Máquinas pensantes:

Os dilemas da Inteligência Artificial

Autores

DOI:

https://doi.org/10.23925/1984-3585.2022i26p68-89

Palavras-chave:

inteligência, inteligência artificial, vida artificial, consciência

Resumo

Uma máquina poderia pensar? Se sim, sua inteligência seria equiparável à de humanos? Haveria nessa entidade alguma forma de consciência similar ao que vi- venciamos? Diante destas questões, este trabalho busca estabelecer uma reflexão acer- ca da possibilidade de máquinas serem entendidas como seres pensantes – quiçá so- ciais. O principal objetivo deste artigo é traçar um paralelo claro entre a inteligência artificial e a humana, possivelmente provocar discussões menos cartesianas sobre o que seria inteligência – em nós ou em outras entidades. Para tal, o presente artigo in- vestiga os conceitos de inteligência e vida artificiais e se debruça sobre as principais discussões que permeiam a temática, como: o que seria de fato inteligência? Para existir inteligência em um ambiente digital, deveríamos replicar o cérebro humano em exatidão? Desta forma, diversos caminhos possíveis para a construção (ou enten- dimento) de máquinas genuinamente pensantes são apresentados, de estratégias ma- terialistas a discussões filosóficas que colocam à prova o entendimento do que seria, de fato, a mente humana. No percurso de investigação, são utilizados autores como Margaret Boden, Pamela McCorduck, Claus Emmeche, Alan Turing, Winfried Nöth, João de Fernandes Teixeira entre outros nomes relevantes para a discussão, buscan- do trazer um caráter multidisciplinar para este trabalho, entendendo que o debate so- bre inteligência artificial não poderia ser compreendido apenas como uma disciplina, mas sim por um conjunto que navega da filosofia e biologia à tecnologia e semiótica.

Biografia do Autor

Raíssa Campoy Tonon

Raíssa Campoy Tonon, Graduada em Design na Universidade Presbiteriana Mackenzie (2016) e especialista em Semiótica Psicanalítica pela PUC-SP (2021), é mestranda no programa de Tecnolo- gias da Informação e Design Digital (TIDD) na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PU- C-SP). Realizou graduação-sanduíche no curso (BA) Hons: Graphic Communication pela Cardiff School of Art and Design (2015). Trabalha como designer e é líder de design em um dos maiores times de design da América Latina. Possui interesse em pesquisas sobre semiótica, tecnologia e pós- -humanismo, além de design e comunicação.

Winfried Nöth

Winfried Nöth, membro honorário da Associação Internacional de Semiótica Visual e Ex-presidente da Associação Alemã de Semiótica, é professor da Universidade Católica de São Paulo no programa de estudos pós-graduados Tecnologias da Inteligência e Design Digital (TIDD). Suas pesquisas incluem a semiótica cognitiva, a semiótica geral de C. S. Peirce, a semiótica das mídias, especialmente das ima- gens e dos mapas. Livros em português: Panorama da semiótica de Platão a Peirce (1995), A semiótica no século XX (1996), Manual da semiótica (no prelo) e com Lucia Santaella Imagem: cognição, se- miótica, mídia (4a ed., 2005), Estratégias semióticas da publicidade (2010) e Introdução à semiótica (2017).

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Publicado

2023-08-06

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