Gramáticas do desenvolvimento. Da economia informal aos assentamentos informais

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Mots-clés :

economia informal, assentamento informal, núcleo urbano informal, Ministério das Cidades, UN-Habitat

Résumé

Este artigo busca aprofundar a discussão do termo informal e de sua trajetória. Por meio de uma genealogia baseada em pesquisas cientométricas e análises documentais, observa-se seu surgimento na economia, em 1960, sendo amplamente difundido até o final dos anos 1990, quando é ressignificado como tipologia urbanística associada às favelas. Nas conferências Habitat I, II e III, revelam-se alinhamentos e inflexões entre agendas internacionais de direito difuso e estratégias de urbanização de assentamentos precários. Constatou-se o momento em que se inicia o uso do termo assentamento informal no Brasil, sua generalidade, sua imprecisão e seus aspectos desclassificatórios que a adjetivação possibilita. Comentários finais apontam revisões necessárias nas políticas públicas e nas pesquisas acadêmicas, buscando maior precisão nos conceitos e menor estigmatização dos territórios.

DOI:

https://doi.org/10.1590/2236-9996.2024-6157636-pt

https://doi.org/10.1590/2236-9996.2024-6157636-en

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Renato Balbim, Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada

Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, Diretoria de Estudos e Políticas Regionais, Urbanas e Ambientais. Brasília, DF/Brasil.

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Publié-e

2024-10-16

Comment citer

Balbim, R. (2024). Gramáticas do desenvolvimento. Da economia informal aos assentamentos informais. Cadernos Metrópole, 26(61), e6157636. Consulté à l’adresse https://revistas.pucsp.br/index.php/metropole/article/view/57636