Favela, cartão-postal do Brasil?

Representações ambivalentes sobre cultura e identidade nacionais na performance de Anitta em palco estrangeiro

Autores

Palavras-chave:

comunicação e consumo, favela, identidade nacional, cultura brasileira, Anitta

Resumo

O objetivo deste trabalho é compreender como a cantora Anitta, na condição de estrela pop em ascensão internacional, promove a favela como cultura e identidade brasileiras e também discutir quais as implicações dessa abordagem ante as representações ambivalentes desse espaço, tratado ora como território da pobreza e da violência, ora como reserva de manifestações culturais autênticas. Para isso, descrevemos e analisamos uma apresentação da cantora no festival americano Coachella em abril de 2022 com referencial teórico baseado em estudos culturais (Hall, 1992, 2003, 2016; Martín-Barbero,
1995, 2015; García Canclini, 1998) e estudos de performance (Amaral; Soares; Polivanov, 2018; Pereira de Sá; Holzbach, 2010). Observamos que Anitta se apoia em referências consagradas da cultura e da identidade brasileiras, ao mesmo tempo que introduz o seu ponto de vista, relacionado a uma cultura urbana periférica. Consideramos que, ao explorar um espaço ambivalente como a favela, a artista provoca tensionamentos em torno dos símbolos nacionais e do que pode ou não ser considerado parte da cultura e da identidade brasileiras.

Biografia do Autor

Leonardo Rodrigues, Escola Superior de Propaganda e Marketing

Doutorando e mestre em Comunicação e Práticas de Consumo pela Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM). Bolsista Prosup/CAPES. Integrante dos grupos de pesquisa Comunicação, Consumo e Identidades Socioculturais (CiCO) e Comunicação, Linguagens, Discursos e Memória na Amazônia, ambos cadastrados no Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).  

 

Referências

BURGOS, Marcelo Baumann. Dos parques proletários ao Favela-Bairro: as políticas públicas nas favelas do Rio de Janeiro. In: ZALUAR, Alba; ALVITO, Marcos (orgs). Um século de favela. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2004, p. 25-60

FACINA, Adriana. “Não me bate doutor”: Funk e criminalização da pobreza. V Encontro de Estudos Multidisciplinares em Cultura – ENECULT, Bahia, 2009. Anais... Salvador: Faculdade de Comunicação da Universidade Federal da Bahia, mai. 2009. Disponível em: http://www.cult.ufba.br/enecult2009/19190.pdf. Acesso em: 27 nov. 2022.

FREIRE-MEDEIROS, Bianca. Gringo na Laje: Produção, circulação e consumo da favela turística. Rio de Janeiro: FGV Editora, 2009.

GARCÍA CANCLINI, Néstor. Culturas híbridas. São Paulo: EDUSP, 1998.

HALL, Stuart. The question of cultural identity. In: HALL, Stuart; HELD, David; McGREW, Tony (org.). Modernity and its futures. Cambridge: Polity Press, 1992, p. 273-326.

HALL, Stuart. Da diáspora: identidades e mediações culturais. Belo Horizonte/Brasília: Editora UFMG/Representação, 2003.

HALL, Stuart. Quem precisa da identidade. In: SILVA, Tomaz Tadeu da (org). Identidade e diferença. Petrópolis: Vozes, 2014, p. 103-131.

HALL, Stuart. Cultura e representação. Rio de Janeiro.: Editora Apicuri-PUC-RJ, 2016.

JACQUES, Paola Berenstein. As favelas do Rio, os modernistas e a influência de Blaise Cendrars. Interfaces - Revista do Centro de Letras e Artes, v. 7, p. 185-200, 2000.

JACQUES, Paola Berenstein. Estética das Favelas. Rizoma.Net, p. 99-106, 2003.

LORENTZ, Braulio; ORTEGA, Rodrigo. Anitta canta no Coachella nesta sexta-feira: qual a importância de se apresentar no festival? G1, 15 abr. 2022. Disponível em: https://g1.globo.com/pop-arte/musica/noticia/2022/04/15/anitta-canta-no-coachella-nesta-sexta-feira-qual-a-importancia-de-se-apresentar-no-festival.ghtml. Acesso em: 05 out. 2022.

MARTÍN-BARBERO, Jesus. América Latina e os anos recentes: o estudo de recepção em comunicação social. In: In: SOUSA, Mauro Wilton (Org.). Sujeito, o lado oculto do receptor. ECA-USP/Brasiliense, 1995. p. 39-68.

MARTÍN-BARBERO, Jesús. Dos meios às mediações: comunicação, cultura e hegemonia. Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 2015.

MCCRACKEN, Grant. Culture and consumption. Bloomington: Indiana University Press, 1990.

ORTIZ, Renato. Cultura brasileira e identidade nacional. São Paulo: Brasiliense, 1994.

PORFIRIO, Anita. Beychella: 10 motivos por que Beyoncé fez história no Coachella. Vogue, 15 abr. 2018. Disponível em: https://vogue.globo.com/lifestyle/cultura/noticia/2018/04/beychella-10-motivos-porque-beyonce-fez-historia-no-coachella.html. Acesso em: 07 dez. 2022.

SÁ, Simone Pereira de. Som de preto, de proibidão e tchutchucas: o Rio de Janeiro nas pistas do funk carioca. In: PRYSTHON, Angela; CUNHA, Paulo (orgs.). Ecos urbanos: a cidade e suas articulações midiáticas. Porto Alegre: Sulina, 2008, p. 228-247.

SOARES, Thiago. Abordagens Teóricas para Estudos Sobre Cultura Pop. Logos, Rio de Janeiro, v. 24, n. 2, 2014. Disponível em: https://www.epublicacoes.

uerj.br/index.php/logos/article/view/14155/10727. Acesso em: 08 nov. 2022.

VALLADARES, Licia do Prado. A invenção da favela: do mito de origem à favela.com. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2005.

VIERA, João. Fraude nas cotas, apropriação e Anitta: um debate sobre o que é ser negro no Brasil. Hypeness, São Paulo, 02 out. 2017. Disponível em: https://www.hypeness.com.br/2017/10/fraude-nas-cotas-apropriacao-e-anitta-um-debate-sobre-o-que-e-ser-negro-no-brasil/. Acesso em: 02 dez. 2022.

VILLAÇA, Nizia. A periferia pop na idade mídia. São Paulo: Estação das Letras e Cores, 2012.

WOODWARD, Kathryn. Identidade e diferença: uma introdução teórica e conceitual. In:

SILVA, Tomaz Tadeu da. (org.). Identidade e diferença: a perspectiva dos Estudos Culturais. Petrópolis (RJ): Vozes, 2014.

ZALUAR, Alba; ALVITO, Marcos. Introdução. In: ZALUAR, Alba; ALVITO, Marcos (orgs). Um século de favela. 4 ed. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2004, p. 7-24.

Downloads

Publicado

2024-06-04

Edição

Seção

Artigos | Articles