A entoação do português falado em Maputo, Moçambique:

Um estudo de caso

Autores

  • Carolina Ribeiro Serra UFRJ
  • Ingrid da Costa Oliveira UFRJ e Rede Pública de Ensino do Município de Maricá, Rio de Janeiro

DOI:

https://doi.org/10.1590/1678-460x202258880

Palavras-chave:

intonation; prosodic phrasing; neutral declaratives and yes- no questions; Portuguese spoken in Maputo.

Resumo

Neste estudo de caso sobre o português de Maputo (capital de Moçambique), descrevemos a entoação de sentenças SVO declarativas neutras e de interrogativas totais neutras, utilizando o aporte teórico-metodológico da Fonologia Entoacional Autossegmental e Métrica e da Fonologia Prosódica. Os resultados para as declarativas revelam que 1) o fraseamento prosódico do Sujeito e do Predicado em sintagmas entoacionais (IPs) independentes (S)(VO) predomina; 2) os contornos nucleares LH+L* L% e H+L* L% são prevalentes em IP final, e contornos com fronteira H% são os mais frequentes em IP medial; 3) há uma presença significativa de acentos frasais localizados entre S e V, e entre V e O e ainda dentro do S, separando o núcleo de seus complementos; e 4) há a possibilidade de um tom adicional associado a sílabas pretônicas de palavras prosódicas longas (5 sílabas), majoritariamente em início de IP. Nas interrogativas, o movimento ascendente-descendente associado à porção nuclear é o mais frequente: L+(<¡)H*L%. Em termos de densidade tonal, a acentuação das PWs foi categórica tanto nas declarativas quanto nas interrogativas totais.

Referências

Avanzi, M., Christodoulides, G., & Delais-Roussarie, E. (2014). Prosodic phrasing of SVO sentences in French. In N. Campbell, D. Gibbon, & D. Hirst (Eds.), Proceedings of the 7th International Conference on Speech Prosody (pp. 703-707). https://www.isca-speech.org/ archive_v0/SpeechProsody_2014/pdfs/133.pdf.

Beckman, M., & Pierrehumbert, J. (1986). Intonational structure in Japanese and English. Phonology Yearbook, 3, 255-309. https://doi. org/10.1017/S095267570000066X.

Boersma, P., & Weenink D. (2017). Praat: Doing phonetics by computer [Computer software]. http://www.praat.org.

Braga, G. (2018). Prosódia do português de São Tomé: O contorno entoacional das sentenças declarativas neutras [Unpublished master thesis]. University of São Paulo. https://doi.org/10.11606/D.8.2018. tde-13082018-154538.

Braga, G. (2019). Aspectos prosódicos das sentenças interrogativas globais do português de São Tomé: Uma análise inicial. Estudos Linguísticos (São Paulo. 1978), 48(2), 688-708. https://doi.org/10.21165/ el.v48i2.2323.

Braga, G., Frota, S., & Fernandes-Svartman, F. (2022). Guinea-Bissau Portuguese: What the intonation of yes-no question shows about this variety. Special issue Prosody and interfaces (Ed. by C. Serra, F. Fernandes-Svartman, and M. Cruz). DELTA, 38(3), Article 202258942, 1-27. https://dx.doi.org/10.1590/1678-460X202258942.

Brandão, S. F., & De Paula, A. (2018). Róticos nas variedades santomense e moçambicana do português. In S. F. Brandão (Org.), Duas variedades africanas do português: Variáveis fonético- fonológicas e morfossintáticas (pp. 93-118). Blucher. https://doi. org/10.5151/9788580393248-04.

Chimbutane, F. (2018). Portuguese and African languages in Mozambique: A sociolinguistic approach. In L. Álvarez-López, J. O. Avelar, & P. Gonçalves (Eds.), The Portuguese language continuum in Africa and Brazil (pp. 89-110). John Benjamins. https://doi.org/10.1075/ ihll.20.05chi.

Cruz, M. (2013). Prosodic variation in European Portuguese: Phrasing, intonation and rhythm in central-southern varieties [Unpublished doctoral dissertation]. University of Lisbon. http://hdl.handle. net/10451/9893.

Cruz, M., & Frota, S. (2011). Prosódia dos tipos frásicos em variedades do português europeu: Produção e percepção. In A. Costa, I. Falé. & P. Barbosa (Orgs.), XXVI Encontro Nacional da Associação Portuguesa de Linguística - Textos seleccionados 2010 (pp. 208-225). Colibri. http://hdl.handle.net/10451/26463,

Cruz, M., & Frota, S. (2013). On the relation between intonational phrasing and pitch accent distribution: evidence from European Portuguese varieties. In F. Bimbot, C. Cerisara, C. Fougeron, G. Gravier, L. Lamel, F. Pellegrino, & P. Perrier (Eds.), Proceedings of the 14th Annual Conference of the International Speech Communication Association - Interspeech 2013 (pp. 300-304). https://www.isca- speech.org/archive_v0/archive_papers/interspeech_2013/i13_0300. pdf.

D’Imperio, M., Elordieta, G., Frota, S., Prieto, P., & Vigário, M. (2005). Intonational phrasing in Romance: The role of syntactic and prosodic structure. In S. Frota, M. Vigário, & M. J. Freitas (Eds), Prosodies: With special reference to Iberian languages (pp. 59-98). De Gruyter Mouton. https://doi.org/10.1515/9783110197587.1.59.

Elordieta, G., Frota, S., Prieto, P., & Vigário, M. (2003). Effects of constituent length and syntactic branching on intonational phrasing in Ibero-Romance. In: D. Recasens, M. J. Solé, & J. Romero (Eds.), Proceedings of the 15th International Congress of Phonetic Sciences (pp. 487-490). https://www.internationalphoneticassociation.org/ icphs-proceedings/ICPhS2003/papers/p15_0487.pdf.

Elordieta, G., Frota, S., & Vigário, M. (2005). Subjects, objects and intonational phrasing in Spanish and Portuguese. Studia Linguistica, 59(2-3), 110-143. https://doi.org/10.1111/j.1467-9582.2005.00123.x.

Feldhausen, I. (2014). Intonation and preverbal subjects in Italian. In S. Fuchs, M. Grice, A. Hermes, L. Lancia, & D. Mücke (Eds.), Proceedings of the 10th International Seminar on Speech Production (ISSP) (pp. 118-121). http://www.issp2014.uni-koeln.de/wp-content/ uploads/2014/Proceedings_ISSP_revised.pdf.

Feldhausen, I., Gabriel, C., & Pešková, A. (2010). Prosodic phrasing in Argentinean Spanish: Buenos Aires and Neuquén. In M. Hasegawa- Johnson, et al. (Eds.), Proceedings of Speech Prosody 2010. Paper number 111. https://www.isca-speech.org/archive_v0/sp2010/papers/ sp10_111.pdf.

Fernandes-Svartman, F., Santos, V., & Braga, G. (2018). Fraseamento prosódico em português: Semelhanças e diferenças entre variedades africanas e brasileiras. Filologia e Linguística Portuguesa, 20(spe), 119-138. https://doi.org/10.11606/issn.2176-9419. v20iEspecialp119-138.

Fernandes-Svartman, F., Barros, N., Santos, V., & Castelo, J. (2022). Intonational phrasing and nuclear configurations of SVO sentences across varieties of Portuguese. In M. Cruz, & S. Frota (Eds.), Prosodic variation (with)in languages: Intonation, phrasing and segments (pp. 182-218). Equinox Publishing. https://www.equinoxpub.com/home/ view-chapter/?id=30070.

Firmino, G. (2008). Aspectos da nacionalização do português em Moçambique. Veredas: Revista da Associação Internacional de Lusitanistas, 9, 115-134. https://revistaveredas.org/index.php/ver/ article/view/18.

Frota, S. (2000). Prosody and focus in European Portuguese. Phonological phrasing and intonation. Garland Publishing.

Frota, S. (2002). Nuclear falls and rises in European Portuguese: A phonological analysis of declarative and question intonation. Probus, 14(1), 113-146. http://doi.org/10.1515/prbs.2002.001.

Frota, S. (2003). The phonological status of initial peaks in European Portuguese. Catalan Journal of Linguistics, 2, 133-152. https://doi. org/10.5565/rev/catjl.47.

Frota, S., coord. (2012-2015). InAPoP — Interactive Atlas of the Prosody of Portuguese Project (PTDC/CLE-LIN/119787/2010), funded by FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologia.

Frota, S. (2014). The intonational phonology of European Portuguese. In S.A. Jun (Ed.), Prosodic typology II (pp. 6-42). Oxford University Press. https://doi.org/10.1093/acprof:oso/9780199567300.003.0002.

Frota, S., D’Imperio, M., Elordieta, G., Prieto, P., & Vigário, M. (2007). The phonetics and phonology of intonational phrasing in Romance. In P. Prieto, J. Mascaró, & M. J. Solé (Eds.), Segmental and prosodic issues in Romance phonology (131-153). John Benjamins. https://doi. org/10.1075/cilt.282.10fro.

Frota, S., Cruz, M., Svartman, F., Collischonn, G., Fonseca, A., Serra, C., Oliveira, P., & Vigário, M. (2015). Intonational variation in Portuguese:

European and Brazilian varieties. In S. Frota, & P. Prieto (Eds.), Intonation in Romance (pp. 235-283). Oxford University Press. 235- 283. https://doi.org/10.1093/acprof:oso/9780199685332.003.0007.

Frota, S., & Vigário, M. (2000). Aspectos de prosódia comparada: Ritmo e entoação no PE e no PB. In R. V. Castro, & P. Barbosa (Eds.), Actas do XV Encontro Nacional da Associação Portuguesa de Lingüística (pp. 533-555). Associação Portuguesa de Linguística (APL). https:// apl.pt/wp-content/uploads/2017/12/1999-35.pdf.

Frota, S., & Vigário, M. (2007). Intonational phrasing in two varieties of European Portuguese. In T. Riad, & C. Gussenhoven (Eds.), Tones and tunes. Typological studies in word and sentence prosody (pp. 263-290). Mouton de Gruyter. https://doi.org/10.1515/9783110207569.263.

Gomes, D. K. (2019). The deletion of postonic medial vowel in two african varieties of Portuguese: A preliminary study. In M. S. M Vieira, & M. L. Wiedemer (Org.), Dimensões e experiências em sociolinguística (pp. 207-209). Blucher. https://doi.org/10.5151/9788521218746-10.

Gonçalves, P. (2010). A génese do português de Moçambique. Imprensa Nacional/Casa da Moeda.

Gonçalves, P. (2015). Aspetos morfossintáticos da gramática do português de Moçambique: A concordância nominal e verbal. Cuadernos de la ALFAL, 7, 9-16. http://www.mundoalfal.org/sites/default/files/ revista/07_cuaderno_002.pdf.

Gonçalves, P. (2018). Lusofonia ou luso-afonias em Moçambique. In Cátedra Eugénio Tavares de Língua Portuguesa (Orgs.), Atas – Jornadas de Língua Portuguesa – Investigação e Ensino (pp. 22-35). Universidade de Cabo Verde.

Gonçalves, P., & Chimbutane, F. (2004). O papel das línguas bantu na génese do português de Moçambique: O comportamento sintáctico de constituintes locativos direccionais. Papia, 14, 7-30.

Gonçalves, P., & Siopa, C. (2005). Português na universidade: Da análise linguística às estratégias de ensino-aprendizagem. Idiomático, 5, 3-19. http://cvc.instituto-camoes.pt/idiomatico/05/index.html.

Grice, M., Ladd, D., & Arvaniti, A. (2000). On the place of phrase accents in intonational phonology. Phonology, 17(2), 143-185. https://doi. org/10.1017/S0952675700003924.

Grice, M., Savino, M., Caffo’, A., & Roettger, T. (2015). The tune drives the text – schwa in consonant-final loan words in Italian. In The Scottish Consortium for ICPhS (Ed.), Proceedings of the 18th International Congress of Phonetic Sciences. Paper number 381. https://www.in ternationalphoneticassociation.org/icphs-proceedings/ICPhS2015/ Papers/ICPHS0381.pdf.

INE. (2019). IV Recenseamento geral da população e habitação 2017 - Resultados definitivos Moçambique [IV General census of population and housing 2017 - Definitive results Mozambique]. Maputo, Mozambique: INE, National Institute of Statistics. www.ine.gov.mz.

Ladd, D. R. (1996). Intonational phonology. Cambridge University Press. Ladd, D. R. (2008). Intonational phonology (2nd ed.). Cambridge University Press. https://doi.org/10.1017/CBO9780511808814. Macaringue, I. E. A. (2021). Politicas linguísticas de Moçambique:

controvérsias e perspectivas. Revista Internacional de Língua Portuguesa, 31, 47-69. https://doi.org/10.31492/2184-2043. RILP2017.31/pp.47-69.

Nespor, M., & Vogel, I. (1986). Prosodic phonology. Foris Publications. Nespor, M., & Vogel, I. (2007). Prosodic phonology: With a new foreword.

Walter de Gruyter. https://doi.org/10.1515/9783110977790. Ngunga, A., & Simbine. M. C. (2012). Gramática descritiva da língua

changana. Centro de Estudos Afriacanos (CEA) – UEM.

Prieto, P. (2005). Syntactic and eurhythmic constraints on phrasing decisions in Catalan. Studia Linguistica, 59(2-3), 194-222. https://

doi.org/10.1111/j.1467-9582.2005.00126.x.

Pierrehumbert, J. (1980). The phonology and phonetics of English intonation.

The MIT Press. https://dspace.mit.edu/handle/1721.1/16065. Pissurno, K. (2018). O perfil multilíngue de Moçambique. In S. F. Brandão (Org.), Duas variedades africanas do português: Variáveis fonético-fonológicas e morfossintáticas (pp. 75-92). https://doi.

org/10.5151/9788580393248-03.

Rao, R. (2007). On the phonological phrasing in the Spanish of Lima,

Perú. Southwest Journal of Linguistics, 26(1), 81–111.

Rao, R. (2008). Observations on the roles of prosody and syntax in the phonological phrasing of Barcelona Spanish. The Linguistics Journal,

(3), 85-131.

Santos, V. G. (2015). Aspectos prosódicos do português de Guiné-Bissau: A

entoação do contorno neutro [Unpublished master thesis]. University of São Paulo. https://doi.org/10.11606/D.8.2015.tde-29062015- 153129.

Santos, V. G. (2020). Aspectos prosódicos do português angolano do Libolo: Entoação e fraseamento [Unpublished doctoral dissertation]. University of São Paulo. https://doi.org/10.11606/T.8.2020.tde- 03032020-174301.

Selkirk, E. O. (1984). Phonology and syntax: The relation between sound and structure. The MIT Press. https://mitpress.mit.edu/books/ phonology-and-syntax.

Selkirk, E. O. (1986). On derived domains in sentence phonology. Phonology, 3, 371-405. https://doi.org/10.1017/S0952675700000695. Serra, C. R. (2009). Realização e percepção de fronteiras prosódicas no português do Brasil: Fala espontânea e leitura [Unpublished doctoral

dissertation]. Federal University of Rio de Janeiro.

Serra, C. R. (2016). A interface prosódia-sintaxe e o fraseamento prosódico no português do Brasil. Journal of Speech Science, 5(2), 47-86. https://

doi.org/10.20396/joss.v5i2.15064.

Serra, C. R., & Oliveira, I. C. (2018). Observações sobre fraseamento

prosódico e densidade tonal no português de Moçambique. Filologia e Linguística Portuguesa, 20(spe), 95-118. https://doi.org/10.11606/ issn.2176-9419.v20iEspecialp95-118.

Sitoe, B. (1997). Processos de importação de neologismos de origem bantu no português de Moçambique [Unpublished bachelor’s monograph]. Eduardo Mondlane University. http://monografias.uem. mz/handle/123456789/1385.

Sitoe, B., & Ngunga, A. (2000). Relatório do II Seminário de Padronização da Ortografia de Línguas Moçambicanas. NELIMO. Faculdade de Letras, UEM.

Tenani, L. E. (2002). Domínios prosódicos do português do Brasil: Implicações para a prosódia e para a aplicação de processos fonológicos [Unpublished doctoral dissertation]. State University of Campinas. https://doi.org/10.47749/T/UNICAMP.2002.253138.

Timbane, A. A. (2013). A variação e a mudança lexical da língua portuguesa em Moçambique [Unpublished doctoral dissertation]. State University of São Paulo. http://hdl.handle.net/11449/103535.

Timbane, A. A., & Berlinck, R. A. (2019). A influência da língua portuguesa nas línguas bantu faladas em Moçambique: o caso da língua xichangana. InterDISCIPLINARY Journal of Portuguese Diaspora Studies, 8, 105-125.

United Nations, Department of Economic and Social Affairs, Population Division. (2017). World population prospects: The 2017 revision, key findings and advance tables. Working Paper No. ESA/P/ WP/248. https://population.un.org/wpp/publications/files/wpp2017_ keyfindings.pdf.

Vicente, F. (2010). Consciência fonológica no ensino básico em Moçambique. In M. J. Freitas, A. Gonvalves, & I. Duarte (Coords.), Avaliação da consciência linguística: Aspectos fonológicos e sintácticos do português (pp. 69-93). Edições Colibri.

Viana, M. C. (1987). Para a síntese da entoação do português [Dissertação para acesso à categoria de Investigador Auxiliar]. Center for Linguistics at University of Lisbon.

Vieira, S., & Vieira, M. F. (2018). Ordem dos clíticos pronominais no português de São Tomé e no português de Moçambique. In S. F. Brandão (Org.), Duas variedades africanas do português: Variáveis fonético-fonológicas e morfossintáticas (pp. 277-320). Blucher. https://doi.org/10.5151/9788580393248-10.

Vigário, M. (2003). The prosodic word in European Portuguese. De Gruyter. http://hdl.handle.net/10451/27154.

Vigário, M. (2007). O lugar do grupo clítico e da palavra prosódica composta na hierarquia prosódica: Uma nova proposta. In M. Lobo, & M. A. Coutinho (Orgs.), Actas do XXII Encontro da Associação Portuguesa de Lingüística – Textos seleccionados (pp. 673-688). Associação Portuguesa de Linguística. https://apl.pt/wp-content/ uploads/2018/01/marina_vigario_2006.pdf.

Vigário, M., & Frota. S. (2003). The intonation of Standard and Northern European Portuguese: A comparative intonational phonology approach. Journal of Portuguese Linguistics, 2(2), 115-137. https:// doi.org/10.5334/jpl.31.

Publicado

2023-09-09

Como Citar

Serra, C. R., & Oliveira, I. da C. (2023). A entoação do português falado em Maputo, Moçambique:: Um estudo de caso. DELTA: Documentação E Estudos Em Linguística Teórica E Aplicada, 38(3). https://doi.org/10.1590/1678-460x202258880