Peirce e o crescimento da razoabilidade concreta: investigando uma relação entre ética e a realidade de Deus

Autores

  • Flávio Augusto Queiroz Silva Pontifícia Universidade Católica de São Paulo

DOI:

https://doi.org/10.23925/1809-8428.2018v15i1p108-118

Palavras-chave:

Pragmaticismo, Razoabilidade, Ética, Deus

Resumo

Na obra do cientista e lógico Charles S. Peirce (1839 – 1914), chama-nos atenção a ideia de uma “realidade de Deus”. Para entendê-la, propomos investigar os enlaces entre a Metafísica e a Ética do autor. Através do conceito de “crescimento da razoabilidade concreta” – profundamente organizador desta filosofia – veremos que o propósito da ação humana radica em contribuir com a expansão da Razão no mundo, o summum bonum que acaba por ser também ideia norteadora para a realidade de Deus. O pragmaticismo pode, assim, abarcar um teísmo fundamentado em um realismo radical. Totalmente desvinculado de doutrinas dogmáticas, o Deus visionado por Peirce continua a criar o Universo, em um processo que tem um fim ideal, mas não determinativo. Tal processo pode contar com a contribuição da ação humana, por isto a importância de se discutir os temas da Ética tais como a liberdade e o autocontrole, sem o apoio de uma cartilha determinada de ações a tomar. A Ética peirciana baseia-se no bom raciocínio e no alinhamento com o admirável – poder atrativo que “governa sobre os outros com seu cetro, conhecimento, e seu globo, amor” (CP 5.520, 1905). Não por acaso, como pretendemos demonstrar neste trabalho, a ação de Deus sobre o cosmos tem exatamente o mesmo caráter. Portanto não deveria ser estranho, para um estudioso de Peirce, aceitar o convite de subir no “bote do musement” e imaginar que os conceitos da Ética, que valem para a vida cotidiana ou o labor científico, se interpenetram com a realidade de Deus.

Biografia do Autor

Flávio Augusto Queiroz Silva, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo

Doutorando em Filosofia pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Mestre e graduado em Comunicação Social pela Universidade de Brasília.

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Publicado

2018-06-29

Edição

Seção

Artigos