3.3 EUDAIMONIA, ETHOS E PATHOS: UM OLHAR SOBRE O DISCURSO POLÍTICO NO SÉCULO XXI

Autores

  • Ana Lúcia Magalhães
  • Luiz Antonio Ferreira

Resumo

Há diferença significativa entre ser feliz e estar feliz? Como um homem com importante cargo público entende a promoção da felicidade em seus governados? Entendem-na como uma finalidade da vida humana? Como produto da virtude de um povo? A felicidade, na política, liga-se a uma visão ética da realidade? Essas perguntas são aqui tratadas sob a perspectiva dos estudos retóricos e se considera que ethos e pathos encontram-se indissociavelmente entrelaçados e revelam discursos que expressam e traduzem formas de ver a Eudaimonia que, na visão de Aristóteles, é a finalidade (telos) maior e comum a todos os seres racionais. Tal visão teleológica, que pretende encontrar fins para as ações práticas, sedimenta a crença de que todas as ações humanas ocorrem com o objetivo último de alcançar algum estágio de felicidade. O homem, porém, não a conquista por si, pois a plena liberdade de ação está em conformidade com a felicidade do outro. Por sermos seres retóricos, políticos e sociais, os discursos humanos revelam concepções também retóricas, políticas e humanas sobre o outro. Neste texto, analisamos dois pronunciamentos de líderes mundiais sobre a imigração: no primeiro, Angela Merkel, em entrevista coletiva após visita a um campo de refugiados, demonstra a aceitação e compreensão dos problemas ligados à presença de estrangeiros em seu país. No segundo, Donald Trump, durante campanha eleitoral, propõe a construção de um muro que possa reter imigrantes na fronteira EUA-México. Os pronunciamentos mostram diferentes posições constitutivas do ethos e também diferentes reações patéticas no auditório, em uma dependência direta da posição política assumida pelos membros da plateia.

 

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Biografia do Autor

Ana Lúcia Magalhães

Pós-doutora em Retórica e Argumentação é Doutora e Mestre em Língua Portuguesa pela PUC-SP. Especialista em Comunicação Organizacional, atualmente é Coordenadora do Curso de Tecnologia em Eventos e professora titular de Comunicação Empresarial, Métodos da Produção do Conhecimento e Leitura e Produção do Texto na Faculdade de Tecnologia de Cruzeiro. É consultora em Gestão Empresarial e professora-autora nas disciplinas de Comunicação Empresarial e Comunicação e Expressão no Centro Paula Souza. Trabalhou com projetos e orientação de trabalhos de graduação. Atuou por mais de 15 anos em coordenação de eventos internacionais e nacionais no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e tem experiência nas áreas: Administrativa (Gestão e Logística) e Magistério. É membro da ABC-Association for Business Communication (USA), da ISHR-International Society of the History of Rhetoric e da SBR-Sociedade Brasileira de Retórica. Faz parte do Grupo de Estudos Retóricos e Argumentativos da PUC-SP e do Grupo de Estudos de Leitura, ambos cadastrados no CNPq. É editora do International Journal on Active Learning e das revistas H-Tec (da Fatec de Cruzeiro), Tecnologia, Gestão e Humanismo (Fatec de Guaratinguetá) e revisora da revista Janus (Unifatea-Lorena).

Luiz Antonio Ferreira

Pós-doutor em Letras Clássicas e Vernáculas na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP (2015) e Doutor em Educação pela USP (1995). É professor titular do Departamento de Português da PUC-SP, coordenador do Programa de Estudos Pós-Graduados em Língua Portuguesa da PUC-SP e coordenador do Grupo ERA – Estudos Retóricos e Argumentativos, que possui sede na PUC-SP. Tem experiência na área de Letras e Ensino, com ênfase em Língua Portuguesa e suas pesquisas enfocam os seguintes temas: retórica, argumentação, metodologia de ensino de línguas, língua portuguesa, Linguística e ensino-aprendizagem. É autor do livro Leitura e Persuasão: princípios de análise retórica (Editora Contexto, 2010). Com o Grupo ERA, organizou os livros “Retórica, escrita e autoria na escola” (2018), “Artimanhas do dizer: retórica, oratória e eloquência” (2017), “As mulheres que a gente canta” (vol. 2, 2016), “Retórica do risível” (2014), “A retórica do medo” (2012) e “Retórica do opressor” (2010).

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Publicado

2020-05-07

Edição

Seção

III – Reflexões sobre o Pathos na Contemporaneidade