No. 9 (2006): Verve

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canibal não é mais a designação colonialista suplementar aos selvagens, aos outros, aos anormais, aos perigosos. o antropólogo claude lévi-strauss, num gesto rápido e certeiro, mostra que somos todos canibais: rompimento com o etnocentrismo.

o iluminismo não é mais a referência inquestionável da anarquia. práticas anarquistas contemporâneas, sem perder o vigor das lutas e pensamentos passados, dissolvem universais, problematizam o poder, terrorismos e a propagação da idéia de europa pacífica.

os novos campos de concentração urbanos reafirmam os etnocídios e levam o abolicionismo penal a se revirar e a decompor o controle de jovens infratores a céu aberto, os posicionamentos anarquistas sobre prisioneiros, os contingentes de pessoas tidas como inúteis e as declarações universais humanistas relacionadas à tolerância zero.

é preciso federação anarquista? conheça a federação libertária argentina.

mulheres corajosas atualizam outras discussões: emma goldman, fala do petrel buenaventura durruti na guerra civil espanhola; e por dentro desta luta, amparo poch y gascón (dra. salud alegre) da revista mujeres libres, combate a tirania do amor;  margareth rago e tania fonseca desassossegam pelo cuidado de si e a experimentação dehabitar entre.

leitor e livro corpo a corpo: escritas que queimam selvagens e sem paz, tendo o sangue como tinta. são mostradas as conexões entre a anarquia e as artes, mesmo com um silêncio sobre o dadaísmo. por isso, partituras do anarquista john cage não deixam cessar o ruído do silêncio em verve 9.

as resenhas interceptam deslizes, relacionam ficção científica e sociedade de controle, comentam a obra de uma anarquista contundente, analisam os encontros sobre foucault ocorridos em 2004, e saúdam os andarilhos que ladeiam henry david thoreau.

Publié-e: 2011-02-11

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