Estética das identidades:

sobre a política em torno das representações no digital

Autores

Palavras-chave:

Estética, Mídias Sociais, Políticas de identidade, LGBTQIA .

Resumo

Este texto tem como intuito compreender as políticas de identidade brasileiras que emergem de um incessante jogo midiático, em que causas sociopolíticas são fundidas com opções estéticas oferecidas por rostos falantes de influenciadores e elementos de design em plataformas de mídias sociais. Com isso, a política se funde com a estética, transformando a maneira como se orienta a formação cidadã, principalmente entre jovens e adolescentes. Partindo de discussões clássicas em torno das identidades e da estética entendida como potencial político, observaremos como esses fenômenos aparecem no digital. Para tanto, utilizamos como estudo de caso dois exemplos relacionados à comunidade LGBTQIA+ no Brasil: Rita Von Hunty e Erika Hilton. Como resultado, observamos que a estetização das identidades, apesar de constituir um fenômeno contemporâneo próprio da visualidade dos ambientes digitais analisados, pode também reivindicar espaços de poder em que a imagem tem papel significativo. 

Biografia do Autor

Tarcisio Torres SILVA, PUC-Campinas

Professor pesquisador da Pontifícia Universidade Católica de Campinas. Docente do PPG em Linguagens, Mídia e Arte. Pós-doutorando do Labô (Laboratório de Política, Comportamento e Mídia/PUC-SP). Doutor em Artes Visuais pela UNICAMP, com estágio no departamento do Estudos Culturais, Goldsmiths College, Universidade de Londres.

Referências

ADORNO, T. W. Engajamento. In: ADORNO, Theodor W. Notas de literatura. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1973.

AIELLO, G.; PARRY, K. “Aesthetics, Political”, in Gianpietro Mazzoleni (Ed.), International Encyclopedia of Political Communication, Volume I (pp. 11-16). Chichester, UK: Wiley-Blackwell, 2015.

BAUMAN, Z. O mal-estar da pós-modernidade. RJ: Jorge Zahar, 1998.

BEIGUELMAN, G. Políticas da imagem: vigilância e resistência na dadosfera. São Paulo: UBU, 2021.

BENJAMIN, W. “O Surrealismo” e “Que é o teatro épico? Um estudo sobre Brecht”. In: BENJAMIN, W. Magia e técnica, arte e política. São Paulo: Brasiliense, 1994.

BRAZ, M. Deputada eleita, Erika Hilton promete instaurar 'CPI do governo Bolsonaro'. Correio Braziliense, 13 nov. 2022. Disponível em: https://www.correiobraziliense.com.br/brasil/2022/11/5051535-deputada-eleita-erika-hilton-promete-instaurar-cpi-do-governo-bolsonaro.html. Acesso em 15 mar. 2023.

CUNHA FILHO, A. H. Em algum local dessa tela: a performance da Rita Von Hunty e seu corpo infiltrado. Orientador: Janaíne Sibelle Freires Aires. 2023. 113f. Dissertação (Mestrado em Estudos da Mídia) - Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2023.

DAS, S.; FARBER, R. User-generated online queer media and the politics of queer visibility. Sociology Compass. 2020; 14:e12824. https://doi.org/10.1111/soc4.12824

DE MORAIS, J. A.; BAQUERO, M. A internet e a (des) politização dos jovens brasileiros. Cadernos de Campo: Revista de Ciências Sociais, n. 25, p. 33-62, 2018. https://periodicos.fclar.unesp.br/cadernos/article/view/11512

ESTADÃO. Nikolas Ferreira põe peruca, diz que é deputada ‘Nikole’ e prega contra feminismo no dia da Mulher. São Paulo, 08 mar. 2023. Twitter: @Estadao. Disponível em: < https://mobile.twitter.com/Estadao/status/1633565103441293318>. Acesso em 15 mar. 2023.

FOUCAULT, M. Nascimento da biopolítica (1979). São Paulo: Martins Fontes, 2008.

GOMES, D. F. L. Cultura e política: entre a potência da performance, os riscos da estetização e o esquecimento das diferenças de classe. Revista de Ciências do Estado, Belo Horizonte, v. 4, n. 2, p. 1–13, 2019. Disponível em: https://periodicos.ufmg.br/index.php/revice/article/view/16218. Acesso em: 28 nov. 2022.

GROYS, B. Sobre o ativismo artístico. Poiésis, Niterói, v. 18, n. 29, p.205-219, Jan.-Jun. 2017.

HAIDER, A. Armadilha da identidade. São Paulo: Veneta, 2019.

HALL, S. A identidade cultural na pós-modernidade. Rio de Janeiro: DP&A, 2006.

HAN, B. Do Enxame. Petrópolis: Ed. Vozes, 2018.

HARDT, M.; NEGRI, A. Multidão: guerra e democracia na era do Império. Rio de Janeiro: Record, 2005.

LIPOVETSKY, G.; SERROY, J. A estetização do mundo. São Paulo: Cia das Letras, 2015.

______. A cultura-mundo: resposta a uma sociedade desorientada. São Paulo: Cia das Letras, 2011.

MACHADO, J.; MISKOLCI, R. Das Jornadas de junho à cruzada moral: o papel das redes sociais na polarização política brasileira. Sociologia & Antropologia, v. 9, p. 945-970, 2019. https://doi.org/10.1590/2238-38752019v9310

MARCON, F. Agências estetizadas, geração digital, ativismos e protestos no Brasil. Ponto Urbe. Revista do núcleo de antropologia urbana da USP, n. 23, 2018. https://journals.openedition.org/pontourbe/4539

MIZRAHI, M. As políticas dos cabelos negros, entre mulheres: estética, relacionalidade e dissidência no Rio de Janeiro. Mana, v. 25, p. 457-488, 2019. https://doi.org/10.1590/1678-49442019v25n2p457

PEPPER, B. Rita Von Hunty com a linha Eco. São Paulo, 14 mai. 2021. Facebook: @brunapepperface. Disponível em: https://www.facebook.com/watch/?v=515521083145455. Acesso em 16 mar. 2023.

PIERUCCI, A. F. Ciladas da diferença. São Paulo: USP, Curso de Pós-Graduação em Sociologia: Ed. 34, 1999.

RANCIÈRE, J. A partilha do sensível. São Paulo: Editora 34, 2009.

RIBEIRO, D. Pequeno manual antirracista. São Paulo: Cia das Letras, 2019.

ROMANCINI, R.; CASTILHO, F. “Como ocupar uma escola? Pesquiso na Internet!”: política participativa nas ocupações de escolas públicas no Brasil. Intercom: revista brasileira de ciências da comunicação, v. 40, p. 93-110, 2017. https://doi.org/10.1590/1809-5844201726

SILVA, T. T. Ativismo digital e imagem: estratégias e engajamento e mobilização em

rede. Jundiaí: Paco Editorial, 2016a.

SILVA, T. T. De volta à natureza selvagem: imagem e política nos protestos brasileiros de

Comunicação & Sociedade, v. 38, n. 1, p. 75-98, 2016b.

SILVA, T. T. Imagens da Primavera Árabe: estética, política e mídias digitais. Galáxia, n.

, p. 35-47, 2012.

TREVISAN, J. S. Devassos no Paraíso: a homossexualidade no Brasil, da colônia à atualidade. 4ª.ed. Rio de Janeiro: Objetiva, 2018.

WOODWARD, K. Identidade e diferença: uma introdução. In: SILVA, Tomaz Tadeu da. Identidade e diferença: a perspectiva dos Estudos Culturais. Petrópolis, RJ: Vozes, 2014.

ZACCARELLI, C. T. Ocupar, resistir e conquistar!: as ocupações secundaristas de 2015 e possíveis efeitos de sentido. Orient. Eliane Righi de Andrade. Dissertação (Mestrado em Linguagens, Mídia e Arte) - PUC-Campinas, Campinas, 2018.

Downloads

Publicado

2023-11-15

Edição

Seção

Artigos | Articles