Traços da história do gênero discursivo infográfico no jornalismo impresso do Sul e Sudeste brasileiro: entre conservação e evolução
DOI:
https://doi.org/10.1590/1678-460X202339456633Palabras clave:
Tradições Discursivas, Gêneros do Discurso, Infográfico, Jornalismo ImpressoResumen
O infográfico é um gênero do discurso que, gradualmente, ganha espaço e capilaridade no jornalismo impresso brasileiro, embora a sua história seja pouco explorada. Em razão disso, o objetivo deste artigo é analisar os traços de permanência e mudança na história do infográfico em jornais diários das regiões Sul e Sudeste do país a partir de um corpus de 30 textos divididos igualmente entre os períodos de 1990-1995 e 2015-2020. Trata-se de um estudo diacrônico e de uma pesquisa de natureza qualitativa, que emprega métodos quantitativos para fins específicos. Ancoramo-nos, teoricamente, na perspectiva de Tradições Discursivas (TD), mobilizando também a teoria de gênero do discurso. Como resultados, concluímos que, a título de conservação, as TD de conteúdo jornalístico, linguagem objetiva, título, corpo do infográfico, elementos de detalhamento, fonte, autoria e fotomontagem permaneceram sem expressivas alterações entre os períodos, enquanto as TD de valoração proeminente, lead, acabamento complementar e independente, ainda que mantidas, sofreram bastante alterações entre os recortes temporais. Em caráter de evolução, apareceram as TD de desenho digital, conteúdo complementar e linguagem informal. Por fim, as TD de desenho à mão e protoinfográfico desaparecem do recorte sócio-histórico analisado.
Citas
Alves, R. V. (2019). O gênero discursivo infográfico hipermidiático na condição de material didático: proposta de intervenção direcionada a um curso de Letras EaD [Dissertação de mestrado]. Universidade Estadual de Maringá.
Alves, R. V., & Franco, N. (2017). O infográfico é (ou não) um gênero? In 5º Congresso Nacional de Linguagens e Interação (pp. 630-644). https://bit.ly/3AkAiia (acessado em 15 ago. 2022).
Alves Filho, F., & Santos, E. P dos. (2013). O tema da enunciação e o tema do gênero no comentário online. Fórum Linguístico, 10(2), 78-90. https://doi.org/10.5007/1984-8412.2013v10n2p78
Andrade, M. L. C. V. O., & Gomes, V. S. (2018). Tradições discursivas: Reflexões conceituais. In M. L. C. V. O. Andrade & V. S. Gomes (Eds.), Tradições discursivas do Português Brasileiro: constituição e mudança dos gêneros discursivos (pp. 23-43). Contexto.
Baeza, P. (2007). Por una función crítica de la fotografía de prensa. Editorial Gustavo Gili.
Bakhtin, M. M. (2011). Estética da Criação Verbal. WMF Martins Fontes.
Braith, B. (2005). Estilo. In Braith, B. (Eds.), Bakhtin: conceitos-chave (pp. 79-102). Contexto.
Carvalho, A. M. de. (2013). Jornalismo em forma de desenho: recursos sociais e inserção dos chargistas no espaço do jornalismo impresso em Sergipe [Dissertação de mestrado]. Universidade Federal de Sergipe.
Carvalho, J. L., & Zavam, A. (2018). Tradições Discursivas: conceitos e métodos para a análise diacrônica de gêneros. LaborHistórico, 4(1), 41-54. https://doi.org/10.24206/lh.v4i1.17489
Coseriu, E. (1978). Sincronía, Diacronía e Historia: El problema del cambio linguístico. Editorial Gredos.
Coseriu, E. (1980). Lições de Linguística Geral. (Tradução Evanildo Bechara). Ao Livro Técnico.
Faraco, C. A. (2003). Linguagem & diálogo: as ideias do Círculo de Bakhtin. Criar Edições.
Fogolari, L. A. (2009). O gênero infográfico: uma análise sociorretórica [Dissertação de mestrado]. Universidade do Sul de Santa Catarina.
Galvão, T. (2020). Não abaixe a cabeça para o celular. Infográfico. Metro Jornal (pp. 4). https://bit.ly/3NK51Ju (acessado em 15 ago. 2022).
Kabatek, J. (2006). Tradições discursivas e mudança linguística. In T. Lobo et al (Eds.), Para a História do Português Brasileiro, Vol. VI: Novos dados, novas análises, Tomo II (pp. 505-527). EDUFBA.
Knoll, G. F. (2017). Princípios do design instrucional no ensino superior: o infográfico como recurso didático multimodal [Trabalho de Conclusão de Curso]. Universidade Federal de Santa Maria.
Koch, P. (2021). Tradições discursivas: de seu status linguístico-teórico e sua dinâmica. (Tradução Alessandra Castilho da Costa). Pandaemonium, 24(42), 360-401. https://doi.org/10.11606/1982-88372442360
Lucas, R. J. L. (2011). “Show, don’t tell” - A infografia como forma gráfico-visual específica: da produção do conceito à produção de sentido [Tese de doutorado]. Universidade Federal de Pernambuco.
Mandaji, C. F. S., & Soranzo, F. (2016). Letramento multissemiótico: uma abordagem dos regimes de interação em infográfico. Papéis, 20(39), 78-105.
Margolin, V. (1994). A idade da comunicação: um desafio para os designers. Estudos em Design, 2(1), 9-14.
Moraes, A. (2013). Infografia: história e projeto. Editora Blucher.
Oesterreicher, W. (2002). Autonomización del texto y recontextualización: Dos problemas fundamentales en las ciencias del texto. In E. H. Rodríguez (Eds.), Homenaje Luis Jaime Cisneros (pp. 343-387). Pontifícia Universidad Católica del Perú.
Rodrigues, K. de C., & Biernath, C. A G (2015). História da infografia: da mera ilustração à valorização narrativa. In 10º Encontro Nacional de História da Mídia (s.p.). https://bit.ly/3dqb8FH (acessado em 15 ago. 2022).
Rojo, R. H. R. (2005). Gêneros discursivos e textuais: questões teóricas e aplicadas. In J. L. Meurer et al. (Eds.), Gêneros: teorias, métodos e debates (pp. 184-207). Parábola.
Rúbio, F. J. L. M. (2008). Design digital: uma gráfica intangível. Estudio, 1(1), 45-52.
Sancho, J. L. V. (2008). La infografía digital en el ciberperiodismo. Revista Latina de Comunicación Social, 63, 492-504.
Sobral, A., & Giacomelli, K (2016). Observações didáticas sobre a análise dialógica do discurso - ADD. Domínios de Lingu@gem, 10(3), 1076-1094.
Stürmer, H. et al. (2012). A história da infografia jornalística no Brasil - análise de edições da Folha de S. Paulo publicadas em 1983 e 1993. In 8º Congresso de Ciências da Comunicação na Região Sul (pp. 1-14). http://www.intercom.org.br/papers/regionais/sul2012/resumos/R30-0853-1.pdf (acessado em 15 ago. 2022).
Teixeira, T. (2010). Infografia e Jornalismo: conceito, análises e perspectivas. EDUFBA.
Villanova, G. (1990). Brinquedo ajuda Nasa a consertar o Hubble. Infográfico. Jornal do Brasil (pp. 7). https://bit.ly/34cNVPr (acessado em 15 ago. 2022).
Volochínov, V. N. (2006). Marxismo e Filosofia da Linguagem. Hucitec.
Zavam, A. (2009). Por uma abordagem diacrônica dos gêneros do discurso à luz da concepção de tradição discursiva: um estudo com editoriais de jornal [Tese de doutorado]. Universidade Federal do Ceará.