Cadernos Metrópole 64: Urbanismo de plataforma

Os Editores Científicos e a Comissão Editorial da revista Cadernos Metrópole convidam para a organização do v. 27, nº 64 os pesquisadores das diversas áreas de conhecimento, que abordam a questão urbana e regional, a enviarem textos sobre o tema

 

Urbanismo de plataforma

Editores: Luiz César de Queiroz Ribeiro e Nelson Diniz

 

Testemunhamos, no primeiro quarto do século XXI, uma nova rodada de transformações radicais do capitalismo, ainda mais disruptivas quando comparadas com as da década de 1970. Há muitas maneiras de designar essas transformações mais recentes: “capitalismo financeirizado” ou “sob dominância financeira”, “capitalismo rentista”, “capitalismo de vigilância”, dentre tantas outras possibilidades.

Sem perder de vista essas outras possibilidades, este número de Cadernos Metrópole pretende considerar, principalmente, o “capitalismo de plataforma”, com ênfase em suas repercussões nos processos de produção social do espaço urbano e regional. Repercussões que deram ensejo a conceitos tais como “urbanismo de plataforma”, “digitalização do espaço urbano” e “urbanização da internet”. Cabendo ressaltar que se trata de uma temática que encontra precedentes em formulações sobre o “regime de acumulação flexível”, a “sociedade em rede” e o “meio técnico-científico-informacional”.

No entanto, nas primeiras décadas do século XXI, também há muita novidade em questão. A revolução técnico-científica atingiu um novo patamar: internet das coisas, big data, aprendizado de máquina, realidade aumentada, inteligência artificial. Essas e outras inovações tecnológicas estão revolucionando, mais uma vez, as maneiras como a humanidade experimenta sua relação com o tempo e o espaço.

Está em curso uma “nova experiência urbana”, ligada à “plataformização do capitalismo”, o que não pode ser entendido sem que se leve em conta outros fatores de mudança, a começar pelo alto grau de autonomização do capital fictício. Estamos diante de uma nova etapa histórica, a da “dominação financeiro-informacional”, que penetra em todas as dimensões da vida social. E foi justamente nos marcos dessa nova etapa que um volume gigantesco de capitais sobreacumulados deslocou-se para a esfera dos investimentos nas plataformas digitais. Além das já consolidadas “Big Techs”, como Amazon e Google, na esteira da crise de 2008, uma série de “empresas-aplicativo” passaram a impor seu modelo de negócios, baseado na racionalidade algorítmica, no novo “maquinário digital-informacional” e no controle monopolístico de tecnologias georreferenciadas. Um dos casos paradigmáticos, o da Uber, com sua plataforma de transporte de passageiros e mercadorias, abriu caminho, por exemplo, para o amplo debate acerca da “uberização”.

Por tudo isso, estamos em busca de artigos dedicados a refletir e apresentar resultados de pesquisas sobre os impactos da plataformização do capitalismo na produção social do espaço. De que maneira a expansão das plataformas digitais de serviços incide nos mecanismos de captura de rendas urbanas e no funcionamento dos mercados imobiliários? Como sua dinâmica reforça tendências de mercantilização e financeirização das cidades? Plataformas digitais de aluguel de curto prazo, como a Airbnb, estão influenciando, de fato, os preços imobiliários? Estão impulsionando processos de gentrificação? Como descrever e analisar as “estratégias espaciais” correspondentes aos “modelos de negócios” das distintas plataformas digitais? De que modo elas afetam a estrutura social e ocupacional das cidades brasileiras? Como realizar estudos comparativos a respeito da atuação das plataformas digitais nas principais cidades do país e do mundo?

Recorde-se, ainda, que essas questões guardam ampla afinidade com o debate a acerca da “urbanização logística” e, portanto, com as reflexões sobre os nexos entre extração, logística e finanças. Seja no caso do e-commerce ou no âmbito de outras atividades econômicas, o que se passa no campo da logística tornou-se central para os processos de acumulação, exigindo um novo salto de qualidade na gestão dos “fixos” e “fluxos” espaciais.

Há quem sustente, além disso, a pertinência da ideia do “extrativismo urbano” ou de um “conceito ampliado de extrativismo”, para sugerir que a própria lógica da extração transborda e atinge outros setores, capturando, ou melhor, “extraindo” rendas, por exemplo, do endividamento das famílias e das classes populares. Em outras palavras, os “passivos” que resultam de formas alternativas (“financeirizadas”) de garantir a reprodução social são convertidos em “ativos” (assets) nas mãos de bancos e instituições financeiras. Daí o debate sobre a “assetização” ou a “financeirização 2.0”. Existe, do mesmo modo, uma série de abordagens sobre como a “viração” e a informalidade são capturadas por essa lógica.

Enfim, este número de Cadernos Metrópole pretende acolher contribuições, teóricas e empíricas, que girem em torno de temas e questões como essas, considerando que se trata, efetivamente, de uma nova fronteira – uma das mais importantes – de transformação da vida nas cidades do século XXI

 

.data-limite para envio dos trabalhos: 10 DE DEZEMBRO DE 2024

 

INSTRUÇÕES AOS AUTORES

 

ESCOPO E POLÍTICA EDITORIAL

A revista Cadernos Metrópole, de periodicidade quadrimestral, tem como enfoque o debate de questões ligadas aos processos de urbanização e à questão urbana, nas diferentes formas que assume na realidade contemporânea. Trata-se de periódico dirigido à comunidade acadêmica em geral, especialmente, às áreas de Arquitetura e Urbanismo, Planejamento Urbano e Regional, Geografia, Demografia e Ciências Sociais.

A revista publica textos de pesquisadores e estudiosos da temática urbana, que dialogam com o debate sobre os efeitos das transformações socioespaciais no condicionamento do sistema político-institucional das cidades e os desafios colocados à adoção de modelos de gestão baseados na governança urbana. A revista não publica texto de graduandos.

A revista está licenciada com uma Licença Creative Commons Atribuição-NãoComercial 4.0 Internacional.

Esta licença permite que outros remixem, adaptem e criem a partir do seu trabalho para fins não comerciais, e embora os novos trabalhos tenham de lhe atribuir o devido crédito e não possam ser usados para fins comerciais, os usuários não têm de licenciar esses trabalhos derivados sob os mesmos termos.

A revista oferece acesso livre imediato ao seu conteúdo, seguindo o princípio de que disponibilizar gratuitamente o conhecimento científico ao público proporciona maior democratização mundial do conhecimento.

A revista não aplica taxas de submissão, publicação ou de qualquer outra natureza em seus processos, sendo um veículo científico voltado à comunidade científica brasileira.

 

CHAMADA DE TRABALHOS

A revista Cadernos Metrópole é composta de um núcleo temático, com chamada de trabalho específica, e um de temas livres relacionados às áreas citadas. Os textos temáticos deverão ser encaminhados dentro do prazo estabelecido e deverão atender aos requisitos exigidos na chamada, os textos livres terão fluxo contínuo de recebimento.

Os artigos podem ser redigidos em língua portuguesa, espanhola, inglesa ou francesa.

Os trabalhos submetidos à Cadernos Metrópole devem ser enviados pelo link https://revistas.pucsp.br/index.php/metropole/about/submissions.

Os artigos NÃO devem conter nenhum tipo de identificação do(s) autor(es).

A revista não aceitará artigos assinados por mais de 3 autores.

A revista não publica artigos de autoria ou coautoria de graduandos. Se necessário, serão citados como "colaboradores" em nota ao final do texto.

É imprescindível o envio do Instrumento Particular de Autorização e Cessão de Direitos Autorais, datado e assinado pelo(s) autor(es), que deve ser anexado no passo 4 da submissão.

Os textos serão publicados no idioma original e em inglês. A qualidade e os custos da tradução serão de inteira responsabilidade dos autores. A tradução é obrigatória apenas para os textos que forem selecionados para publicação.

Os autores devem cumprir um intervalo de 2 (duas) edições para nova publicação.



AVALIAÇÃO DOS ARTIGOS

Os artigos recebidos para publicação deverão ser inéditos e serão submetidos à apreciação dos membros do Conselho Editorial e de consultores ad hoc para emissão de pareceres. Os artigos receberão duas avaliações e, se necessário, uma terceira. Será respeitado o anonimato tanto dos autores quanto dos pareceristas.

Caberá aos Editores Científicos e à Comissão Editorial a seleção final dos textos recomendados para publicação pelos pareceristas, levando-se em conta sua consistência acadêmico-científica, clareza de ideias, relevância, originalidade e oportunidade do tema.

Os textos aprovados pelos pareceristas, mas não selecionados para publicação na edição para a qual foram submetidos, serão apresentados aos organizadores das edições seguintes visando sua publicação na seção Textos Complementares.



COMUNICAÇÃO COM OS AUTORES

Os autores serão comunicados por email da decisão final, sendo que a revista não se compromete a devolver os originais não publicados.



OS DIREITOS DO AUTOR

A revista não tem condições de pagar direitos autorais nem de distribuir separatas.

O Instrumento Particular de Autorização e Cessão de Direitos Autorais, datado e assinado pelo(s) autor(es), deve ser enviado juntamente com o artigo.

O conteúdo do texto é de responsabilidade do(s) autor(es).



NORMAS PARA APRESENTAÇÃO DOS ARTIGOS

Os trabalhos devem ser apresentados, nessa ordem:

  • título, de 12 palavras no máximo, em português, ou na língua em que o artigo foi escrito, e em inglês;

  • resumo/abstract de, no máximo, 120 (cento e vinte) palavras em português ou na língua em que o artigo foi escrito e outro em inglês, com indicação de 3 a 5 palavras-chave em português, ou na língua em que o artigo foi escrito, e em inglês;

  • texto, digitado em Word, espaço 1,5, fonte Arial tamanho 11, tendo 20 a 25 páginas, incluindo tabelas, gráficos, figuras, referências bibliográficas; as imagens devem ser em formato JPG, com resolução mínima de 300 dpi e largura máxima de 13 cm;

  • títulos de seção, de, no máximo, 6 palavras;

  • referências bibliográficas, seguindo rigorosamente as seguintes instruções:

Livros

AUTOR ou ORGANIZADOR (org.) (ano de publicação). Título do livro. Cidade de edição, Editora.

Exemplo:

CASTELLS, M. (1983). A questão urbana. Rio de Janeiro, Paz e Terra.

 

Capítulos de livros

AUTOR DO CAPÍTULO (ano de publicação). “Título do capítulo”. In: AUTOR DO LIVRO ou ORGANIZADOR (org.). Título do livro. Cidade de edição, Editora.

Exemplo:

BRANDÃO, M. D. de A. (1981). “O último dia da criação: mercado, propriedade e uso do solo em Salvador”. In: VALLADARES, L. do P. (org.). Habitação em questão. Rio de Janeiro, Zahar.

 

Artigos de periódicos

AUTOR DO ARTIGO (ano de publicação). Título do artigo. Título do periódico. Cidade, volume do periódico, número do periódico, páginas inicial e final do artigo.

Exemplo:

TOURAINE, A. (2006). Na fronteira dos movimentos sociais. Sociedade e Estado. Dossiê movimentos sociais. Brasília, v. 21, n.1, pp. 17-28.

 

Trabalhos apresentados em eventos científicos

AUTOR DO TRABALHO (ano de publicação). Título do trabalho. In: NOME DO CONGRESSO, número, ano, local de realização. Título da publicação. Cidade, Editora, páginas inicial e final.

Exemplo:

SALGADO, M. A. (1996). Políticas sociais na perspectiva da sociedade civil: mecanismos de controle social, monitoramento e execução, parceiras e financiamento. In: SEMINÁRIO INTERNACIONAL ENVELHECIMENTO POPULACIONAL: UMA AGENDA PARA O FINAL DO SÉCULO. Anais. Brasília, MPAS/SAS, pp. 193-207.

 

Teses, dissertações e monografias

AUTOR (ano de publicação). Título. Tese de doutorado ou Dissertação de mestrado. Cidade, Instituição.

Exemplo:

FUJIMOTO, N. (1994). A produção monopolista do espaço urbano e a desconcentração do terciário de gestão na cidade de São Paulo. O caso da avenida Engenheiro Luís Carlos Berrini. Dissertação de mestrado. São Paulo, Universidade de São Paulo.

 

Textos retirados de Internet

AUTOR (ano de publicação). Título do texto. Disponível em. Data de acesso.

Exemplo:

FERREIRA, J. S. W. (2005). A cidade para poucos: breve história da propriedade urbana no Brasil. Disponível em: http://www.usp.br/fau/depprojeto/labhab/index.html. Acesso em: 8 set 2005.