Aspectos materiais no assentamento dos ancestrais numa casa de candomblé da nação Efon

Autores

  • Alexandre Mantovani de Lima Pontifícia Universidade Católica de São Paulo

DOI:

https://doi.org/10.23925/1677-1222.2024vol24i3a11

Palavras-chave:

Candomblé Efon, Assentamento dos ancestrais, Religiões Afro-brasileiras, Religião material

Resumo

O candomblé afro-brasileiro, enquanto religião de resistência, traz como alguns de seus alicerces aspectos materiais nos assentamentos de seus ancestrais e orixás que resistem há tempos. Esse legado material e espiritual não existe de modo separado, não há separação entre o material e o espiritual. Nesse sentido, nenhuma religião poderá reivindicar essa primazia ritualística, pois a cada página que voltamos, viramos, lendo e relendo a história, vamos encontrar seus aspectos materiais de assentamentos e adoração, sinalizando uma outra realidade, que está além da nossa cosmovisão, mas acessível pelas percepções dos demais sentidos e intuição. É verdade que os povos africanos trouxeram o seu modo de conexão com seus ancestrais e divindades pela via da memória, mas o culto só foi possível porque, deste lado do Atlântico, encontraram elementos materiais: minerais, vegetais e animais para se conectar com a sua ancestralidade. Temos aqui a importância dos assentamentos no candomblé, que está muito além da sua importância estética. Eles existem porque, para os fiéis, seria impossível acessar a vida de seus ancestrais e orixás. Esses fundamentos estão no corpo, na mente e nos assentamentos de uma casa de candomblé e na religiosidade de seus adeptos.

Biografia do Autor

Alexandre Mantovani de Lima, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo

Mestre em Ciência da Religião pela PUC-SP. Membro do Grupo de Pesquisa Imaginário Religioso Afro-brasileiro "Veredas".

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Publicado

2025-03-15

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