Stealthing
Estelionato sexual traduzido como violência sexual e dominação masculina sobre corpos femininos
DOI:
https://doi.org/10.23925/ddem.v.3.n.15.71321Palavras-chave:
Violência sexual contra a mulher, Violação sexual mediante fraude, Stealthing, Retirada não consensual do preservativo, Problema de saúde públicaResumo
O Stealthing consiste na retirada do preservativo durante a relação sexual sem o conhecimento de um dos parceiros sexuais. Tal conduta tem as mulheres como principais vítimas, porém, muitas vezes é tratada como uma mera intercorrência durante a relação sexual, não sendo encarada como infração penal, apesar de se encaixar como o crime de violação sexual mediante fraude. Desta forma, o presente artigo tem por objetivo tratar do Stealthing e suas consequências jurídicas e práticas, buscando compreender como tal conduta se apresenta como uma espécie de violência sexual contra mulher. Foi utilizada como metodologia a pesquisa qualitativa e descritiva, através da análise doutrinária e de artigos científicos nacionais e estrangeiros publicados em plataformas que reúnem informações e conhecimentos acerca do tema. Ademais, foram utilizadas decisões judiciais proferidas por tribunais brasileiros. Conclui-se que a conduta do Stealthing configura uma violência sexual contra a mulher, encaixando-se, inclusive, no conceito de violência sexual trazido pela Lei nº 11.340/2006, configurando, um problema de saúde pública, tendo em vista consequências tais como a possiblidade de que a vítima possa contrair uma infecção sexualmente transmissível ou passar por uma gravidez não planejada.
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