Glauber e o cinema escrito de Eduardo Coutinho

Autores

Palavras-chave:

teoria do cinema, cinema documentário, mise-en-scène, Eduardo Coutinho, Glauber Rocha.

Resumo

O que a sensibilidade, meio brincalhona, meio algoz - o olho ciclope do Glauber-profeta - traz para o filme Câncer (1968) quando nos apresenta o personagem-personalidade ‘Eduardo Coutinho’, definindo-o como ‘homem do caderninho’? Glauber e Coutinho coincidem na desconfiança da escrita e da teoria. Querem abarcar a expressão numa identidade-de-si, plenitude da sensação e da intuição, gesto e voz, reino da substância fonocêntrica. Nosso ponto é atentar, em Eduardo Coutinho, para a instância articuladora/ordenadora que se acopla no modo livre de expressão da linguagem falada. Assim, ela faz diferença e desconstrói, de fora e no modo diferido, a coincidência do outro ‘popular’ na comunhão da ‘voz-face’. É essa instância que desafia a congregação na alteridade, introduzindo uma decalagem de raiz que modula a encenação coutiniana. Promove uma valoração diferida, impedindo a cristalização da empatia como fundo transparente da comunicação. 

Biografia do Autor

Fernão Pessoa Ramos, Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP)

Professor titular do Instituto de Artes da UNICAMP.

Autor  de 'Mas afinal, o que é mesmo documentário? '(Ed.Senac, 2008); 'A Imagem-câmera' (Papirus, 2012) e 'Cinema Marginal (1968-1973): a representação em seu limite' (Brasiliense, 1987). Co-autor de 'Nova História do Cinema Brasileiro' (Ed.Sesc, 2018) 

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Publicado

2020-10-07

Edição

Seção

Artigos | Articles