Cordialidade à brasileira

O animal cordial como metáfora do Brasil contemporâneo

Autores

Palavras-chave:

homem cordial, horror social, gênero fílmico, Jair Bolsonaro, slasher

Resumo

O artigo busca como objetivo principal aprofundar uma possibilidade de leitura simbólica, por meio da análise de personagens e cenas, do thriller de horror O animal cordial (2017), dirigido por Gabriela Amaral Almeida. A leitura propõe o filme como uma metáfora do Brasil contemporâneo: um país rachado por tensões sociais de diferentes matrizes ― raça, gênero, cor, classe social, rivalidades regionais ― que vêm se esgarçando em uma trama de medo e ódio. No filme, graças ao evento inusitado que liga as engrenagens da trama, essas tensões terminam por explodir em uma série de atos de violência, que aludem de múltiplas e diferentes maneiras ao conceito de “homem cordial”, elaborado em 1936 pelo historiador Sergio Buarque de Holanda.

Biografia do Autor

Rodrigo Octavio D' Azevedo Carreiro, Universidade Federal de Pernambuco

Professor do Programa de Pós-graduação em Comunicação (PPGCOM) e da graduação em Cinema e Audiovisual da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Doutor e mestre em Comunicação pela UFPE, com estágio pós-doutoral realizado na Universidade Federal Fluminense (UFF). Bolsista de produtividade Nível 2 do CNPq.

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2024-06-04

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