O ATELIÊ COMO AUTORRETRATO DO ARTISTA

AFIRMAÇÃO E TRAGÉDIA NAS ARTES E NOS ROMANCES LITERÁRIOS BRASILEIROS

Autores

DOI:

https://doi.org/10.23925/2176-2767.2021v71p9-33

Palavras-chave:

Ateliê, Autorretrato, Romances, Século XIX

Resumo

O ateliê de artista foi tema de inúmeras representações na pintura, especialmente nos autorretratos, e também na literatura internacional e nacional. O local de trabalho era o cenário perfeito para afirmação e reconhecimento social do artista e o autorretrato neste espaço era um dos principais gêneros de divulgação de sua imagem. Comumente voltados aos aspectos positivos de sua arte e tendo em vista um modelo já consolidado na história da arte, o ateliê e o autorretrato foram bastante explorados por artistas brasileiros, construindo igualmente sua importância profissional entre os pares e clientes. Já a literatura foi além em sua construção visual, abordando narrativas que enveredaram, na maioria dos casos, para a tragédia intrínseca às suas vidas, culminando em fracassos, morte e suicídio. Analisaremos, assim, as facetas da representação do artista no ateliê no campo das artes, da literatura internacional e dos exemplos brasileiros, explorando suas intenções e diferenças na composição de sua imagem.

Biografia do Autor

Elaine Dias, Universidade Federal de São Paulo, São Paulo, UNIFESP

Doutora em História (UNICAMP) e docente no Departamento de História da Arte da UNIFESP.

Natália Cristina Aquino Gomes, Universidade Federal de São Paulo, São Paulo, UNIFESP

Doutoranda em História da Arte na UNIFESP, mestre e bacharela em História da Arte pela mesma universidade.

Referências

AMANCIO, K. A. de O. Reflexões sobre a pintura de Arthur Timótheo da Costa. 2016. Tese (Doutorado em História Social) – Universidade de São Paulo, São Paulo. 2016.

AQUINO GOMES, N. C. de. Três retratos em um retrato: No ateliê, de Arthur Timótheo da Costa. Anais Do Museu Paulista: História E Cultura Material, 28, pp. 1-41.

AQUINO GOMES, N. C. de. Retrato de artista no ateliê: a representação de pintores e escultores pelos pincéis de seus contemporâneos no Brasil (1878-1919). 2019. Dissertação (Mestrado em História da Arte) – Universidade Federal de São Paulo, Guarulhos, 2019.

AQUINO GOMES, N. C. de. Homenagem ao escultor em seu ateliê: crítica e defesa no retrato de Eduardo de Sá. In: PITTA, Fernanda; BONNET, A. (orgs.). Trabalho de artista: imagem e autoimagem (1826-1929). São Paulo: Pinacoteca de São Paulo, 2018. p. 219-237.

ARAUJO, E. (Org.). João e Arthur Timótheo da Costa. Os dois irmãos pré-modernistas Brasileiros. São Paulo: Museu Afro Brasil, 2012. Catálogo de exposição.

ARGULLOL, R. Autorretrato: «Refléjate a ti mismo». In: El Retrato. Madri, Galaxia gutenberg/ Círculo de Lectores, 2004.

ASEMISSEN, H. U. Vermeer: «L'Atelier du peintre» ou l'image d'un métier. Adam Biro. Paris, 1989.

BALZAC. H. de. Pierre Grassou. The Floating Press, 1 de jul de 2014. Disponível em: <https://bit.ly/3vtLFzd>. Acesso em: 24 de abril de 2021.

BARBOSA, S. de F. P. Modernos e modernistas de uma mocidade morta no esquecimento. Via Atlântica, nº 12 Dez/2007, pp. 186-187.

BARED, R.; PERNAC, N. La Peinture représentée: Allégories, ateliers, autoportraits. Hazan Eds, 2013.

BITTENCOURT, R. Um dândi negro: o retrato de Arthur Timótheo da Costa de Carlos Chambelland. 2015. Tese (Doutorado em História) – Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2015.

BONAFOUX, P. Portrait of the Artist: The Self-portrait in Painting. Geneva: Skira/Rizzoli, 1985.

BONNET, A. Artiste en groupe: La représentation de la communauté des artistes dans la peinture. Rennes: Presses universitaires de Rennes, 2007.

BONNET, A. (org.). L´Artiste en représentation. Image des artistes dans l’art du XIXe Siècle. Lyon: Fage Éditions, 2012.

BONNET, A. O ateliê do artista: do comércio à reclusão. In: PITTA, F.; BONNET, A. (orgs.). Trabalho de artista: imagem e autoimagem (1826-1929). São Paulo: Pinacoteca de São Paulo, 2018, pp. 167-177.

BUSSILLET, D. L' atelier de l' artiste. Cabourg: Cahiers du Temps Editions, 2015.

CAVALCANTI, A. M. T. A imagem do artista: os casos de Antonio Parreiras e Eliseu Visconti. In: PITTA, Fernanda; BONNET, Alain (orgs.). Trabalho de artista: imagem e autoimagem (1826-1929). São Paulo: Pinacoteca de São Paulo, 2018, pp. 51-57.

CHRISTIANSEN, R. Imagining the Artist: Painters and Sculptors in Nineteenth-Century Literature. In: STURGIS, Alexander; CHRISTIANSEN, R.; OLIVER, L.; WILSON, M. Rebels and Martyrs: The Image of the Artist in the Nineteenth Century. Londres: National Gallery Company Limited, 2006.

DAZZI, C. “A Reforma de 1890”: continuidades e mudanças na escola nacional de belas artes (1890-1900). Atas III Encontro de História da Arte IFCH / UNICAMP. Campinas, 2007, pp. 194-205.

DUQUE ESTRADA, G. L. Mocidade Morta. Rio de Janeiro: Fundação Casa de Rui Barbosa, 1995.

FIGUEIREDO, A. M. de. O museu como patrimônio, a república como memória: arte e colecionismo em Belém do Pará (1890-1940). Antíteses, v. 7, n. 14, p. 20-42, jul. - dez. 2014.

FONT-RÉAULX, D. de. Dans l'atelier: [exposition, Paris, Musée d'Orsay, du 15 février au 15 mai 2005], 2005.

GONCOURT, E. e J. Manette Salomon (2e édition) Edmond et Jules de Goncourt (Tome Premier). 1868.

GRIENER, P. «La notion d’atelier de l’Antiquité au XIXe siècle : chronique d’un appauvrissementsémantique», Perspective [En ligne], 1, 2014.

HUYSMANS, J. K. Às avessas. Tradução de José Paulo Paes; introdução e notas de Patrick McGuinness. São Paulo: Penguin, 2011.

JAGOT, H. L’artiste en représentation, une exposition. In: BONNET, A. (org.). L´Artiste en représentation. Image des artistes dans l’art du XIXe Siècle. Lyon: Fage Éditions, 2012.

LINS, V. Zola e Gonzaga Duque: o artista e a cidade na virada do século. Crítica Cultural (Critic), Palhoça, SC, v.6, n.1, p. 13-21, jan./jul. 2011.

LORENZ, P. Le narcissisme dans l'art. In: Plaisir de France, 1959, n. 245.

MACIEL, F. D. L. O jovem Pedro Américo entre arte, ciência do belo, e um outro nacional. 2016 (Doutorado em Artes Visuais). Universidade de São Paulo, São Paulo. 2016.

MARQUES, L. Taunay, superação e morte do artista. In: SCHWARCZ, Lilia Moritz; DIAS, Elaine (org.). Nicolas-Antoine Taunay no Brasil: uma leitura dos trópicos, São Paulo: Sextante, 2008, pp. 204-213.

MAUPASSANT, G. de. Forte como a morte. In: MAUPASSANT, Guy de. Obras de Guy de Maupassant (Edição organizada por Sérgio Milliet). Romances 2, 5. vol. Editora Itatiaia Limitada, Belo Horizonte, 1983.

NOVELLI DURO, F. M. Cartas de um Pintor: as publicações de Pedro Américo na Gazeta de Notícias entre 1884 e 1885. Revista de História da Arte e da Cultura, Campinas, SP, v. 2, n. 1, p. 185–220, 2021. DOI: 10.20396/rhac.v2i1.15242. Disponível em: https://econtents.bc.unicamp.br/inpec/index.php/rhac/article/view/15242. Acesso em: 22 jun. 2021.

NOVELLI DURO, F. M. Pedro Américo e a Exposição Geral de 1884: pintura histórica religiosa e orientalismo. 2018. Dissertação (Mestrado em História da Arte) – Universidade Federal de São Paulo, Guarulhos, 2018.

PEREIRA. S. G. Arte, ensino e academia: estudos e ensaios sobre a Academia de Belas Artes do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Mauad/Faperj, 2016.

PITTA. F. M. O jabuti e a paleta: o ateliê e o artista em Almeida Júnior. Concinnitas, ano 18, volume 01, número 30, dezembro de 2017.

QUÍRICO, T. Comentários e críticas de Gonzaga Duque a Pedro Américo. 19&20, Rio de Janeiro, v. I, n. 1, mai. 2006.

RIBEIRO, J. A Carne. Editora Ática, São Paulo, 1997.

ROMERO, S. Entre Émile Zola. In: CÂNDIDO, Antônio, Sílvio Romero: teoria, crítica e história literária. Rio de Janeiro, Livros Técnicos e Científicos; São Paulo, Ed. da Universidade de São Paulo, 1978.

SCHNEIDER, A. L. Sílvio Romero, hermeneuta do Brasil. São Paulo: Annablume, 2005.

SILVA, C. F. O moderno em aberto: O mundo das artes em Belém do Pará e a pintura de Antonieta Santos Feio. Mestrado em História, Programa de Pós-Graduação em História Social da Universidade Federal Fluminense - Niterói, Rio de Janeiro, 2009.

SLIVE, S. Pintura holandesa 1600- 1800. Tradução Miguel Lana e Otacílio Nunes. São Paulo: Cosac & Naify, 1998.

TILLIER, B. Vues d'atelier: une image de l'artiste de la Renaissance nos jours, Citadelles & Mazenod, 2014.

ZOLA, É. A obra. In: ZOLA, Émile. Os rougon-macquart – História natural e social de uma família sob o Segundo Império. VII Volume. Livraria Civilização Editora, Rio de Janeiro, 1982.

WATERFIELD, G. The artist’s studio. Hogarth Arts. Compton Verney, 2009.

WEST, S. Self-Portraiture. In: Portraiture. Oxford History of Art. 2004.

WILSON, M. Rebels and Martyrs. In: STURGIS, A.; CHRISTIANSEN, R.; OLIVER, L.; WILSON, M. Rebels and Martyrs: The Image of the Artist in the Nineteenth Century. Londres: National Gallery Company Limited, 2006.

WIMMER, N. Charles Demailly e Manette Salomon: dois romances de artistas dos irmãos Goncourt. Lettres Françaises. Revista da área e língua e literatura francesa, n.18 (2), 2017, pp. 277-286.

Downloads

Publicado

2021-09-01

Como Citar

Dias, E., & Aquino Gomes, N. C. (2021). O ATELIÊ COMO AUTORRETRATO DO ARTISTA: AFIRMAÇÃO E TRAGÉDIA NAS ARTES E NOS ROMANCES LITERÁRIOS BRASILEIROS. Projeto História : Revista Do Programa De Estudos Pós-Graduados De História, 71, 9–33. https://doi.org/10.23925/2176-2767.2021v71p9-33