Devoção nas ruas da cidade
A materialidade religiosa afro-brasileira no carnaval de rua de São Paulo
DOI:
https://doi.org/10.23925/1677-1222.2024vol24i3a2Palavras-chave:
Religiões afro-brasileiras, Carnaval, Blocos afro, Religião materialResumo
Este artigo pretende abordar os blocos afros surgentes de ontologias afro-brasileiras a partir de seus aspectos materiais – instrumentos, música, dança, rituais e demais artigos religiosos – que são mobilizados no âmbito do carnaval de rua de São Paulo. Para isso, analisaremos a atuação do Bloco Afro É Di Santo, localizado no bairro da Piraporinha, zona sul da cidade. É possível identificar que a materialidade religiosa afro-brasileira composta por suas práticas corporais, musicais e instrumentais ao serem agenciadas na construção cotidiana do bloco e em suas apresentações públicas do carnaval, mobilizam diretamente a experiência religiosa de seus integrantes e foliões. Dessa forma, percorreremos as seguintes etapas: 1) Analisar o carnaval enquanto expressividade das religiões afro-brasileiras, ressaltando a história do carnaval negro de São Paulo; 2) Compreender a origem dos Blocos Afro e suas expressões estético-musicais; 3) Analisar a história e atuação do Bloco Afro É Di Santo, identificando o lugar do religioso em seu cotidiano e apresentações, a partir de suas práticas musicais, corporais e instrumentais. Para isso, utilizaremos a Religião Material enquanto método de pesquisa das religiões afro-brasileiras na Ciência da Religião. Logo, o artigo pretende contribuir para a ampliação do campo de abordagem da Religião Material no interior da Ciência da Religião, principalmente por meio da intersecção entre as religiões afro-brasileiras e o carnaval de rua.
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