Realidade social e os desafios da pesquisa em educação: reflexões sobre o nosso percurso

Autores

  • Maria Isabel de Almeida Universidade de São Paulo

Palavras-chave:

Pesquisa educacional brasileira, pós-graduação em educação, condições para o estudo e a pesquisa em Educação

Resumo

O propósito dessa comunicação é discutir a centralidade da pesquisa educacional, sua dimensão pública e as articulações entre o mundo acadêmico e seu entorno social. Nela se recupera a trajetória vivida pela pesquisa educacional brasileira desde seu início na década de 1930, com a criação do INEP, até a primeira década do século XXI, quando a existência de 104 programas de pós-graduação em Educação no país concentra a maior parte da produção de conhecimento sobre educação na atualidade. Ao longo dessas oito décadas a pesquisa educacional alcançou um patamar onde se destacam: a dedicação aos estudos referentes aos elementos constituintes dos sistemas públicos de Educação; a busca pela compreensão dos fenômenos educacionais na sua complexidade histórico-social; o esforço para apontar possibilidades, caminhos ou pistas que possam contribuir para melhorar a qualidade da Educação e do desempenho escolar; a busca pela produção de estudos coletivos, produzidos por grupos de pesquisa institucionais ou interinstitucionais; o papel das organizações de pesquisadores como a ANPED e a ANPAE, de eventos como os ENDIPEs, e da CAPES enquanto avalizadora da qualidade da formação de quadros e da produção na área. Destacam-se também algumas fragilidades e problemas que marcam igualmente o campo das pesquisas educacionais: o crescimento do volume das pesquisas sem a necessária correspondência da expansão dos recursos financeiros, da infraestrutura, do número de orientadores; as cobranças colocadas pelo controle produtivista e pelos encargos administrativos; o acirramento nas disputas pelos recursos financeiros; a diminuição paulatina do tempo para realização das pesquisas; o número insuficiente de bolsas de estudo; a ausência na maior parte dos programas de pós-graduação de ações voltadas para a formação pedagógica, atitude que despreza o fato de que esses pós-graduandos exercerão, na quase totalidade dos casos, ações de ensino nas futuras instituições empregadoras.

Biografia do Autor

Maria Isabel de Almeida, Universidade de São Paulo

Vice-coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Educação, Vice-presidente da Comissão de Pós-Graduação da Faculdade de Educação da USP, Pesquisadora do GEPEFE-FEUSP

Publicado

2019-10-24

Edição

Seção

Artigos