O Duplo

notas sobre saber e poder em Persona de Bergman

Autores/as

DOI:

https://doi.org/10.23925/2237-759X2024V55e66449

Palabras clave:

persona, silêncio, estudos discursivos, saber, poder

Resumen

Neste ensaio, mostramos as implicações do silêncio em sua relação com o poder no filme Persona de Ingmar Bergman (1966). Parimos do pressuposto de que o silêncio funciona, na obra, como atualização de formas de poder e resistência nas linhas de força que compõem as relações entre as personagens. Para tal, nos valemos de alguns pressupostos teórico-metodológicos dos estudos discursivos foucaultianos. A importância deste estudo reside na relativização da ideia de que o poder silencia, mostrando que, em tempos de hegemonia de extração de mais-valor das atividades simbólicas, o poder faz falar. Os resultados nos mostram que quem fala faz-saber e, ao mesmo tempo, que quem cala pode-não-fazer-saber e ainda pode-fazer-não-saber. Concluímos que o poder se esconde na potencialidade que se desenvolve no bojo do silêncio. O saber é própria atualização daquilo que se ouve e aquilo que se vê, atualização que gera a potencialidade do poder a quem vê e ouve.

Biografía del autor/a

Daniel Perico Graciano, Universidade Federal de São Carlos

Doutor em Linguística pela Universidade Federal de São Carlos - UFSCar. É membro do grupo de pesquisa VOX - Grupo de Estudos em Análise do Discurso e História das Ideias Linguísticas, do grupo Labor - Laboratório de Estudos do Discurso e do Grupo de Pesquisa Interdisciplinar em Semiótica da Universidade Federal de São Carlos. Realizou estágios de docência no curso de Linguística, sob supervisão da professora Mariana Luz Pessoa de Barros e do professor Carlos Félix Piovezani Filho. Foi bolsista de Mestrado da CAPES com a pesquisa Os Dentes Elétricos dos Canibais: uma cartografia dos fluxos semióticos na canção de resistência da década de 1960.

Citas

ARISTÓTELES. Política. Edição bilíngue. Trad. António Campelo Amaral e Carlos Gomes. Lisboa: Veja Universidade, 1998.

BARTHES, R. Aula. Trad. Leyla Perrone-Moises. São Paulo: Cultrix, 1997.

BENVENISTE, E. Problemas de linguística geral. Trad. Maria da Gloria Novak e Maria Luisa Neri. São Paulo: Nacional/ EDUSP, 1, 1976.

FLOCH, J. M. A contribuição da semiótica estrutural para o design de um hipermercado. Galaxia (São Paulo, Online), 27:21-47, 2014.

FOUCAULT, M. Arqueologia do saber. Trad. Luiz Felipe Baeta Neves. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2008.

FOUCAULT, M. História da sexualidade 1: a vontade de saber. Trad. Maria Thereza da Costa. Albuquerque e J. A. Guilhon Albuquerque. São Paulo: Paz e Terra, 2014a.

FOUCAULT, M. Vigiar e punir: nascimento da prisão. Trad. Raquel Ramalhete. Petrópolis: Vozes, 2014b.

FREUD, S. O mal-estar na civilização. Trad. Paulo Cezar de Souza. São Paulo: Penguin-Companhia das Letras, 2011.

GRACIANO, D. P. Altersemiose: o problema da expressão em uma novela de Italo Calvino. Leitura, 72: 106–117, 2022.

HEIDEGGER, M. A linguagem e o ser. In: HEIDEGGER, M. Carta sobre o humanismo. Trad. Rubens Eduardo Frias. São Paulo: Centauro, 2005.

JUNG, C. G. Os arquétipos e o inconsciente coletivo. Vol. 9/1, 11 ª.ed. Trad. Maria Luiza Appy e Dora Ferreira da Silva. Petrópolis: Vozes, 2018.

PERSONA. Direção de Ingmar Bergman. Produção de Ingmar Bergman. Estocolmo: Svensk Filmindustri Studios, 1966. 1 DVD.

ROSSI-LANDI, F. A linguagem como trabalho e como mercado: uma teoria da produção e da alienação linguísticas. Trad. Aurora Fornoni Bernardini. São Paulo: DIFEL, 1985.

SONTAG, S. A vontade radical. Trad. João Roberto Martins Filho. São Paulo: Editora Schwarcz Ltda., 1987.

SPINOZA, B. Ética. Edição bilíngue. Trad. Tomaz Tadeu. Belo Horizonte: Autêntica, 2017.

VIRNO, P. Virtuosismo e revolução: a ideia de “mundo” entre a experiência sensível e a esfera pública. Trad. Paulo Andrade Lemos. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2008.

Publicado

2024-07-04

Cómo citar

Graciano, D. P. (2024). O Duplo: notas sobre saber e poder em Persona de Bergman . Intercâmbio, 55, e66449. https://doi.org/10.23925/2237-759X2024V55e66449

Número

Sección

Artigos