Violência psicólogica no cotidiano escolar:

o que pensam os alunos?

Autores

  • Andreia Osti Universidade Estadual Paulista
  • Tatiana Aparecida Barbosa Universidade Estadual Paulista

DOI:

https://doi.org/10.23925/2175-3520.2022i55p70-79

Palavras-chave:

Violência psicológica, Relações Interpessoais, Ensino

Resumo

A pesquisa identificou e analisou a representação de 115 alunos do Ensino Fundamental I de duas escolas públicas de Minas Gerais acerca da violência no contexto escolar. Especificamente buscou-se verificar a respeito da violência psicológica na modalidade humilhação presente na relação educacional entre professores e alunos. A metodologia englobou observação do cotidiano da sala de aula e uma entrevista semiestruturada. Os resultados indicam que a maioria dos alunos apresenta uma representação da violência vinculada à verificação de agressões físicas, isto é, a representação da violência está ancorada à violência física, tal como em atos de bater, chutar, machucar, brigar, empurrar, esfaquear. Devido a estas representações, notou-se que a violência psicológica é pouco percebida pelos discentes, visto não haver atos físicos visíveis e pela representação de que um professor não age com violência, tendo seus atos explicados e justificados como parte do processo de ensino, o que inclui as atitudes agressivas e humilhantes, em alguns casos, vindas deste profissional.

Referências

Abramovay, M., & Rua, M. G. (2002). Violências nas escolas. Brasília: UNESCO, Banco Mundial, UNAIDS, USAID, Fundação Ford, CONSED, UNDIME,

________. (2003). Violência na escola: América Latina e Caribe. Brasília: UNESCO.

________. (2006). (ORG). Cotidiano das escolas: entre violências. Brasília: UNESCO, Observatório de violência, Ministério da Educação.

Arendet, H. (2000). Sobre a violência. (A. Duarte, Trad.). Rio de Janeiro: RelumeDumará. (Original publicado em 1969).

Bardin, L. (1979). Análise de conteúdo. Lisboa: Edição 70.

Bourdieu, P; Passeron, J. C. (1975). A reprodução: elementos para uma teoria do ensino. Rio de Janeiro: Francisco Alves, pp. 15-75.

Brasil. (2002). Ministério da Saúde. Secretaria de Assistência à Saúde. Notificação de maus-tratos contra crianças e adolescentes pelos profissionais de saúde: um passo a mais na cidadania em saúde. Ministério da Saúde, Secretaria de Assistência à Saúde. Brasília: Ministério da Saúde.

Charlot, B. (2002). Violência na escola: como os sociólogos franceses abordam essa questão. Sociologias, Porto Alegre. 4 (8).

Debarbieux, E., & Blaya, C. (2002). Violência nas escolas e políticas públicas (pp. 59-92). Brasília: Unesco.

Freire, P. (1979). Conscientização. São Paulo: Cortez e Moraes.

Kappel, V. B., Gontijo, D. T., Medeiros, M., & Monteiro, E. M. L. M. (2014). Enfrentamento da violência no ambiente escolar na perspectiva dos diferentes atores. Interface-Comunicação, Saúde, Educação, 18, 723-735.

Kodato, S. (2004). Representações Sociais de Violência e Práticas Exemplares de Prevenção em Escolas Públicas Brasileiras. In VIII Congresso LusoBrasileiro de Ciências Sociais. Coimbra, set.

Koehler, S. M. F., & Azevedo, M. A. (2003). Violência psicológica: um estudo do fenômeno na relação professor-aluno.

Machado, A. M., Proença, M. (2004). Psicologia escolar: Em busca de novos rumos. São Paulo: Casa do Psicólogo.

Moscovici, S. (1961). La Psychanalyse, son image t son publique. Paris: Puf.

_________. (2003). Representações sociais: investigações em Psicologia Social. Rio de Janeiro: Vozes.

Nascimento, R. C. S. (2011). Entre xingamentos e rejeições: um estudo da violência psicológica na relação entre professor e aluno com dificuldades de aprendizagem. Dissertação de mestrado em psicologia, Universidade Federal da Bahia, Salvador.

Netto, L., Rodrigues, R. N., Costa, M. A., dos Santos, J., & Tatagiba, G. A. (2012). Experiências e especificidades da violência escolar na percepção de funcionários de uma escola pública. Revista de Enfermagem da UFSM, 2(3), 591-600.

de Paula, A. D. S., Kodato, S., & Dias, F. X. (2013). Representações sociais da violência em professores da escola pública. Estudos Interdisciplinares em Psicologia, 4(2), 240-257.

Pedrosa, S. M. (2011). A violência no contexto escolar: concepções e significados a partir da ótica de professores de uma instituição de ensino público. Mestrado em Enfermagem, Universidade Federal de Goiás, Goiânia.

Priotto, E. (2008). Violência escolar: políticas públicas e práticas educativas. Dissertação (Mestrado em Educação); Pontifícia Universidade Católica do Paraná, Curitiba, 2008.

Ristum, M. (2001). O conceito de violência de professoras do ensino fundamental. Tese de Doutorado, Faculdade de Educação, Universidade Federal da Bahia, Salvador, Bahia.

Souza, LVD, & Ristum, M. (2005). Relatos de violência, concepções de violência e práticas escolares de professoras: em busca de relações. Paidéia (Ribeirão Preto), 15, 377-385.

Zaluar, A., & Leal, M. C. (2001). Extra and inter walls violence. Revista Brasileira de Ciências Sociais, 16(45).

Žižek, S. (2009). Violência: seis notas à margem. Lisboa: Relógio D’Água, 2009.

Downloads

Publicado

2023-08-22

Edição

Seção

Artigos