Ruínas do visível
políticas implicadas na relação com as imagens na era dos big data
DOI:
https://doi.org/10.23925/1984-3585.2021i24p59-73Palavras-chave:
Imagem, Banco de dados, Tecnologia, ArteResumo
Os debates sobre as imagens frequentemente abordam lugares, técnicas e espaços aos quais são atribuídas características determinantes. Em busca de articular estratégias e desenvolver reflexões sobre os impactos das tecnologias nos agenciamentos das imagens em rede em nossa contemporaneidade, este artigo se propõe a investigar a presença massiva dos aparatos tecnológicos de comunicação (câmeras pessoais, softwares, computadores, celulares, câmeras de controle e vigilância, entre inúmeros outros), os quais desencadeiam contínuas sobrecargas de informação. Propomos uma abordagem especulativa sobre a relação entre imagem, pestes e os big data. É no contexto da presença algorítmica em nosso ambiente, somado ao hábito impulsionado pelas redes sociais para uma produção e compartilhamento excessivo de imagens e dados pessoais, que os grandes bancos de informações se alimentam. Analisar esta relação é explorar um sistema envolto por uma teia complexa de relações e de possibilidades, o qual implica estabelecer conexões que vão além das especificidades das linguagens artísticas e científicas. O texto é guiado pelo projeto de pesquisa “Estéticas pós-antropocêntricas: rumo a sistemas biohíbridos”, que vem sendo proposto por César Baio (Unicamp). Partimos dessa reflexão para procurar vida nas ruínas criadas pelo excesso de imagens no mundo, as violências do visível e formas de ocupar essa rede de disputas por domínios de informações através de práticas artísticas.
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