O Antropoceno é uma outra Coisa/ Outra coisa
uma abordagem semiótico-psicanalítica
DOI:
https://doi.org/10.23925/1984-3585.2021i24p101-121Palavras-chave:
Antropoceno, Semiótica, Psicanálise, Tanatopolítica, AntropotecniasResumo
Este texto aborda o Antropoceno a partir de uma visão semiótico-psicanalítica, que busca o que está além de estatísticas e números. O autor se alia ações micro a ações macro a fim de se dar conta do incomensurável impacto negativo do humano na Terra. Trata-se de uma abordagem que se volta tanto ao “subterrâneo da cultura” quanto aos “subterrâneos do ser”, já que os problemas climáticos, por exemplo, são apenas parte do que chamo de “antropoviolações”. Única espécie falante do planeta no sentido lacaniano, somos atravessados pelas pulsões, as quais nos conduziram a um “ponto de não retorno”: não é mais possível resolver ou atenuar muitas das alterações antropocêntricas no mundo. No cerne deste imbróglio, um ponto frágil: a responsabilização de cada um. Neste sentido, há algo no Antropoceno que diz respeito a um não querer saber – provavelmente ligado à finitude das coisas e dos seres.
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