Comunicação decolonial
por uma semântica de um habitar ancestral
DOI:
https://doi.org/10.23925/1984-3585.2025i31p108-126Palavras-chave:
comunicação decolonial, habitar ancestral, semiótica, complexidade, metodologias indígenasResumo
Este artigo tem como objetivo analisar as relações sinérgicas pragmáticas complementares de um habitar ancestral, isto é, tem como foco epistêmico os equilíbrios semânticos e sistêmicos dos ecossistemas auto-organizados, autopoiéticos, fruto de um cultivo semiótico indígena cuja finalidade seria a manutenção e preservação das trocas sígnicas interespécies formando ambientes co-evolutivos, sucessionais e sinérgicos, aumentando a complexidade das organizações vivas. Tal perspectiva tem um triplo enraizamento – termodinâmico/eco-biológico/agro-cultural – que parte do manejo ancestral da agrofloresta, como observado na Agricultura Sintrópica de Ernst Götsch, e transforma a eco-comunicação em práxis de reflexão complexa, isto é, ela se fundamenta em um movimento semiótico (Charles S. Peirce), sistêmico (Edgar Morin, Ilya Prigogine, Humberto Maturana, Mario Bunge e Jorge Albuquerque Vieira), ecocêntrico (Malcom Ferdinand e Vandana Shiva) e indígena (John Mohawk, Airton Krenak e Davi Kopenawa), e abre espaço para a compreensão de que os ecossistemas produzem linguagens, signos, belezas, informações, significados, trocas, mediações, interpretações, comportamentos, rituais, costumes, alimentos, histórias, enfim, cultura (Jo-Ann Archibald, Margareth Kovach, Shawn Wilson, Kathleen Absolon, Linda Tuhiwai Smith).
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