Sobre um ponto cego na leitura husserliana de Descartes e sobre o horizonte último não-visto por ambos
DOI:
https://doi.org/10.23925/2764-0892.2024.v3.n2.e70235Palavras-chave:
Descartes, Husserl, Subjetivismo, Ontologia fundamental, FenomenologiaResumo
Neste artigo, avalio a leitura de Descartes feita por Husserl. Argumento que a relação de Husserl com Descartes foi um elemento crucial no desenvolvimento de sua própria ideia de fenomenologia transcendental. Tento mostrar que Husserl não foi sensível ao questionamento cartesiano sobre o ser do ego sum e, a partir disso, sustento que a deriva ontológica contida em Descartes não cede às críticas husserlianas ao "realismo transcendental" e à acusação de ser o precursor do "psicologismo". Caracterizo essa limitação da leitura husserliana como o ponto cego de sua avaliação de Descartes.
Em seguida, procuro demonstrar como há um horizonte ontológico que Descartes apenas antecipa e que Husserl não percebe de modo algum, fechando-se em suas doutrinas sobre a autoconstituição temporal da subjetividade transcendental e sobre o ego como "fato absoluto". Por fim, argumento que o horizonte do ser e sua expressão como um "há" e não como um "eu sou" permanecem irredutíveis tanto à dúvida cartesiana quanto à epoché husserliana. Dessa situação, extraio algumas teses sobre o espaço de uma ontologia fundamental que se sobrepõe às esferas ônticas regionais do sistema husserliano de conhecimento eidético a priori.
Referências
Aristotle (1962) – The Categories, On Interpretation. London: William Heinemann Ltd.
Avenarius, Richard (1905) – Der menschliche Weltbegriff. Leipzig: O. R. Reisland.
Boehm, Rudolf (1959) – „Einleitung des Herausgebers“. In Edmund Husserl, Erste Philosophie (1923/24). Zweiter Teil. Theorie der phänomenologischen Reduktion. The Hague: Martinus Nijhoff, pp. XI-XLIII.
Brand, Gerd (1995) – Welt, Ich und Zeit. Nach unveröffentlichten Manuskripten Edmund Husserls. Den Haag: Martinus Nijhoff.
Descartes, René (1905) – Œuvres de Descartes. Principia philosophiae. Vol. VIII. Paris : Leopold Cerf.
Descartes, René (1904) – Œuvres de Descartes. Meditationes de prima philosophia. Vol. VII. Pa¬ris : Leopold Cerf.
Descartes, René (1903) – Œuvres de Descartes. Correspondence. Vol. V. Paris : Leopold Cerf.
Descartes, René (1901) – Œuvres de Descartes. Correspondence. Vol. IV. Paris : Leopold Cerf.
Descartes, René (1897) – Œuvres de Descartes. Correspondence. Vol. I. Paris : Leopold Cerf.
Heidegger, Martin (1997) – Nietzsche. Zweiter Band. Frankfurt am Main: Vittorio Klostermann.
Held, Klaus (1966) – Lebendige Gegenwart. Die Frage nach der Seinsweise des Transzendentalen Ich bei Edmund Husserl, entwickelt am Leitfaden der Zeitproblematik. Den Haag: Martinus Nijhoff.
Held, Klaus (1981) – „Phänomenologie der Zeit nach Husserl“. Perspektiven der Philosophie. Vo¬lume 7, pp. 185-221.
Husserl, Edmund (2008) – Späte Texte über Zeitkonstitution (1929-1934). Die C-Manuskripte. Dordrecht: Springer.
Husserl, Edmund (2002). Zur phänomenologischen Reduktion. Texte aus dem Nachlass (1926-1935). Dordrecht: Kluwer Academic Publishers.
Husserl, Edmund (1996) – Erste Philosophie (1923-24). Zweiter Teil. Dordrecht: Kluwer Academic Publishers.
Husserl, Edmund (1976) – Ideen zu einer reinen Phänomenologie und phänomenologischen Phi¬losophie. Den Haag: Martinus Nijhoff.
Husserl, Edmund (1973a) – Zur Phänomenologie der Intersubjektivität. Texte aus dem Nachlass. Erster Teil: 1905-1920. The Hague: Martinus Nijhoff.
Husserl, Edmund (1973b) – Zur Phänomenologie der Intersubjektivität. Texte aus dem Nachlass. Dritter Teil: 1929-1935. The Hague: Martinus Nijhoff.
Husserl, Edmund (1973c) – Cartesianische Meditationen und Pariser Vorträge. Den Haag: Marti¬nus Nijhoff.
Husserl, Edmund (1976) – Die Krisis der europäischen Wissenschaften und die transzendentale Phänomenologie. Eine Einleitung in die Phänomenologische Philosophie. Den Haag: Mar¬tinus Nijhoff.
Husserl, Edmund (1956) – Erste Philosophie (1923-24). Erster Teil. Den Haag: Martinus Nijhoff.
Landgrebe, Ludwig (1961) – „Husserls Abschied vom Cartesianismus“. Philosophische Rund-schau. Vol. 9, No. 2/3, pp. 133-177.
Lauer, Quentin – “Subjectivity and Objectivity.” Edmund Husserl (1859/1959). Recueil commémo¬ratif publié à l’occasion du centenaire du philosophe. La Haye : Martinus Nijhoff.
Schuhmann, Karl (1977) – Husserls-Chronik. Denk- und Lebensweg Edmund Husserls. Den Haag: Martinus Nijhoff.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2025 Geltung, revista de estudos das origens da filosofia contemporânea

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.




