A metrópole do capital de rede: mobilidades socioespaciais e iniquidades urbanas
DOI:
https://doi.org/10.1590/2236-9996.2024-6002Palabras clave:
virada das mobilidades, iniquidade, acesso, epistemologiaResumen
A circulação de pessoas, objetos e informações é constitutiva da própria definição de cidade. Mas que assimetrias de acesso são geradas por esses movimentos e que regimes de mobilidade os hierarquizam no mundo globalmente conectado? Tomando as mobilidades como objeto e lente analítica, proponho a noção de “metrópole do capital de rede” para dar conta de territorialidades que se organizam em um continuum entre espaços físicos e digitais; nas quais o movimento em múltiplas escalas se torna uma “forma de habitar”; e que encontram na ambivalência da mobilidade – ao mesmo tempo direito e dispositivo coercitivo – seu principal fator de estratificação. Essas reflexões epistemológicas pressupõem que as cidades são espacialidades relacionais e politicamente disputadas de mobilidades sistêmicas, expressão das intersecções entre infraestruturas, materialidades e signos.
Citas
ADEY, P. (2010). Mobility. Londres, Routledge.
AGIER, M. (2015). Do direito à cidade ao fazer-cidade: o antropólogo, a margem e o centro. Mana. Rio de Janeiro, v. 21, n. 3, pp. 483-498.
ATKINSON, R. (2020). Alpha City: how the super-rich captured London. Londres, Verso.
BAIARDI, Y.; ALVIM, A. B. (2014). Mobilidade urbana e o papel da microacessibilidade às estações de trem. O caso da Estação Santo Amaro. Vitruvius. São Paulo, ano 14.
BAKER, B. (2016). “Regime”. In: SALAZAR, N.; JAYARAM, K. (orgs.). Keywords of mobility: critical engagements. Oxford, Berghahn Books.
BAUMAN, Z. (1999). Globalização: as consequências humanas. Rio de Janeiro, Jorge Zahar.
______ (2009). Modernidade líquida. Rio de Janeiro, Zahar.
BENJAMIN, W. (1989). “A modernidade”. In: Obras Escolhidas III. Charles Baudelaire, um lírico no auge do capitalismo. São Paulo, Brasiliense.
BITTENCOURT, T. A.; GIANNOTTI, M. (2021). The unequal impacts of time, cost and transfer accessibility on cities, classes and races. Cities. [Online], v. 116, pp. 1-10. Acesso em: 18 jul 2023.
BOLTANSKI, L.; THÉVENOT, L. (2006). On justification: economies of worth. Princeton, University of Princeton Press.
______ (2020). A justificação: sobre as economias de grandeza. Rio de Janeiro, Editora UFRJ.
BOURDIEU, P. (1983). “The forms of capital”. In: RICHARDSON, J. G. (ed.). Handbook of theory and research for the sociology of education. Nova York, Greenwood Press.
BRESCIANI, M. (1994). Londres e Paris no século XIX: o espetáculo da pobreza. São Paulo, Brasiliense
BUCK-MORSS, S. (1989). The dialectics of seeing: Walter Benjamin and the arcades project. Cambridge, Londres, The MIT Press.
CAIAFA, J. (2013). Trilhos da cidade: viajar no metrô do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, 7 Letras.
CAMPOS, A. C. (2023). Operação Maré, no Rio, mobiliza mil agentes. Meta é combater a criminalidade. Agência Brasil. Disponível em: https://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2023-10/operacaomare-no-rio-mobiliza-mil-agentes. Acesso em: 6 nov 2023.
CRESSWELL, T. (2006). On the move: mobility in the modern western world. Londres, Routledge.
DAMERI, R. P. (2013). Searching for Smart City definition: a comprehensive proposal. International Journal of Computers & Technology, v. 11, n. 5, pp. 2544-2551.
ELLIOTT, A.; URRY, J. (2010). Mobile lives. Londres, Routledge.
FEATHERSTONE, M. (1997). O desmanche da cultura: globalização, pós-modernismo e identidade. São Paulo, Edições Sesc.
______ (org.) (2004). Automobilities. Theory, Culture & Society. Londres, v. 21, n. 4-5.
FELTRAN, G. (2015). O valor dos pobres: a aposta no dinheiro como mediação para o conflito social contemporâneo. Caderno CRH, v. 27, n. 72.
FOUCAULT, M. (2008). Nascimento da biopolítica. São Paulo, Martins Fontes. Publicado originalmente em 1978.
FRANÇA, D. (2017). Segregação racial em São Paulo: residências, redes pessoais e trajetórias urbanas de negros e brancos no século XXI. Tese de doutorado. São Paulo, Universidade de São Paulo.
FREHSE, F. (2018). “On the everyday history of pedestrians’ bodies in São Paulo’s downtown amid metropolization (1950–2000)”. In: FREIRE-MEDEIROS, B.; O’DONNELL, J. (orgs.). Urban Latin America: images, words, flows and the built environment. Londres, Routledge.
FREIRE-MEDEIROS, B. (2022). A aventura de uns é a miséria de outros: mobilidades socioespaciais e pobreza turística. Tese de livre-docência. São Paulo, Universidade de São Paulo.
FREIRE-MEDEIROS, B.; LAGES, M. P. (2020). A virada das mobilidades: fluxos, fixos e fricções. Revista Crítica de Ciências Sociais. Coimbra, n. 123, pp. 121-142.
FREIRE-MEDEIROS, B.; MAGALHÃES, A.; MENEZES, P. (2023) (orgs.). Dossiê (I)mobilidades socioespaciais e suas infraestruturas. Revista Brasileira de Sociologia [Online], v. 11 n. 28.
FREIRE-MEDEIROS, B.; MOTTA, L.; FROMM, D. (2023). Carros globais, desigualdades transnacionais: sobre a economia (in)formal de veículos. Tempo Social, v. 35, n. 1, pp. 5-15. Disponível em: https://doi.org/10.11606/0103-2070.ts.2023.208976. Acesso em: 9 jan 2024.
FREITAS, J. (2018). A invenção da cidade inteligente Rio: uma análise do centro de operações Rio pela lente das mobilidades (2010-2016). Tese de doutorado. Rio de Janeiro, Fundação Getúlio Vargas.
FROMM, D. (2022). A indústria da proteção: sobre as interfaces entre seguros, segurança e seguridade. Tese de doutorado. Campinas, Universidade Estadual de Campinas.
GILBERT, A. (2007). The Return of the Slum: Does Language Matter? International Journal of Urban and Regional Research [Online], v. 31, n. 4, pp. 697-713.
GOFFMAN, E. (1972). Relations in public: microstudies of the public order. Londres, Pelican Books.
GRANOVETTER, M. S. (1973). The strength of weak ties. American Journal of Sociology. Chicago, v. 78, n. 6, pp. 1360-1380.
HANNAM, K.; SHELLER, M.; URRY, J. (2006). Editorial: Mobilities, Immobilities and Moorings. Mobilities. [Online], v. 1, n. 1, pp. 1-22.
HARVEY, D. (1992). Condição pós-moderna. Rio de Janeiro, Loyola.
HEIDEGGER, M. (1993). “Building dwelling thinking”. In: HEIDEGGER, M. Basic writings. Nova York, Harper Collins.
HOLLANDS, R. (2008). Will the Real Smart City Please Stand Up? Creative, Progressive or Just Entrepreneurial? City. [Online], v. 12, n. 3, pp. 303-320.
IMILAN, W. A.; JIRÓN, P. (2018). Moviendo los estudios urbanos. La movilidad como objeto de estudio o como enfoque para comprender la ciudad contemporánea. Quid 16: Revista del Área de Estudios Urbanos. Santiago, n. 10, pp. 17-36.
IVO, A. B. L. (org.) (2013). Dicionário temático: desenvolvimento e questão social: 81 problemáticas contemporâneas. São Paulo; Brasília; Salvador, Annablume; CNPq; Fapesb.
JANNUZZI, P. M. (1999). Mobilidade social e migração no Brasil: ensaio bibliográfico e tendências recentes. Revista Brasileira de Estudos da População. Rio de Janeiro, v. 16, n. 1-2, pp. 55-82.
JIRÓN, P. (2017). “Planificación urbana y del transporte a partir de relaciones de interdependencia y movilidad del cuidado”. In: RICO, M. N.; SEGOVIA, O. (orgs.). ¿Quién cuida en la ciudad? Aportes para políticas urbanas de igualdad. Santiago, Cepal.
JIRÓN, P.; GÓMEZ, J. (2018). Interdependencia, cuidado y género desde las estrategias de movilidad en la ciudad de Santiago. Tempo Social. São Paulo, v. 30, n. 2, pp. 5-72.
KAUFMANN, V. (2002). Re-thinking mobility: contemporary sociology. Aldershot, Ashgate.
KESSELRING, S. (2015). Corporate mobilities regimes. Mobility, power and the socio-geographical structurations of mobile work. Mobilities. [Online], v. 10, n. 4, pp. 571-591.
KOVEN, K. (2004). Slumming: sexual and social politics in Victorian London. Princeton, Princeton University Press.
KRONLID, D. (2008). “Mobility as capability”. In: UTENG, T. (org.) Gendered mobilities. Londres, Routledge, pp. 13-34.
LARSEN, J.; URRY, J. (2006). Mobilities, networks, geographies. Farnham, Ashgate.
LOGIODICE, P. (2023). Injustiça na mobilidade urbana. Dissertação de mestrado. São Paulo, Universidade de São Paulo.
LOPES, A. B. (2023). VIII Julho Negro: comunicação insurgente une Brasil e Palestina no combate à violência. RioOnWatch. Disponível em: https://rioonwatch.org.br/?p=69772. Acesso em: 6 nov 2023.
MADIANOU, M. (2016). “Polymedia communication among transnational families: what are the long-term consequences for migration?”. In: PALENGA, E.; KILKEY, M. (orgs.). Family life in an age of migration and mobility: global perspectives through the life course. Londres, Palgrave.
MANO, A. (2021). Morro de medo: regimes de mobilidades após uma década de Unidades de Polícia Pacificadora em favelas do Rio de Janeiro. Ponto Urbe. [Online], n. 28, pp. 1-23.
MARTÍNEZ, C. F; CLAPS, R. F. (2015). Movilidad femenina: los reveses de la utopía socio-espacial en las poblaciones de Santiago de Chile. Revista de Estudios Sociales. [Online], n. 54, pp. 52-67.
MASSEY, D. (1993). “Power geometry and a progressive sense of place”. In: BIRD, J. et al. (orgs.). Mapping the futures. Local cultures, global change. Londres, Routledge.
MENEZES, P.; MAGALHÃES, A.; SILVA, C. (2021). Painéis comunitários: a disputa pela verdade da pandemia nas favelas cariocas. Horizontes Antropológicos, v. 27, n. 59, pp. 109-128.
MOISES, J. A. (1978). A revolta dos suburbanos ou patrão, o trem atrasou: contradições urbanas e movimentos sociais. Rio de Janeiro, Paz e Terra.
NASCIMENTO, E. P.; BARREIRA, I. (orgs.) (1993). Brasil urbano: cenários da ordem e da desordem. Rio de Janeiro, Notrya.
OXFORD (2003). The concise Oxford dictionary of English etymology. Oxford, Oxford University Press.
PARK, R. (1915). The city: suggestions for the investigation of human behavior in the city environment. American Journal of Sociology. Chicago, v. 20, n. 5, pp. 577-612.
PERALVA, A.; TELLES, V. S (orgs.) (2015). Ilegalismos na globalização: migrações, trabalho, mercados. Rio de Janeiro, Editora UFRJ.
PORTES, A. (1997). Globalization from below: the rise of transnational communities. Oxford, University of Oxford Transnational Communities.
RIBEIRO, C.; CARVALHAES, F. (2020). Estratificação e mobilidade social no Brasil: uma revisão da literatura na sociologia de 2000 a 2018. BIB – Revista Brasileira de Informação Bibliográfica em Ciências Sociais. [Online], n. 92, pp. 1-46.
ROLNIK, R. (1988). O que é cidade? São Paulo, Brasiliense.
ROY, A. (2011). Slumdog cities: rethinking subaltern urbanism. International Journal of Urban and Regional Research. [Online], v. 2, n. 35, pp. 223-238.
SANTARÉM, P. H. (2021). “Ensaio sobre a mobilidade racista”. In: SANTINI, D.; SANTARÉM, P.; ALBERGARIA, R. (orgs.). Mobilidade antirracista. São Paulo, Autonomia Literária.
SASSEN, S. (1994). Cities in a world economy. Thousand Oaks-Londres-New Delhi, Pine Forge Press.
SCHILLER, N. G.; SALAZAR, N. (2013). Regimes of mobility across the globe. Journal of Ethnic and Migration Studies. [Online], v. 39, n. 2, pp. 183-200.
SHAMIR, R. (2005). Without borders? Notes on globalization as a mobility regime. Sociological Theory. [Online], v. 23, n. 2, pp. 197-217.
SHELLER, M. (2008). “Gendered mobilities: epilogue.” In: UTENG, T.; CRESSWELL, T. (orgs.). Gendered mobilities. Londres, Routledge.
______ (2016) Uneven mbility futures: a foucauldian approach. Mobilities, v. 11, n. 1, pp. 15-31. DOI: 10.1080/17450101.2015.1097038
______ (2017). From spatial turn to mobilities turn. Current Sociology. [Online], v. 65, n. 4, pp. 623-639.
______ (2018). Mobility justice: the politics of movement in the age of extremes. Londres, Verso.
SHELLER, M.; URRY, J. (2006). The new mobilities paradigm. Environment and planning A. [Online], v. 38, pp. 207-226.
______ (2016). Mobilizing the new mobilities paradigm. Applied Mobilities. [Online], v. 1, n. 1, pp. 10-25.
SILVA, R. B. (2014). Mobilidade precária na metrópole: problemas socioespaciais dos transportes no cotidiano de São Paulo – da exceção à regra. Tese de doutorado. São Paulo, Universidade de São Paulo.
SILVEIRA, L. et al. (2022). Mobilidade urbana saudável no cruzamento das avenidas identitárias: experiências móveis de mulheres pretas. Ponto Urbe. [Online], n. 30, v.1, pp. 1-19.
SIMMEL, G. (2005). As grandes cidades e a vida do espírito. Mana. [Online], v. 11, n. 2, pp. 577-591. Publicado originalmente em 1903.
SOUZA, C. V.; GUEDES, A. D. (orgs.) (2021). Antropologia das mobilidades. Brasília, ABA Produções.
TARRIUS, A. (2002). La mondialisation par le bas. Paris, Balland.
TELLES, V. S. (2011). A cidade nas fronteiras do legal e ilegal. Belo Horizonte, Argvmentvm.
TORPEY, J. (2001). The invention of the passport: surveillance, citizenship and the state. Cambridge, Cambridge University Press.
TSING, A. (2022). O cogumelo no fim do mundo: sobre a possibilidade de vida nas ruínas do capitalismo. São Paulo, N-1 Edições.
URRY, J. (2000). Sociology beyond societies. Mobilities for the twenty-first century. Londres, Routledge.
______ (2002). Global Complexity. Cambridge, Polity Press.
______ (2004). Connections. Environment and Planning D. [Online], v. 22, n. 1, pp. 27-37.
______ (2007). Mobilities. Cambridge and Malden, Polity.
______ (2012). Social networks, mobile lives and social inequalities. Journal of Transport Geography. [Online], v. 21, pp. 24-30.
______ (2014). Offshoring. Londres, Zed Books.
URRY, J.; LARSEN, J. (2021). O olhar do turista 3.0. São Paulo, Edições Sesc.
VALLADARES, L. P. (2005). A invenção da favela: do mito de origem à favela. Rio de Janeiro, Editora FGV.
VASCONCELOS, E. A. (1991). A cidade da classe média: Estado e política de transporte. São Paulo em Perspectiva. São Paulo, v. 5, n. 2, pp. 38-46.
VILELA, E. M.; LOPES, L. B. F. (2013). Balanço da produção acadêmica sobre migração internacional no Brasil. BIB – Revista Brasileira de Informação Bibliográfica em Ciências Sociais. [Online], n. 72, pp. 55-88.
XIANG, B. (2021). “The Emerging ‘Mobility Business’”. MoLab Inventory of Mobilities and Socioeconomic Changes. Halle/Saale: Anthropology of Economic Experimentation, Max Planck Institute for Social Anthropology.
ZUNINO SINGH, D. (2018). Cidades, práticas e representações em movimento: notas para uma análise cultural da mobilidade como experiência urbana. Tempo Social. São Paulo, v. 30, n. 2, pp. 35-54.
ZUNINO SINGH, D.; JIRÓN, P.; GIUCCI, G. (orgs.) (2018). Términos claves para los estudios de movilidad en América Latina. Buenos Aires, Editorial Biblos.
______ (orgs.) (2023). Nuevos términos claves para los estudios de movilidad en América Latina. Buenos Aires, Teseo.
Descargas
Publicado
Cómo citar
Número
Sección
Licencia
Derechos de autor 2024 Bianca Freire-Medeiros
Esta obra está bajo una licencia internacional Creative Commons Atribución-NoComercial-SinDerivadas 4.0.
La revista no puede pagar derechos de autor o distribuir reimpresiones.
El Instrumento Privado de Autorización y Asignación de Derechos de Autor, fechado y firmado por el (los) autor (es), debe transferirse en el paso 4 de la presentación (Transferencia de documentos complementarios). En caso de duda, consulte el Manual de envío del autor.
El contenido del texto es de responsabilidad del autor (es).