Cientistas da religião, medicina e saúde mental

Autores

  • Felipe Damázio Pacheco Universidade Nove de Julho

DOI:

https://doi.org/10.23925/1677-1222.2021vol22i2a4

Palavras-chave:

Cientistas da religião, Saúde mental, Psicose

Resumo

Pela ética médica e pelos princípios de Hipócrates, os médicos não podem entrar no escopo da religião. Porém, os pacientes precisam, sim, de um apoio no que concerne a questões relativas à fé. A modernidade tardia e a supervalorização da individualidade dificultam que um conjunto de símbolos coesos possa agir na sociedade como um todo (como no passado). A transferência emocional do paciente ao médico como figura patriarcal e sacerdotal acaba levando o paciente a diminuir a crença em outras profissões da área da saúde. No entanto, uma grande parcela dos pacientes psiquiátricos possui alguma capacidade de refletir sobre as relações e contradições entre suas crenças delirantes (ou “núcleos psicóticos”) e sua confissão religiosa. Em resposta a essas questões, elaboramos uma proposta de inserção do cientista da religião nos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS). Propomos a inserção de profissionais de educação em função diferente da de Técnico de Referência, dando apenas aulas em grupo. Desta forma, utilizarão seus saberes adquiridos na graduação para possibilitar o progresso de determinadas capacidades do paciente e de seus familiares, levando a uma maior resiliência no enfrentamento do transtorno mental.

Biografia do Autor

Felipe Damázio Pacheco, Universidade Nove de Julho

Médico pela Universidade Federal de Santa Catarina (julho de 2006).

Mestre em Ciências da Saúde pela Universidade do Extremo Sul Catarinense (fevereiro de 2013)

Doutor em Ciências da Saúde pela Universidade do Extremo Sul Catarinense (fevereiro de 2017).

Médico psiquiatra (residência pela prefeitura de Guarulhos-SP (março de 2020).

Docente em Psiquiatria pela Universidade Nove de Julho - Campus Guarulhos-SP (fevereiro de 2022).

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Publicado

2022-12-02

Edição

Seção

Seção Temática