Teletransporte Crip: o animal que logo sou – ou não
DOI:
https://doi.org/10.23925/1984-3585.2020i22p91-104Palavras-chave:
Estudos animais, Crip Studies, Neurodiversidade, Neurodivergência, Demi-retóricaResumo
Neste ensaio, examino como os corpos [humanos ou não] portadores de deficiência sofrem uma dupla tendência discursiva de desumanização e super-humanização. A abordagem parte dos Critical Disability Studies e dos Crip Studies, focando principalmente deficiências invisíveis, como o espectro da neurodiversidade. O argumento é que os esforços animalizantes e supra-humanizantes alimentam um mecanismo de constante deslocamento identitário que ressoa com o Paradoxo de Zeno, de Parmênides, e é calcado em um aparato retórico-comunicacional excessivamente restrito. Como a pesquisadora autista Melanie Yergeau discute, um corpo neuroqueer vive constantemente sendo realocado, de uma categoria identitária a outra, da humanidade à animalidade e vice-versa. Concomitantemente, animais em matadouros passam por um processo de humanização que visa fazer com que suas mortes pareçam mais justificáveis e “suaves”. Para provocar um curto-circuito nos modelos que paulatinamente avaliam o quão preparados os corpos humanos e animais estão, de acordo com as normas neoliberais de produtividade, trago a abordagem interseccional de Jasbir Puar, em especial sua discussão sobre a capacidade e a debilidade.Referências
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