Máquinas pensantes:
Os dilemas da Inteligência Artificial
DOI:
https://doi.org/10.23925/1984-3585.2022i26p68-89Palavras-chave:
inteligência, inteligência artificial, vida artificial, consciênciaResumo
Uma máquina poderia pensar? Se sim, sua inteligência seria equiparável à de humanos? Haveria nessa entidade alguma forma de consciência similar ao que vi- venciamos? Diante destas questões, este trabalho busca estabelecer uma reflexão acer- ca da possibilidade de máquinas serem entendidas como seres pensantes – quiçá so- ciais. O principal objetivo deste artigo é traçar um paralelo claro entre a inteligência artificial e a humana, possivelmente provocar discussões menos cartesianas sobre o que seria inteligência – em nós ou em outras entidades. Para tal, o presente artigo in- vestiga os conceitos de inteligência e vida artificiais e se debruça sobre as principais discussões que permeiam a temática, como: o que seria de fato inteligência? Para existir inteligência em um ambiente digital, deveríamos replicar o cérebro humano em exatidão? Desta forma, diversos caminhos possíveis para a construção (ou enten- dimento) de máquinas genuinamente pensantes são apresentados, de estratégias ma- terialistas a discussões filosóficas que colocam à prova o entendimento do que seria, de fato, a mente humana. No percurso de investigação, são utilizados autores como Margaret Boden, Pamela McCorduck, Claus Emmeche, Alan Turing, Winfried Nöth, João de Fernandes Teixeira entre outros nomes relevantes para a discussão, buscan- do trazer um caráter multidisciplinar para este trabalho, entendendo que o debate so- bre inteligência artificial não poderia ser compreendido apenas como uma disciplina, mas sim por um conjunto que navega da filosofia e biologia à tecnologia e semiótica.
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