Contribuições da história oral para uma discussão sobre violência doméstica e adoecimento feminino
DOI:
https://doi.org/10.23925/2176-2767.2021v72p257-283Palavras-chave:
Saúde da Mulher. Oralidade. Direitos HumanosResumo
Estudo de abordagem qualitativa, que utilizou a metodologia da história oral de vida. Apresenta a narrativa de Nair, moradora de uma cidade de porte médio do interior do Paraná, que viveu violência psicológica no relacionamento conjugal. Embora tenha rompido o relacionamento abusivo, a entrevistada considera que esses acontecimentos terminaram por lhe comprometer a saúde. Buscou-se, a partir das narrativas, validar as representações sociais do processo violência/adoecimento elaboradas pela entrevistada, antes que buscar uma legitimação nosográfica de suas experiências. Endossando a perspectiva metodológica de Portelli, buscou-se não a verdade dos fatos, mas a interpretação deles, através das memórias de Nair.
Referências
AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. DSM-5: Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais. Porto Alegre: Artmed, 2014.
ATLAS DA VIOLÊNCIA. Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada. Ministério da Economia. 2020. Disponível em https://www.ipea.gov.br/atlasviolencia/download/24/atlas-da-violencia-2020.
BARDIN, L. Análise de Conteúdo. São Paulo: Edições 70, 2016.
BEAUVOIR, S. O Segundo Sexo. A experiência vivida. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1980.
BERNARDINO-COSTA, J.; MALDONADO-TOERRES; GROSFOGUEL, R. (Orgs.). Introdução: Decolonialidade e pensamento afrodiaspórico. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2019.
BORDO, S.R. O corpo e a reprodução da feminidade: uma apropriação feminista de Foucault. JAGGAR, A.M.; BORDO, S.R. (Ed.). Tradução FREITAS, B.L. Rio de Janeiro: Record; Rosa dos Tempos, 1997, pp. 19-41.
BRITTO, I. A. G. de S.; DUARTE, Â. M. M. Transtorno de pânico e agorafobia: um estudo de caso. Rev. bras. ter. comport. cogn., São Paulo, v. 6, n. 2, pp. 165-172, dez. 2004.
BRUSCHINI, C.; LOMBARDI, M. R. Trabalho, educação e rendimento das mulheres no Brasil em anos recentes. Organização, Trabalho e Gênero. HIRATA, H. e SEGNINI, L. (Orgs.). São Paulo: Editora Senac, 2008.
CAETANO, Janaína Oliveira; CASTRO, Helena Carla. Dandara dos Palmares: uma proposta para introduzir uma heroína negra no ambiente escolar.Revista Eletrônica de História em Reflexão. Dossiê Ensino de História, História das Mulheres e Desigualdades Sociais no Brasil.
CHALLOUTS, C. U.; TOLEDO, E.T.; SILVA, T.M.G. A violência, a pandemia e as mulheres: (in)certezas em tempos de Covid-19. Olhares interdisciplinares sobre a pandemia de Covid-19: abordagens para a promoção da saúde. SILVA, T.M.G.; BERNUCI, M.P. (Orgs.). Maringá, PR: Massoni, 2020, pp. 93-114.
DEL PRIORE, M. História das mulheres: as vozes do silêncio. Historiografia brasileira em perspectiva. FREITAS, M.C. (Org.). São Paulo: Contexto, 1998, pp. 217-235
FARGE, A. Lugares para a história. Belo Horizonte: Autêntica, 2015.
FERNANDEZ, J.C.A. Autonomia e promoção da saúde. In: PELICIONI M.C.F.; MIALHE, F.L. (Ed.). Educação e promoção da saúde: teoria e prática. São Paulo: Santos, 2019, pp. 337-346- 512.
FOX, V. C. Historical perspectives on violence against women. Journal of International Women´s studies. V. 4, n. 1, november, 2002. Disponível em https://core.ac.uk/download/pdf/48829196.pdf.
IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Taxa de Fecundidade Total - Brasil 2000 a 2015. Brasil em Síntese. 2021. Disponível em https://brasilemsintese.ibge.gov.br/populacao/taxas-de-fecundidade-total.html.
KRUG, E. et al. Relatório Mundial sobre Violência e Saúde. Genebra, 2002. Disponível em http://portaldeboaspraticas.iff.fiocruz.br/wp-content/uploads/2019/04/14142032-relatorio-mundial-sobre-violencia-e-saude.pdf. Acesso em: 10/10/2019.
LAGE, L.; NADER, M.B. Violência contra a mulher: da legitimação à condenação social. In: PINSKI, C. B.; PEDRO, J. M. (Org.). Nova História das Mulheres. São Paulo: Contexto, 2012. pp. 286-312.
LAWRENZ, Priscila et al. Violência contra Mulher: Notificações dos Profissionais da Saúde no Rio Grande do Sul. Psic. Teor. e Pesq. Brasília, v. 34, e34428, 2018. Disponível <http://www.scielo.br/sci.
LIMA, N.R.L.B. O adoecer feminino e a culpabilidade discursiva: considerações sobre a incidência de lúpus em mulheres. Gênero & Saúde. STREY, M.N.; NOGUEIRA, C.; AZAMBUJA, M.R. Porto Alegre: Ed. Edipucrs, 2010, pp. 255-278.
LOURENÇO, A.; SOCHODOLAK, H. Masculinidades e violência contra a mulher no sudeste do Paraná em tempos de pandemia. Olhares interdisciplinares sobre a pandemia de Covid-19: abordagens para a promoção da saúde. SILVA, T.M.G.; BERNUCI, M.P. (Orgs.). Maringá, PR: Massoni, 2020, pp. 115-146.
LUGONES, M. Colonialidade e gênero. Por um feminismo afro-latino-americano. Pensamento feminista hoje. Perspectivas decoloniais. HOLLANDA, H. B. (Org.). Rio de Janeiro: Bazar do Tempo, 2020, pp.52-83.
LUNZ, Leandro da Silva. Mulher e história: da invisibilidade à sujeito de análise. Revista Eletrônica História em Reflexão. Dourados, MS. v. 12. n. 23. pp. 49-67. jan./jun. 2018.
MARTINS, A.P. V. A mulher, o médico e as historiadoras: um ensaio historiográfico sobre a história das mulheres, da medicina e do gênero. Hist. cienc. saude. Manguinhos, Rio de Janeiro, v. 27, n. 1, pp. 241-264, Mar. 2020. Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-59702020000100241&lng=en&nrm=iso
MARTINS, A.P.V.; FREIRE, M. M.L. História dos cuidados com a saúde da mulher e da criança. História da Saúde no Brasil. PIMENTA, T. S.; HOCHMAN, G. (Orgs.). São Paulo: Hucite, 2018, pp. 182-224.
MELO, S. P. S. C. Doenças crônicas não transmissíveis e fatores associados em adultos numa área urbana de pobreza do nordeste brasileiro. Ciência & Saúde Coletiva, v. 24, n. 8, pp. 3159-3168, 2019. Disponível em https://scielosp.org/pdf/csc/2019.v24n8/3159-3168/pt. Acesso em: 08/03/2018.
MÉRCHÁN-HAMANN, E.; COSTA, A.M. Introdução a uma reflexão sobre saúde, equidade e gênero. Saúde, equidade e gênero: um desafio para as políticas públicas. MÉRCHÁN-HAMANN, E.; COSTA, A.M; TAJER, D. (Orgs.). Brasília: Editora da Universidade de Brasília, 2000, pp. 19-34.
MINAYO, M. C. S.; SOUZA, E. R.; SILVA, M. M. A. Institucionalização do tema da violência no SUS: avanços e desafios. Ciência e Saúde Coletiva, v. 23, n. 6, jun. 2018. Disponível em https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-81232018000602007&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt.
NEME, C.; SOBRAL, I. Principais resultados. Visível e Invisível. A vitimização de mulheres no Brasil. Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Instituto Data Folha, 2019.
PEDRO, J.M. A experiência com contraceptivos no Brasil: uma questão de geração. Rev. Bras. Hist., São Paulo, v. 23, n. 45, pp. 239-260, julho de 2003. Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-01882003000100010&lng=en&nrm=iso>
PERROT, M. Minha história das mulheres. São Paulo: Contexto, 2017.
PERROT, M. As mulheres e os silêncios da história. Trad. Viviane Ribeiro Bauru: Edusc, 2005.
POLLAK, M. Memória, esquecimento, silêncio. Estudos Históricos, Rio de Janeiro, v. 2, n. 3, pp. 3-15, 1989.
PORTELLI, A. A história oral como a arte da escuta. São Paulo: Letra Voz, 2016.
PORTELLI, A. História oral como gênero. Projeto História, São Paulo, v. 22, jun, 2001.
PRIORI, A. et al. Relações de trabalho: colonos, parceiros e camaradas. PRIORI, A. et al. História do Paraná: séculos XIX e XX. Maringá: Ed. da Eduem, 2012. pp. 105-114.
REIS, Marcus Vinicius; CARGNELUTTI, Camila Marchesan. Silenciamentos sobre gênero na historiografia brasileira: Inquisição e feitiçaria na América portuguesa. Topoi (Rio J.), Rio de Janeiro, v. 21, n. 44, pp. 331-349, agosto de 2020.
SAFFIOTI, H. I. B. Gênero, patriarcado, violência. São Paulo: Ed. Perseu Abramo, 2004 (Coleção Brasil Urgente).
SARDENBERG, C.M.B.; TAVARES, M. S. (Orgs.). Violência de gênero contra mulheres. Suas diferentes faces e estratégias de enfrentamento e monitoramento. Salvador: EDUFBA, 2016.
SCHRAIBER, L. B.; D´OLIVEIRA, A. F. P. L. O que devem saber os profissionais de saúde para promover os direitos e a saúde das mulheres em situação de violência doméstica: Projeto Gênero, violência e Direitos Humanos. Novas Questões para o Campo da Saúde. 2. ed. São Paulo: Fundação Ford; CREMESP, 2003.
SCHRAIBER, L. B. et al. Violência dói e não é direito: a violência contra a mulher, a saúde e os direitos humanos. São Paulo: Ed. da UNESP, 2005.
SILVA et al., Violência praticada por parceiros íntimos e saúde: representações de mulheres de um município do Paraná. Rev. Saúde. v. 46, n. 1, jan-abr, 2020. Disponível em https://periodicos.ufsm.br/revistasaude/article/view/41999.
SILVA, T.M. G. Trajetória da Historiografia das Mulheres. Politéia. História e Sociedade. V.8, n. 1. UESB, 2008. Disponível em https://periodicos2.uesb.br/index.php/politeia/article/view/3871.
SOIHET, R. Condição Feminina e Formas de Violência: mulheres pobres e ordem urbana, 1890-1920. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1989.
STREY, M.N.; PULCHÉRIO, G. As tramas de gênero na saúde. Gênero e Saúde. STREY, M. N.; NOGUEIRA, C.; AZAMBUJA, M.R. (Orgs.). Porto Alegre: Edipucrs, 2010, pp. 11-34.
THOMPSON, E. Costumes em comum. Estudos sobre a cultura popular tradicional. São Paulo: Companhia das Letras, 2001.
VEIGA, A.M.; LISBOA, T.K. ; WOLF, C. S. (Orgs.). Gênero e violências. Diálogos Interdisciplinares. Florianópolis: Edições do Bosque, 2016
VENSON, A.M.; PEDRO, J. M. Memórias como fonte de pesquisa em história e antropologia. História Oral. V. 15, n. 2, pp. 125-139, jul. dez., 2012. Disponível em https://revista.historiaoral.org.br/index.php?journal=rho&page=article&op=view&path%5B%5D=261&path%5B%5D=293.
VIEIRA, L. B. et al. Abuso de álcool e drogas e violência contra as mulheres: denúncias de vividos. Rev Bras Enferm. 2014 Mai-Jun; 67(3):366-72. Disponível em https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-71672014000300366.
WORDL HEALTH ORGANIZATION (WHO). Violence against women: prevalence and health effects of intimate partner violence and non-partner sexual violence. Geneva: World Health Organization, 2013. Disponível em: http://apps.who.int/iris/bitstream/10665/85239/1/9789241564625_eng.pdf. Acesso em: 17/01/2020.
WOTTRICH, S. H.; QUINTANA, A. M.; CAMARGO, V. P.; BECK, C. L. C. Manifestos do Coração: significados atribuídos à doença por pacientes cardíacos pré-cirúrgicos. Psicologia: Teoria e Pesquisa, v. 31, n. 2, pp. 213-219, 2015. Disponível em: 10.1590/0102-37722015021127213219
Downloads
Publicado
Versões
- 2021-12-15 (3)
- 2021-12-14 (2)
- 2021-12-14 (1)
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2021 Projeto História : Revista do Programa de Estudos Pós-Graduados de História
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Este obra está licenciado com uma Licença Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional.