A VOLTA DO TALIBÃ AO GOVERNO DO AFEGANISTÃO

POR UMA ANÁLISE MATERIALISTA DO DISCURSO

Autores

  • Max Rocha Universidade Federal do Piauí - UFPI; Universidade Estadual de Alagoas - UNEAL.
  • Maraisa Universidade Federal do Piauí - UFPI
  • João Benvindo Universidade Federal do Piauí - UFPI

DOI:

https://doi.org/10.23925/2316-3267.2022v11i1p221-241

Palavras-chave:

Análise de discurso materialista. Discurso jornalístico. Talibã.

Resumo

Neste trabalho, propomos uma análise de sequências discursivas construídas por meio de uma entrevista veiculada no programa Domingo Espetacular, da Rede Record de televisão, durante os meses de setembro e outubro de 2021. O jornalista Roberto Cabrini viajou até o Afeganistão e entrevistou várias pessoas sobre a retomada do poder pelo grupo Talibã. Entre os entrevistados, selecionamos Enamullah Samangani, considerado o porta-voz oficial do referido governo. Nessa entrevista, analisamos os diferentes efeitos de sentido produzidos pela materialidade discursiva.  Para isso, ancoramos a nossa investigação na Análise de Discurso Materialista, inaugurada por Michel Pêcheux e ampliada por seus continuadores, focalizando alguns dispositivos analíticos, a exemplo da formação discursiva, formação ideológica, memória discursiva, interdiscurso, posição-sujeito, entre outros. Assim, verificamos que o discurso jornalístico, a partir dos recortes apreciados em nossos gestos de análise, é produzido a partir de duas posições-sujeito diferentes, as quais tensionam a imagem que se tem sobre o Talibã e suas ações. No primeiro recorte, notamos que o jornalista retoma memórias constitutivas sobre o Talibã (pelo viés ocidental), enquanto o entrevistado busca atualizar essa memória a partir de um discurso de novidade. Quanto ao segundo recorte, compreendermos que o papel da mulher afegã ainda é socialmente constituído pelo traço da religiosidade, uma vez que cabe aos seus líderes a decisão sobre seu futuro.

Metrics

Carregando Métricas ...

Biografia do Autor

Max Rocha, Universidade Federal do Piauí - UFPI; Universidade Estadual de Alagoas - UNEAL.

Doutorando em Linguística pelo Programa de Pós-Graduação em Letras (PPGEL) da Universidade Federal do Piauí (UFPI). Docente da Universidade Estadual de Alagoas (UNEAL/Palmeira dos Índios).

Maraisa, Universidade Federal do Piauí - UFPI

Docente da graduação e pós-graduação em Letras da UFPI. Mestre e doutora em Linguística pela UNICAMP. Fez Estágio Pós-Doutoral em Educação de Surdos (Deaf Education) pela Flagler College
(Florida/USA), realizado junto ao Master’s Program in Education of the Deaf and Hard of Hearing, sob a supervisão da Profa. Dra. Margaret H. Finnegan. Visiting Scholar, sendo Bolsista da Fulbright na Flagler
College (Florida/USA). Membro do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Análise do Discurso - NEPAD/UFPI/CNPq.

João Benvindo, Universidade Federal do Piauí - UFPI

Possui doutorado e pós-doutorado em Linguística pela UFMG. Mestre e especialista em Linguística pela
UFPI com graduação em Letras-Português pela mesma instituição. Docente da graduação e pós-graduação em Letras da UFPI. Editor da revista Form@re. Fundador e atual coordenador do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Análise do Discurso – NEPAD/UFPI/CNPq. Membro do GT sobre Argumentação, da ANPOLL.

Referências

ALTOÉ, Adailton. O islã e os mulçumanos. Petrópolis, RJ: Vozes, 2003.

AUTHIER-REVUZ, Jacqueline. Heterogeneidade(s) enunciativa(s). Cadernos de Estudos Linguísticos, Campinas, SP, v. 19, p. 25–42, 2012.

ALTHUSSER, Louis. Ideologia e aparelhos ideológicos do Estado. Lisboa: Editorial

Presença, 1980.

BAKHTIN, Mikhail. Estética da criação verbal. 2. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1997.

BARBOSA SILVA, Samuel. A mulher no discurso da publicidade e os efeitos de sentido para promoção do capital. 2019. 134 f. Dissertação (Mestrado em Linguística) – Faculdade de Letras, Programa de Pós Graduação em Letras e Linguística, Universidade Federal de Alagoas, Maceió, 2017

ERICSON, Sóstenes. Estado democrático de direito: deslocamentos e ambiguidades na argumentação. Revista Eletrônica de Estudos Integrados em Discurso e Argumentação, v. 19, n. 1, p. 103-120, 31 ago. 2019.

FRESTON, Paul. Protestantismo e política no Brasil: da constituinte ao impeachment. 1993. 307f. Tese (doutorado) - Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Filosofia e Ciencias Humanas, Campinas, SP, 1993.

FLORÊNCIO, Ana Maria Gama; MAGALHÃES, Belmira; SILVA SOBRINHO, Helson Flávio; CAVALCANTE, Maria do Socorro Aguiar de Oliveira. Análise do discurso: fundamentos e práticas. Maceió/AL: EDUFAL, 2009.

GREGOLIN, Maria do Rosário. A mídia e a espetacularização da cultura. In: GREGOLIN, Maria do Rosário (org). Discurso e mídia: a cultura do espetáculo. São Carlos: Claraluz, 2003.

LOPES, Maraisa. Folha: do manual ao jornal ou do jornalístico ao pedagógico. 2012. 191 p. Tese (doutorado) - Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Estudos da Linguagem, Campinas, SP. Disponível em: http://www.repositorio.unicamp.br/handle/REPOSIP/270535. Acesso em: 20 out. 2021.

LOPES, Maraisa. Manuais de redação da Folha de S. Paulo: dos efeitos de sentido produzidos por seus aspectos materiais, Entremeios [Revista de Estudos do Discurso], Seção Estudos, Programa de Pós-graduação em Ciências da Linguagem (PPGCL), Universidade do Vale do Sapucaí, Pouso Alegre (MG), vol. 11, p. 99-111, jul. - dez. 2015.

MAGALHÃES, Belmira. O sujeito do discurso: um diálogo possível e necessário. Linguagem em (Dis)curso, Tubarão, v. 3, Número Especial, p. 73-90, 2003.

MARIANI, Bethania Sampaio Correa. O comunismo imaginário: práticas discursivas da imprensa sobre o PCB (1922-1989). 1996. 256f. Tese (doutorado) - Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Estudos da Linguagem, Campinas, SP. Disponível em: http://www.repositorio.unicamp.br/handle/REPOSIP/270690. Acesso em: 22 out. 2021.

MÉSZÁROS, István. O poder da ideologia. Tradução de Paulo Cezar Castanheira. São Paulo: Boitempo, 2004.

ORLANDI, Eni Puccinelli. Discurso e Argumentação: um observatório do político. Fórum Linguístico. Florianópolis, n.1, p. 73-81, jul-dez.1998. Disponível em: https://periodicos.ufsc. br/index.php/forum/article/view/6915/6378. Acesso em: 15 out. 2021.

ORLANDI, Eni Puccinelli. Discurso e texto: formulação e circulação dos sentidos. 2. ed. Campinas/SP: Pontes, 2005.

ORLANDI, Eni Puccinelli. As formas do silêncio: no movimento dos sentidos. 6. Ed. Campinas/SP: Editora da Unicamp, 2007.

ORLANDI, Eni Puccinelli. Terra à vista – Discurso do confronto: velho e novo mundo. 2. ed. Campinas/SP: Editora da Unicamp, 2008.

ORLANDI, Eni Puccinelli. Língua brasileira e outras histórias: discurso sobre a língua e ensino no Brasil. Campinas/SP: RG Editora, 2009.

ORLANDI, Eni Puccinelli. A linguagem e seu funcionamento: as formas do discurso. 6. ed. Campinas/SP: Pontes Editores, 2011.

ORLANDI, Eni Puccinelli. Análise de discurso: princípios e procedimentos. 12. ed. Campinas/SP: Pontes Editores, 2015.

PERELMAN, Chain; OLBRECHTS-TYTECA, Lucie. Tratado da argumentação: a nova retórica. 3. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2014.

PÊCHEUX, Michel; FUCHS, Catherine. A propósito da Análise Automática do Discurso: atualização e perspectivas. Tradução de Péricles Cunha. In: GADET, Françoise; HAK, Tony. (Orgs.). Por uma análise automática do discurso: uma introdução à obra de Michel Pêcheux. 3. ed. Campinas: Editora da Unicamp, 1997. p. 163-252.

PÊCHEUX, Michel. O discurso: estrutura ou acontecimento. Tradução de Eni Puccinelli Orlandi. Campinas/SP: Pontes Editores, 1990.

PÊCHEUX, Michel. Semântica e discurso: uma crítica à afirmação do óbvio. Tradução de Eni Puccinelli Orlandi, Lorenço Chacon J. Filho, Manoel Luiz Gonçalves Corrêa, Silvana M. Serrani. Campinas/SP: Editora da Unicamp, 2014.

PIRIS, Eduardo Lopes. A argumentação numa perspectiva materialista do discurso, Linha D'Água (Online), São Paulo, v. 29, n. 2, p. 97-121, dez. 2016.

VAISMAN, Ester. A ideologia e sua disseminação ontológica, Verinotio (Online), Rio de Janeiro, n. 12, Ano VI, p. 40-64, out. 2010.

Downloads

Publicado

2022-05-09 — Atualizado em 2022-05-10

Versões