual Education (pp. 1–20). Springer.

Hawkins, M.R., & Mori, J. (2018). Considering ‘trans-’ perspectives in language theories and practices. Applied Linguistics, 39(1), 1–8. https://doi.org/10.1093/applin/amx056.

Holmström, I., & Schönström, K. (2018). Deaf lectures’ translanguaging in a higher education setting. A multimodal multilingual perspective. Applied Linguistics Review, 9(1), 89–11. https://doi.org/10.1515/ applirev-2017-0078.

Keating, E. (2005). Homo prostheticus: problematizing the notions of activity and computer-mediated interaction. Discourse Studies, 7(4-5), 527–545. https://doi.org/10.1177%2F1461445605054405.

Kroskrity, P.V. (2000). Language ideologies in the expression and representation of Arizona Tewa identity. In P. V. Kroskrity (Ed.), Regimes of language: ideologies, polities, and identities (pp. 329– 359). SAR Press. https://sarweb.org/wp-content/uploads/2017/07/ sar_press_regimes_language_chapter9.pdf.

Kusters, A., Spotti, M., Swanwick, R., & Tapio, E. (2017). Beyond languages, beyond modalities: transforming the study of semiotic repertoires. International Journal of Multilingualism, 14(3), p.219– 232. https://doi.org/10.1080/14790718.2017.1321651.

Nogueira, A.S. (2018). Interface do português com a língua de sinais em publicações de um professor surdo em rede social. Linguagem em (Dis)curso, 18(3), 673–694. https://doi.org/10.1590/1982-4017- 180301-DO0118.

Nogueira, A.S. (2015). “O surdo não ouve, mas tem olho vivo.” – A leitura de imagens por alunos surdos em tempos de práticas multimodais. [Tese de Doutorado]. Universidade Estadual de Campinas. https:// doi.org/10.47749/T/UNICAMP.2015.957926.

Nogueira, A.S. (2020). Práticas translíngues na educação linguística de surdos mediada por tecnologias digitais. Diacrítica, 34(1), 291–310. https://doi.org/10.21814/diacritica.337.

Nogueira, A.S. (2010). Representações acerca do trabalho da leitura e da escrita em grupo de apoio a crianças surdas. [Dissertação de Mestrado]. Universidade Estadual de Campinas]. https://doi. org/10.47749/T/UNICAMP.2010.769911.

Perniss, P. (2018). Why we should study multimodal language. Frontiers in Psychology, 9(1109), 1–5. https://doi.org/10.3389/fpsyg.2018.01109. Safar, J. (2019). Translanguaging in Yucatec Maya signing communities. Applied Linguistics Review, 10(1), 31–53.

https://doi.org/10.1515/applirev-2017-0082.

Silva, I. R. (2005). As representações do surdo na escola e na

família: entre a (in)visibilização da diferença e da “deficiência”.

[Tese de Doutorado]. Universidade Estadual de Campinas].

http://10.0.186.133/T/UNICAMP.2005.341270.

Silverstein, M. (1979). Language structure and linguistic ideology. In P.R. Clyne, W.F. Hanks, & C.L. Hofbauer (Eds.), The elements: a parasession on linguistic units and levels (pp. 193–247). Chicago Linguistic Society.

Publicado

2023-09-09

Como Citar

Nogueira, A. S. (2023). O (in)esperado na descrição e compreensão da complexidade sociolinguística de práticas translíngues de alunos surdos. DELTA: Documentação E Estudos Em Linguística Teórica E Aplicada, 38(4). https://doi.org/10.1590/1678-460x202259471