Identidades em movimento

Modesto Brocos e a importância do Tríptico de Santiago (1899)

Resumo

Com trajetória e pensamento artístico advindos de deslocamentos entre o Rio de Janeiro e a Europa entre os séculos XIX e XX, o pintor compostelano e professor da Escola Nacional de Belas Artes/RJ Modesto Brocos y Gomes (1852-1936) tem sido apropriado no Brasil por uma de suas obras, a tela Redenção de Cã (1895). Entretanto, o pensamento de Modesto Brocos vai além dessa obra e se expressa por meio de outras pinturas e de sua própria produção escrita. Com a expectativa de ampliar o conhecimento sobre o artista e colocar ênfase em processos e deslocamentos que o influenciam, a comunicação apresenta reflexões sobre a preocupação com as identidades no trabalho do artista. Coloca ênfase, em especial, em uma obra pouco conhecida, o Tríptico de Santiago em Galícia (1899), obra que pertence à coleção artística do Museu de Santiago de Compostela e que, por razões estéticas e pela própria trajetória do artista fora da Espanha, não foi devidamente explorada. A partir de documentação visual e escrita coletada junto a acervos públicos e privados, o texto avalia aspectos da produção e circulação da obra, considerando o impacto de sua recepção em períodos posteriores e sua contribuição para a revitalização das peregrinações a Santiago de Compostela, além dos caminhos de valorização da coleção artística do Museu de Santiago.  Desse modo, explora a performance intervalar do artista, considerando, em perspectiva mais nuançada, que seu pensamento artístico transita entre as culturas nas quais se insere, suas preocupações identitárias e os estilos artísticos que se movimentaram entre o Brasil e Europa do final do século XIX e início do século XX.