Cientistas da religião, medicina e saúde mental
DOI:
https://doi.org/10.23925/1677-1222.2021vol22i2a4Palavras-chave:
Cientistas da religião, Saúde mental, PsicoseResumo
Pela ética médica e pelos princípios de Hipócrates, os médicos não podem entrar no escopo da religião. Porém, os pacientes precisam, sim, de um apoio no que concerne a questões relativas à fé. A modernidade tardia e a supervalorização da individualidade dificultam que um conjunto de símbolos coesos possa agir na sociedade como um todo (como no passado). A transferência emocional do paciente ao médico como figura patriarcal e sacerdotal acaba levando o paciente a diminuir a crença em outras profissões da área da saúde. No entanto, uma grande parcela dos pacientes psiquiátricos possui alguma capacidade de refletir sobre as relações e contradições entre suas crenças delirantes (ou “núcleos psicóticos”) e sua confissão religiosa. Em resposta a essas questões, elaboramos uma proposta de inserção do cientista da religião nos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS). Propomos a inserção de profissionais de educação em função diferente da de Técnico de Referência, dando apenas aulas em grupo. Desta forma, utilizarão seus saberes adquiridos na graduação para possibilitar o progresso de determinadas capacidades do paciente e de seus familiares, levando a uma maior resiliência no enfrentamento do transtorno mental.
Referências
AIELLO, A.; LARSON, E.; SEDLAK, R. The health revolution: Medical and socioeconomic advances. American Journal of Infection Control, 36 (10 Suppl): S116-27, 2008.
ALLSOPP, K.; READ, J.; CORCORAN, R.; KINDERMAN. P. Heterogeneity in psychiatric diagnostic classification. Psychiatry Research, 279: 15, 2019.
ASSIS, J.; BARREIROS, G.; CONCEIÇÃO, M. A internação para usuários de drogas: diálogos com a reforma psiquiátrica. Revista Latino-americana de Psicopatologia, v. 16, n. 4, pp. 584-596, 2013.
AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION (APA). Diagnostic and statistical manual of mental disorders. American Psychiatric Publishing, Inc, 2013.
BEN-SHACHAR, D.; BONNE, O.; CHISIN, R.; KLEIN, E.; LESTER, H.; AHARON-PERETZ, J.; YONA, I.; FREEDMAN, N. Cerebral glucose utilization and platelet mitochondrial complex I activity in schizophrenia: A FDG-PET study. Progress in Neuropsychopharmacology and Biological Psychiatry, v. 31(4), pp. 807-813, 2007.
BENINCASA, M.; REZENDE, M. Tristeza e suicídio entre adolescentes: fatores de risco e proteção. Boletim de Psicologia, v. 56, n. 124, São Paulo, pp. 93-110, 2006.
BEREZIN, R. Psychotherapy of Character: The Play of Consciousness in the Theater of the Brain. Tucson: Wheatmark, 2013.
BOYD, J. A psychodynamic approach to screening for the metabolic syndrome. Journal of the American Academy of Psychoanalysis and Dynamic Psychiatry, v. 33(4): 671-82, 2005.
BRASIL. Presidência da República. Lei 10.216/2001. Brasília, 2001.
BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria de Consolidação no 3, de 28 de setembro de 2017. Brasília, 2017.
BUCHLI, G.; LOURENÇO, H.; SANTOS, K.; PARREIRA, K. Psicofobia: percepção da saúde mental em estudantes de medicina. Revista saúde multidisciplinar, v. 6, n. 2, 2020.
CALAZANS, R.; REIS, L. O conceito de paranoia em Freud. Psicologia científica, v. 34, n. 1, Brasília, pp. 80-95, 2014.
CANAVÊZ, F.; HERZOG, R. De Freud a Deleuze: os descaminhos da resistência. Paidéia, v. 21, n. 48, Rio de Janeiro, pp. 111-118, 2011.
CARTER, H. Confronting patriarchal attitudes in the fight for professional recognition. Journal of Advanced Nursing, 19(2): 367-72, 1994.
CORRIGER, A.; PICKERING, G. Ketamine and depression: a narrative review. Drug design, development and therapy, v. 13, pp. 3051-3067, 2019.
DALGALARRONDO, P. Psicopatologia e semiologia dos transtornos mentais. Porto Alegre: Artmed, 2019.
EL-MALLAKH, R.; GAO, Y.; ROBERTS, J. Tardive dysphoria: the role of long term antidepressant use in-inducing chronic depression. Medical Hypotheses, v. 76 n. 6, pp. 769-773, 2011.
FITTON, V. Fitton Attachment theory: history, research, and practice, Psychoanalytic Social Work, v. 19: 1-2, pp. 121-143, 2012.
FRANKS, B.; BANGERTER, A.; BAUER, M.; HALL, M.; NOORT, M. Beyond “monologicality”? Exploring conspiracist worldviews. Frontiers in Psychology, v.8 (861) pp.1-16, 2017.
FREUD, S. Estudos sobre a histeria (1893 – 1895). Rio de Janeiro: Imago, 1996.
GABBARD, G. Psiquiatria psicodinâmica na prática clínica. Porto Alegre: Artmed, 2016.
GARRISON, F.. History of Medicine. Philadelphia: W.B. Saunders Company, 1966.
HIRDES, A. A reforma psiquiátrica no Brasil: uma (re) visão. Ciência saúde coletiva, v. 14. Rio de Janeiro, pp. 297-305, 2009.
JONES, W. Hippocrates Collected Works I. Cambridge Harvard. 1868.
KOENIG, H. Religião, espiritualidade e transtornos psicóticos. Archives of Clinical Psychiatry, v. 34, n. 1, São Paulo, pp. 40-48, 2007.
LANCET, U. ECT Review Group. Efficacy and safety of electroconvulsive therapy in depressive disorders: a systematic review and meta-analysis. Lancet, v. 361, pp. 799-808, 2003.
LEFF, S.; LEFF, V. From witchcraft to world health. Londres: Lawrence & Wishart, 1956.
LEUCHT, S.; TARDY, M.; KOMOSSA, K.; HERES, S.; KISSLING, W.; SALANTI, G.; DAVIS, J. Antipsychotic drugs versus placebo for relapse prevention in schizophrenia: a systematic review. Lancet, 2; 379 (9831): 2063-71, 2012.
LÉVI-STRAUSS, C. O Feiticeiro e sua Magia. In: Antropologia Estrutural. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1975, p. 194.
MACKENBACH, J. The contribution of medical care to mortality decline: McKeown revisited. Journal of Clinical Epidemiology, v. 49 (11), pp. 1207-1213, 1996.
MALUF, S. Eficácia Simbólica: dilemas teóricos e desafios etnográficos. In Para além da eficácia simbólica: estudos em ritual, religião e saúde. Salvador, EDUFBA, 2012, p. 29.
MENEGATTI-CHEQUINI, M., MARALDI, E., PERES, M., LEÃO, F., VALLADA, H. How psychiatrists think about religious and spiritual beliefs in clinical practice: findings from a university hospital in São Paulo, Brazil. Brazilian Journal of Psychiatry, v. 41, pp. 58-65, 2018.
PEARCE, J.; RAFIQ, S.; SIMPSON, J.; VARESE., F. Perceived discrimination and psychosis: a systematic review of the literature. Social Psychiatry and Psychiatry Epidemiology, v. 54, pp. 1023–1044, 2019.
PENZES, P.; CAHILL, M.; JONES, K.; Van LEEUWEN, J.; WOOLFREY, K. Dendritic spine pathology in neuropsychiatric disorders. Nature neuroscience, 14 (3), pp. 285-93, 2011.
ROGERS, C. Tornar-se Pessoa. São Paulo: Martins Fontes, 1997.
SAKEL, M. The methodical use of hypoglicemia in the treatment of psychoses. American Journal of Psychiatry, 151(6): 240-47, 1994.
DOS SANTOS, M. A transferência na clínica psicanalítica: a abordagem freudiana. Temas em psicologia, v. 2, n. 2. Ribeirão Preto, pp. 13-27, 1994.
SANTOS, A. O sofrimento psíquico e neopentecostalismo – a identidade religiosa e a cura na sociedade de consumo e do espetáculo. 121f. Dissertação (mestrado em Psicossociologia), Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2006.
SIEGEL, B. Love, medicine, & miracles: lessons learned about self-healing from a surgeon’s experience with exceptional patients. New York: Harper & Row, 1986.
SØRENSEN, A.; RUHÉ, H.; MUNKHOLM, K. The relationship between dose and serotonin transporter occupancy of antidepressants – a systematic review. Molecular psychiatry, v. 27, n. 1, pp. 192-201, 2022.
SHWED, H.; KUVIN, S.; BALIGA, R. Medicaid audit: Crisis in confidentiality and the patient-psychiatrist relationship. American Journal of Psychiatry, v. 136, n. 4A, pp. 447-450, 1979.
STAHL, S.; BRILEY, M. Understanding pain in depression. Human Psychopharmacology: clinical & experimental, v.19, pp. 9-13, 2004.
STIGAR, R.; ROCHA, TORRES V.; RUTHES, V. Ciência da Religião e Teologia: há diferença de propósitos explicativos? Kerygma v. 10 n. 1, pp. 139- 151, 2014.
TFOUNI, F.; SILVA, N. modernidade líquida: o sujeito e a interface com o fantasma. Revista Mal-Estar Subjetivo, Fortaleza, v. 8, n. 1, pp. 171-194, 2008.
TORGALSBØEN, A.; RUND, B. “Full recovery” from schizophrenia in the long term: a ten-year follow-up of eight former schizophrenic patients. Psychiatry, v. 61, n. 1, pp. 20-34, 1998.
TURNER, T. Rich and mad in Victorian England. Psychological medicine, v. 19, n. 1, pp. 29-44, 1989.
VILLARES, C.; REDKO, C.; MARI, J. Concepções de doença por familiares de pacientes com diagnóstico de esquizofrenia. Revista Brasileira de Psiquiatria, v. 21, n. 1, pp. 36-47, 1999.
WARTOLOWSKA, K.; COLLINS, G.; HOPEWELL, S.; JUDGE, A.; DEAN, B.; ROMBACH, I.; BEARD, D.; CARR, A. Feasibility of surgical randomized controlled trials with a placebo arm: a systematic review. British Medical Journal Open, v.6 (3): e010194, pp. 1-9, 2016.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0 International License.
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
- Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Attribution-NonCommercial 4.0 International, que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.