Nem Deus, nem amo
O antirreligiosismo na propaganda anticlerical anarquista em inícios da República no Brasil
DOI:
https://doi.org/10.23925/1677-1222.2023vol23i2a2Palavras-chave:
anticlericalismo, livre pensamento, anarquismo, cultura libertária, antirreligiosismo, Primeira República brasileiraResumo
A implantação da República no Brasil, em 1889, intensificou discussões de teor anticlerical que eram fomentadas, entre outros, por livre-pensadores, maçons, socialistas e anarquistas, especialmente devido à entrada no País de congregações religiosas identificadas com o catolicismo ultramontano. Diante disso, neste artigo trataremos da propaganda de combate a Igreja promovida pela imprensa anarquista junto ao movimento operário, que por intermédio do jornal A Lanterna (1901-1904; 1909-1916), trouxe no seu arcabouço também proposições antirreligiosas. Logo, os anarquistas desempenharam um importante papel, via imprensa e na criação de entidades de luta que instigaram o debate social acerca das ingerências do clero católico na sociedade civil (clericalismo), seguida de fortes críticas as instituições religiosas (e a própria religião) que, segundo a ótica libertária, configuravam-se em obstáculos a liberdade de pensamento e a transformação social.
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