A Psicologia na diferença

miradas latino-americanas e afrobrasileiras

Autores

  • Ângela Fátima Soligo Universidade Estadual de Campinas
  • Edgar Barrero Cuellar Universidade de Salamanca

DOI:

https://doi.org/10.23925/2175-3520.2024i57p7-12

Palavras-chave:

Psicologia, Conhecimentos, Decolonial, Afrocentrada, América Latina

Resumo

Este artigo parte da crítica aos saberes tradicionalmente difundidos e ensinados nos cursos de Psicologia, que se baseiam nos conhecimentos produzidos no ocidente europeu e estadunidenses e traduzem a visão de humano cunhada na modernidade ocidental, de natureza individualista, pretensamente universal, objetiva e neutra. Nessa perspectiva, foram historicamente negados ou apagados os saberes produzidos em África e na América Latina. Para compreender a conexão entre os saberes tradicionais da ciência psicológica e a visão de homem que carregam, realiza-se um resgate histórico da constituição do “Outro” universal, o branco, em oposição aos “outros” desumanizados, a partir das invasões europeias nos continentes africano e americano. A partir da crítica aos saberes psicológicos colonizados, que carregam uma perspectiva eugenista e excludente, apontam-se outras possibilidades de compreensão do humano, em especial na perspectiva africana e afrobrasileira, apresentando como alternativa ao sujeito individual, o sujeito coletivo e a conectividade comunitária como princípios organizadores dos conhecimentos. São apresentados alguns aportes afrocentrados em Psicologia e dois exemplos de produção de saber-fazer em perspectiva decolonial e afroreferenciada.

Biografia do Autor

Ângela Fátima Soligo, Universidade Estadual de Campinas

Doutora em Psicologia pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas). É docente/pesquisadora da Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Departamento de Psicologia Educacional; membro do Grupo de Pesquisa de Estudos e Pesquisas Diferenças e Subjetividades em Educação: estudos surdos, do racismo, gênero e infância (DiS). Ex-presidente da Associação Brasileira de Ensino de Psicologia (Abep), ex-presidente da Associação Latino-americana de Formação e Ensino de Psicologia (Alfepsi).

Edgar Barrero Cuellar, Universidade de Salamanca

Psicólogo Social y Magister en Filosofía. Escritor, investigador, profesor y
conferencista magistral internacional. Doctorando en Filosofía de la Universidad de Salamanca España.
Director de Cátedra Libre Ignacio Martín-Baró en Colombia. Exsecretario general de la Unión Latinoamericana de Entidades de Psicología -Ulapsi-.

Referências

Alves, I. A. (2024) Malungas numa tese. Appris.

Bento, C. A. (2021). Pacto da Branquitude. Companhia das Letras.

Cuellar, E. B. (2017). La Psicología como engaño: ¿adaptar o subvertir? Cátedra Libre.

Cuellar, E. B. (2020). Clínica psicopolítica: hacia una Psicología de la subversión en tiempos del horror neoliberal. Cátedra Libre.

Cuellar, E. B. (2022). Psicopolítica y Otredad. Breve diálogo con Enrique Dussel y Byung-Chul Han. Teoría y Crítica de la Psicología, 18, 187-200.

Dussel, E. (1973). Para una ética de la liberación latinoamericana. Siglo Veintiuno.

Dussel, E. (2012). 1942: el encubrimiento del Otro. Editorial Docencia.

Espinha, T. G. (2017). A temática racial na formação em Psicologia a partir da análise de Projetos Político Pedagógicos: silêncio e ocultação. Tese de Doutorado. Universidade Estadual de Campinas. Repositório Unicamp: https://research.ebsco.com/linkprocessor/v2-external?opid=7zh5jk&recordId=vwtg3nrxbr&url=https%3A%2F%2Fhdl.handle.net%2F20.500.12733%2F1631120

Fanon, F. (2008). Pele negra, máscaras brancas. EDUFBA.

Figueiredo. L. C. M., & Santi, L. R. (2008). Psicologia: uma nova introdução. EDUC.

Fraginals, M. M. (2017). Aportes culturales y deculturación. Raza y racismo. Editorial Caminos.

Freud, S. (1969/1997). O mal-estar da civilização. Imago.

Kilomba, G. (2024). Memórias da plantação: episódios de racismo cotidiano. Cobogó.

Molina, J. A. (2011). O que Freud dizia sobre as mulheres. Cultura Acadêmica.

Molina, J. A. (2021). Freud – como vejo a vida: uma entrevista. iPerfil.

Nogueira, I. B. (2021). A cor do inconsciente: significações do corpo negro. Perspectiva.

Patto, M. H. S. (1984). Psicologia e ideologia: uma introdução crítica à Psicologia Escolar. T.A. Queiroz.

Rouanet, S. P. (1985) A razão cativa: as ilusões da consciência – de Platão a Freud. Brasiliense.

Santos. C. J. F. ( 1998/2017). Nem tudo era italiano: São Paulo e pobreza (1980-1915). Annablume.

Santos, A. O., & Oliveira, L. R. (2023). A metodologia do espelho de Oxum na Psicologia. Revista da ABPN, 16 (Ed. Especial), p. 102-132.

Silva, G. C.; Soligo, A. F., & Ribeiro, M. E. (2024). Espelho, espelho meu: a lei 10.639/03 – infâncias negras e memórias. (Re)construindo saberes: raça, racismo e educação antirracista. Schreiben.

Soligo, A. F. (2015). A formação em Psicologia no Brasil: em busca de novos olhares. Formación em Psicología: reflexiones y propuestas desde América Latina. ALFEPSI Editorial.

Soligo, A. F., & Urt, S. C. (2024). Caminhos que contam histórias: contribuições de pesquisadoras da Educação. Psicologia e Educação: divulgando o conhecimento científico. Appris.

Souza, N. S. (2021). Tornar-se negro: os as vicissitudes do negro brasileiro em ascensão social. Zahar.

Downloads

Publicado

2025-02-27