Reestruturação imobiliária: um conceito da urbanização capitalista

Autores

  • Carolina Alvim de Oliveira Freitas Universidade de São Paulo, Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo. São Paulo, SP/Brasil. https://orcid.org/0000-0003-0961-911X

DOI:

https://doi.org/10.1590/2236-9996.2023-5714

Palavras-chave:

Reestruturação Imobiliária, crítica da economia política, renda imobiliária, desenvolvimento desigual, financeirização

Resumo

Este artigo busca sistematizar a bibliografia que trata da noção reestruturação para referir-se à produção imobiliária no capitalismo contemporâneo, vislumbrando a determinação singular dessa produção no conjunto mais amplo de características da acumulação capitalista desde a crise mundial do início da década de 1970. Para tanto, expõe as teses sobre a especificidade da produção imobiliária e o seu papel nas crises de sobreacumulação do capital. Depois, apresenta estudos urbanos que categorizaram o problema em suas variações terminológicas (reestruturação urbana, socioespacial ou imobiliária). Por fim, conclui sobre o deslocamento dos estudos sobre a reestruturação imobiliária centrada no problema do capital industrial àquelas que passaram a enfatizar a dominância do capital financeiro nas tendências mais recentes da urbanização, inclusive no contexto latino-americano.

Referências

AALBERS, M. (2015). “Cities and the financial crisis”. In: WRIGHT, J. (ed.). The encyclopedia of social and behavioral sciences. Oxford, Elsevier.

AGLIETTA, M. (1979). Regulation y Crisis del Capitalismo. Madrid, Siglo Veintiuno Editores.

ALVAREZ, I. P. A. (2015). “A produção e reprodução da metrópole como negócio e como segregação”. In: CARLOS, A. F. A.; VOLOCHKO, D.; ALVAREZ, I. P. (orgs.). A cidade como negócio. São Paulo, Contexto.

BOTELHO, A (2007). A cidade como negócio: produção do espaço e acumulação do capital no município de São Paulo. Cadernos Metrópole. São Paulo, n. 18, pp. 15-38. Disponível em: https://revistas.pucsp.br/index.php/metropole/article/view/8727/6474. Acesso em: 22 nov 2022.

BRENNER, N. (2013). Reestruturação, reescalonamento e a questão urbana. Geousp – Espaço e Tempo (Online). São Paulo, n. 33, pp. 198-220. Disponível em: http://www.revistas.usp.br/geousp/article/view/74311/77954. Acesso em: 22 nov 2022.

CARLOS, A. F. A. (2005). “A reprodução da cidade como ‘negócio’”. In: CARLOS, A. F. A.; CARRERAS, C. (orgs.). Urbanização e mundialização: estudos sobre a metrópole. São Paulo, Contexto.

CASTELLS, M. (1983). A questão urbana. Rio de Janeiro, Paz e Terra.

______ (1985). “High tecnology, economic restructuring and the urban-regional process in the United States”. In: CASTELLS, M. (ed.). High technology, space and society. Beverly Hills, Sage.

CASTELO, R. (2013). O social-liberalismo: auge e crise da supremacia burguesa na era neoliberal. São Paulo, Expressão Popular.

CHESNAIS, F. (2013). As raízes da crise econômica mundial. Revista Em Pauta. Rio de Janeiro, n. 31, v. 11, pp. 21-37.

CHRISTOPHERS, B. (2011) Revisiting the urbanization of capital. Annals of the Association of American Geographers, v. 101, n. 6, pp. 1-18.

CORIAT, B. (1985). “O taylorismo e a expropriação do saber operário”. In: PIMENTEL, D. et al. Sociologia do trabalho – Antologia: a regra do jogo. Lisboa, Edições.

FEAGIN, J.; SMITH, M. (1987). Cities and the new international division of labor. In: SMITH, M.; FEAGIN, J. (eds.). The capitalist city. Oxford, Basil Blackwell.

FIX, M. (2007). São Paulo cidade global: fundamentos financeiros de uma miragem. São Paulo, Boitempo.

GOTTDIENER, M. (1990). “A teoria da crise e a reestruturação sócio-espacial: o caso dos Estados Unidos”. In: VALLADARES, L. do P.; PRETECEILLE, E. Reestruturação urbana: tendências e desafios. Rio de Janeiro, Nobel.

______ (2016). A produção social do espaço urbano. São Paulo, EdUSP.

GRESPAN, J. L. da S. (2019). Marx e a crítica do modo de representação capitalista. São Paulo, Boitempo.

HARVEY, D. (1987). Flexible accumulation through urbanization. Antipode, v. 19, n. 3, pp. 210-286.

______ (2005). O neoliberalismo: história e implicações. São Paulo, Loyola.

______ (2013). Os limites do capital. São Paulo, Boitempo.

______ (2015). Paris: capital da modernidade. São Paulo, Boitempo.

______ (2018). A loucura da razão econômica. São Paulo, Boitempo.

HEGEL, G. W. F. (2005). Fenomenologia do espírito. Petrópolis, Vozes.

JARAMILLO, S. (1982). “Las formas de producción del espacio construido en Bogotá”. In: PRADILLA, E. (org.). Ensayos sobre el problema de la vivienda en México. Cidade do México, Latina Unam.

KOSIK, K. (1969). Dialética do concreto. São Paulo, Paz e Terra.

KOWARICK, L. (1979). A espoliação urbana. São Paulo, Paz e Terra.

LEBORGNE, D.; LIPIETZ, A. (1987). New technologies, new modes of regulation: some spatial implications. Paris, Cepremap.

LEFEBVRE, H. (1999). A revolução urbana. Belo Horizonte, UFMG.

______ (2008). Espaço e política. Belo Horizonte, UFMG.

______ (2013). La producción del espacio. Madri, Capitán Swing Libros.

LIPIETZ, A. (1986). Por detrás da crise: a tendência à queda da taxa de lucro; a contribuição de alguns trabalhos franceses recentes. Questões de Economia Política, CEDE, n. 3.

LUKÁCS, G. (2012). Para uma ontologia do ser social I. São Paulo, Boitempo.

MANDEL, E. (1985). O capitalismo tardio. São Paulo, Nova Cultural.

MARQUES, E. (2016). Os capitais do urbano no Brasil. Dossiê especial. Novos Estudos Cebrap, v. 35, n. 2, pp. 15-33.

MARX, K. (2011). Grundrisse: manuscritos econômicos de 1857-1858 esboços da crítica da economia política. São Paulo, Boitempo.

______ (2014). O capital: crítica da economia política. Livro II: o processo de circulação do capital. São Paulo, Boitempo.

______ (2017). O capital: crítica da economia política: Livro III: o processo global da produção capitalista. São Paulo, Boitempo.

MOSELEY, F. (2016). O universal e os particulares na lógica de Hegel e em O Capital de Marx. Revista Opinião Filosófica. Porto Alegre, v. 7, n. 1, pp. 14-43.

OLIVEIRA, F. de (1988). O surgimento do antivalor: capital, força de trabalho e fundo público. Novos Estudos Cebrap, n. 22, pp. 8-28.

PEREIRA, P. C. X. (2006). “Reestruturação imobiliária em São Paulo (SP): especificidade e tendência”. In: PEREIRA, P. C. et al. Dinâmica imobiliária e reestruturação urbana na América Latina. Santa Cruz do Sul, Edunisc.

RICARDO, D. (1978). “Ensaio acerca da influência de um baixo preço do cereal sobre os lucros do capital”. IN: NAPOLEONI, C.; SMITH, R.; MARX, C. Considerações sobre a historia do pensamento econômico. Rio de Janeiro, Graal.

ROYER, L. (2009). Financeirização da política habitacional: limites e perspectivas. Tese de Doutorado. São Paulo, Universidade de São Paulo.

SHIMBO, L.; RUFINO, B. (orgs.) (2019). Financeirização e estudos urbanos na América Latina. Rio de Janeiro, Letra Capital.

SIMONI-SANTOS, C. (2006). Dos negócios na cidade à cidade como negócio: uma nova sorte de acumulação primitiva do espaço. Cidades, v. 3, n. 5, pp. 101-122. Disponível em: https://periodicos.uffs.edu.br/index.php/cidades/article/view/12784). Acesso em: 15 dez 2022.

SOJA, E. W. (1993). Geografias pós-modernas: a reafirmação do espaço na teoria social crítica. Rio de Janeiro, Zahar.

TOPALOV, C. (1974). Les Promoteurs immobiliers: contribution à l ́analyse de la production capitaliste dulogement en France. Paris, Mouton.

VALLADARES, L. do P.; PRETECEILLE, E. (1990). Reestruturação urbana: tendências e desafios. Rio de Janeiro, Nobel.

VOLOCHKO, D. (2008). “Considerações sobre a produção ‘imobiliária’ do espaço sob as finanças”. In: VOLOCHKO, D. A produção do espaço e as estratégias reprodutivas do capital: negócios imobiliários e financeiros em São Paulo. São Paulo, FFLCH.

Downloads

Publicado

2023-04-19

Como Citar

Freitas, C. A. de O. (2023). Reestruturação imobiliária: um conceito da urbanização capitalista. Cadernos Metrópole, 25(57), 687–711. https://doi.org/10.1590/2236-9996.2023-5714