Antônio Carlos Pacheco e Silva

Eugenia, raça e a Liga Paulista de Higiene Mental, 1926-1950

Autores

DOI:

https://doi.org/10.23925/2176-2767.2022v75p148-168

Palavras-chave:

Higiene mental, Antônio Carlos Pacheco e Silva, Eugenia

Resumo

Fundada em 1926, a Liga Paulista de Higiene Mental conduziu uma série de ações e campanhas a partir de concepções de teor eugênico e racista. Sua atuação transcendia os limites dos muros manicomiais e tinha como objetivo central se tornar peça importante na organização e normatização da sociedade. Nesse processo, o médico Antônio Carlos Pacheco e Silva teve um papel proeminente, dada a sua atuação destacada na defesa dos valores eugênicos e na articulação entre o movimento pela higiene mental e os poderes públicos. Nesse sentido, este artigo acompanha o modo como se entrelaçaram aspectos contextuais e pessoais produzindo ideias e práticas que marcariam a especialidade médica psiquiátrica paulista no segundo quartel do século XX.

Biografia do Autor

André Mota, Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo

Historiador, Professor Associado do Departamento de Medicina Preventiva da FMUSP e Coordenador do Museu Histórico da FMUSP. 

Referências

O BRASIL FOI escolhido para sede do 3º Congresso Mundial de Higiene Mental. A Notícia Médica, São Paulo, 28 set. 1937. p. 6.

ALBERTINI, P. et al. Reich e o movimento de higiene mental. Psicologia em Estudo, Maringá, v. 12, n. 2, 2007. pp. 393-401.

ANTUNES, H. H. Raça de gigantes: a higiene mental e a imigração no Brasil. In: PEREIRA, L. M. F. et al. (Org.). Psiquiatria, loucura e arte: fragmentos da história brasileira. São Paulo: Edusp, 2002. pp. 81-104.

ARCHIVOS PAULISTAS de Hygiene Mental: orgam oficial da Liga Paulista de Hygiene Mental, São Paulo, n. 1, 1928.

CARVALHO, A. M. T. Trabalho e higiene mental: processo de produção discursiva do campo no Brasil. História, Ciência e Saúde – Manguinhos, v. 6, n. 1, 1999. pp. 133-156. DOI: https://doi.org/10.1590/S0104-59701999000200007.

COSTA, J. F. História da psiquiatria no Brasil: um corte ideológico. Rio de Janeiro: Graal, 1978.

CRUZ, R. A. da. Das ervilhas mendelianas ao “décimo submerso”: aspectos teóricos e práticos do desenvolvimento da eugenia nos Estados Unidos. In: MOTA, A.; MARINHO, M. G. S. M. C (Org.). Eugenia e história: ciência, educação e regionalidades. São Paulo: FMUSP/UFABC, 2013. v. 2. p. 37-48. (Coleção Medicina, Saúde e História).

DIWAN, P. S. O espetáculo do feio: práticas discursivas e redes de poder no eugenismo de Renato Kehl, 1917-1937. Mestrado, PUC-SP, São Paulo, Brasil, 2003.

ELLIS JÚNIOR, Alfredo. Populações paulistas. São Paulo, Companhia Ed. Nacional, 1934.

FACCHINETTI, C.; MOTA, A.; MUÑOZ, P. F. A higiene mental no Brasil: racismo, eugenia e infância no Rio de Janeiro (anos 1920 a 1960) In: CAMPOS, R.; RUPERTHUZ, M. (Org.). Higiene mental, psiquiatría y sociedad en Iberoamérica (1920-1960). Madri: Catarata, 2022. pp. 83-116.

FREYRE, G. Ordem e progresso: processo de desintegração das sociedades patriarcal e semipatriarcal no Brasil sob o regime de trabalho livre: aspectos de um quase meio século de transição do trabalho escravo para o trabalho livre; e da monarquia para a república. Rio de Janeiro/Brasília: José Olympio/Instituto Nacional do Livro (INL), 1974 (3a Ed.).

GÓES, W. L. Racismo, eugenia no pensamento conservador brasileiro: a proposta de povo em Renato Kehl. Mestrado, Faculdade de Filosofia e Ciências, Unesp, Marília, SP, Brasil, 2015.

GUERNER, F. Educação do povo: meios de divulgação das medidas tendentes a restringir as psychopatias. Archivos Paulistas de Hygiene Mental – Orgam Oficial da Liga Paulista de Hygiene Mental, São Paulo, n. 1, 1928, pp. 97-114.

LUIZETTO, F. V. Os constituintes em face da imigração: estudo sobre o preconceito e a discriminação racial e étnica na Constituinte de 1934. Mestrado, FFLCH-USP, São Paulo, Brasil, 1975.

MERCADANTE, J. A psicanálise entre a higiene mental e a Escola Nova na obra de Arthur Ramos: contribuições à história da educação no Brasil. Mestrado, Faculdade de Ciências e Letras, UNESP, Araraquara, SP, Brasil, 2014.

MONTEIRO, J. Tupis, tapuias e historiadores: estudos de história indígena e do indigenismo. Livre-Docência, IFCH-Unicamp, Campinas, SP, Brasil, 2001.

MOTA, A. Quem é bom já nasce feito: sanitarismo e eugenia no Brasil. Rio de Janeiro: DP&A, 2003.

PACHECO E SILVA, A. C. A Higiene mental: conceito, generalidades, tendências modernas, campos de aplicação. São Paulo: Departamento de Cultura e Ação Social da Reitoria da USP, 1952.

PACHECO E SILVA, A. C. O Espiritismo e as doenças mentais no Brasil. Anais Portugueses de Psiquiatria, v. 2, n. 2, 1950.

PACHECO E SILVA, A. C. A Psiquiatria na América do Norte. Resenha Clínico-Científica, v. X, n. 1, 1941. pp. 433-439.

PACHECO E SILVA, A. C. Discurso pronunciado como paraninfo na cerimônia de colação de grau dos doutorandos da FMUSP da Turma de 1938. São Paulo: Gráfica da Revista dos Tribunais, 1939.

PACHECO E SILVA, A. C. Discurso ao 1º Congresso Brasileiro de Eugenia. São Paulo, 1929. Mimeo.

PACHECO E SILVA, A. C. Immigração e hygiene mental. Rio de Janeiro: Liga Brasileira de Hygiene Mental, 1926.

PACHECO E SILVA, A. C. Moléstia de Wilson. Archivos Brasileiros de Medicina, n. 3, 1923. pp. 311-316

SERRA, L. N.; SCARCELLI, I. R. Por um sangue bandeirante: Pacheco e Silva, um entusiasta da teoria eugenista em São Paulo. Revista Latino-americana de Psicopatologia Fundamental, v. 17, n. 1, 2014. pp. 85-99.

SOUZA, V. S.; WEGNER, R. História da eugenia: contextos, temas e perspectivas historiográficas. In: TEIXEIRA, L.; SALGADO, T. (Org.) . História da saúde no Brasil. São Paulo: Hucitec, 2018. pp. 328-355

STEPAN, N. L. A hora da eugenia: raça, gênero e nação na América Latina. Rio de Janeiro: Fiocruz, 2005.

TARELOW, G. Q. Psiquiatria e política: o jaleco, a farda e o paletó de Antonio Carlos Pacheco e Silva. Rio de Janeiro: Fiocruz, 2020.

TARELOW, G. Q.; MOTA, A. Eugenia, organicismo e esquizofrenia: diagnósticos psiquiátricos sob a lente de Antônio Carlos Pacheco e Silva, nas décadas de 1920-40. Dimensões, v. 34, 2015. pp. 255-279.

TOLEDO, E. T. de. História, sexualidade e loucura: as psicocirurgias no Hospital Psiquiátrico de Juquery sob o prisma de gênero (1936-1951). Temporalidades, v. 7, n. 2, 2015. pp. 218-238.

Downloads

Publicado

2022-12-15

Como Citar

Tarelow, G. Q., & Mota, A. . (2022). Antônio Carlos Pacheco e Silva: Eugenia, raça e a Liga Paulista de Higiene Mental, 1926-1950. Projeto História : Revista Do Programa De Estudos Pós-Graduados De História, 75, 148–168. https://doi.org/10.23925/2176-2767.2022v75p148-168

Edição

Seção

Artigos Dossiê