n. 30 (2016): Verve

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verve, em seu trigésimo número, é insurreta, entre práticas do passado e do presente. a aula-teatro “revolução espanhola” expõe, a partir do livro “o curto verão da anarquia”, de h. m. enzensberger e de anotações do nu-sol – e redigida por beatriz carneiro, lúcia soares e luíza uehara – a intensa força libertária que produziu, em meio às violências de estado e partidos, experiências inéditas e singulares, de homens e mulheres livres, vivas na memória das lutas.

em verve 30, a ação direta, atitude própria aos anarquismos, desdobra-se da espanha revolucionária atravessando distintos momentos históricos e escritas, como o editorial de josé oiticica para o jornal ação direta, publicado após o nal da segunda guerra mundial. francis dupuis-déri, desde uma perspectiva histórico-sociológica, ataca o senso comum em torno da tática black bloc, enquanto edson passetti analisa os blocos negros atento a suas potências éticas e estéticas, e interessado no negro como subversão da convecção das cores: a produção não de uma política das manifestações, mas de uma antipolítica como prática de liberdade. ação direta e arte livre encontram passagem no poema “brecha”, de thiago r.

a função moral e preconceituosa da lei é assertivamente explicitada por sébastien faure, que se conecta à página única que traz recente hypomnemata do nu-sol acerca do silenciamento dos que têm os corpos violentados pela cultura do castigo que alimenta a in ndável roda das queixas, processos, vítimas, algozes e tribunais.

as tecnologias de governo próprias do pós-guerra e da racionalidade neoliberal são mapeadas por helena wilke, a partir do estudo das modulações da governamentalidade planetária por meio dos programas de desenvolvimento das nações unidas. essas tecnologias produzem mapeamentos que contrastam com as geogra as anarquistas cujas genealogia e potências contemporâneas são apresentadas por simon springer.

a a rmação paraíso agora!, trecho do diário de julian beck, apresentado em breve nota por gustavo simões, lembra a ocupação do teatro odeon em paris, durante o acontecimento maio de 1968, expondo proveniências dos atuais movimentos libertários de resistência e a força que não cessa das anarquias.

nas resenhas, rebeldias libertárias são apresentadas por luíza uehara e acácio augusto: do preto anarquista lima barreto e sua tática de camu agem contra a gramática do poder ao insólito anarquista japonês kôtoku shusui, que ao enfrentar a rigidez de uma cultura nacional e a rmar a ação direta,depreendeu- se das con gurações arbóreas e voou livre como folhas no outono.

em vervedobras, somado ao registro de “gazel em fuga”, poema musicado especialmente para a aula teatro “revolução espanhola”, imagens de resistências e de ação direta, das proveniências revolucionárias espanholas, às artes intensas do the living theatre e ao combate acalorado do negror nas ruas. sem nostalgia e atenta à atualidade da vida como batalha. verve 30, em centelhas.

 

Publicado: 2018-04-16