A percepção da consciência de classe em empreendedoras pretas e pardas na periferia de São Paulo
DOI :
https://doi.org/10.23925/%201982-4807.2023i32e63965Mots-clés :
Empreendedorismo, Empreendedorismo feminino, Percepção, Mulheres pretas, Mulheres periféricasRésumé
Na última década, as pesquisas sobre o tema empreendedorismo feminino tem aumentado substancialmente. A partir deste interesse acadêmico, buscou-se efetuar uma investigação a respeito da percepção de empreendedorismo das mulheres periféricas da cidade de São Paulo, por meio de uma segmentação racial e demográfica de suas relações com o empreendedorismo. Usando técnicas de coleta de dados com entrevistas em profundidade com questionário semiestruturado, e amostragem por meio da técnica snowball e análise de conteúdo, foi observado que muitas vezes a vivência diária de uma empreendedora preta ou parda difere do empreendedorismo que é propagado em livros e auditórios. A amostra foi constituída de 24 mulheres, pretas ou pardas, com idade entre 19 e 76 anos, moradoras das periferias das zonas Leste, Norte e Sul da capital paulista. Os resultados da pesquisa levam à conclusão da necessidade de promoção e fomento em investimentos e incentivos nas regiões periféricas, bem como reconhecer e valorizar a capacidade destas mulheres em criar negócios, gerar renda, e promover a mudança e o crescimento de suas comunidades. Obstáculos como falta de infraestrutura, desinteresse de governos em investimento em saúde e educação, insegurança alimentar, gravidez precoce, maternidade solo, responsabilidade como a única ou principal fonte financeira no sustento de suas famílias, faltas de opções de lazer, sentimentos de solidão e isolamento, somam-se aos problemas normalmente encontrados por quem busca começar um empreendimento. Também foi observado que muitas dessas mulheres não se reconhecem como "empreendedoras", e sim como alguém que iniciou uma alternativa de geração de renda por necessidades primárias básicas: comida para seus dependentes e para si, abrigo, roupas. Um ponto de unanimidade encontrado em nosso grupo de estudo foi a vontade de transformar sua realidade e sua comunidade, trabalhando e contratando pessoas que nela vivem. Todas as mulheres entrevistadas declararam que priorizam dar oportunidades a outras mães ou mulheres com perfil semelhante ao seu. Este trabalho visa destacar o trabalho dessas mulheres, e partindo de seus próprios pontos de vista, e detalhar as diferenças entre o "empreendedorismo de auditório" e os chamados self-made man e a realidade da luta pelo básico para sobrevivência enfrentada por essas mulheres no seu cotidiano
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