Verdade e seus desvios:
uma pesquisa empírica sobre vieses ideológicos e filtros-bolha na cidade de São Paulo na eleição de 2018
DOI:
https://doi.org/10.23925/1984-3585.2022i25p96-124Palavras-chave:
Comunicação, Fake news, Filtros-bolha, Câmaras de eco, PolíticaResumo
Na era da informação digital, a comunicação por redes sociais potencializou a circulação de notícias e informações nem sempre verdadeiras. Notícias imprecisas e distorcidas têm sido usadas para poluir a esfera pública e influenciar pessoas. Buscamos com esta pesquisa entender o quanto a ideologia política preexistente influencia a capacidade das pessoas de distinguir notícias verdadeiras de notícias falsas quando expostas a elas vias redes sociais – além de discutirmos a complexidade do termo fake news. Também investigamos até que ponto as câmaras de eco e os filtros-bolha impactam na circulação de determinadas notícias dentro de grupos com perfis ideológicos distintos. Em uma pesquisa de campo que entrevistou 1162 pessoas em todas as regiões do município de São Paulo, foram coletados dados demográficos e político-ideológicos que foram cruzados com as respostas fornecidas para definir se os entrevistados acreditavam ou não nas notícias que lhes foram mostradas durante a entrevista. Cartelas apresentadas pelos auxiliares de pesquisa continham quatro notícias políticas falsas ou imprecisas (que haviam sido desmentidas por pelo menos duas agências de checagem de dados) e duas notícias verdadeiras. Aos entrevistados foi perguntado se já tinham visto aquelas notícias e, no caso de responderem positivamente, se eles acreditavam no que estava sendo dito. Os resultados demonstraram que o viés político-ideológico influencia diretamente a crença das pessoas sobre notícias falsas. Mas, surpreendentemente, os dados não demostraram uma segregação de notícias entre perfis ideológicos distintos. Com isso, não conseguimos comprovar a influência de filtros-bolha ou câmaras de eco na circulação de notícias falsas na cidade de São Paulo em 2018, e atualizaremos este cenário para a discussão do estado da arte em 2022 – novamente ano eleitoral.
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