Conteúdo conceitual em McDowell: limites e acertos
Keywords:
Racionalidade, Conteúdo conceitual, Animais não-humanos, John McDowell.Abstract
O presente artigo pretende avaliar em que medida é satisfatória a concepção de John McDowell sobre o conteúdo mental conceitual. Para isso, analisa e critica duas ideias: 1. Que a posse de capacidades conceituais implica necessariamente a possibilidade de autoconsciência; e 2. Que apenas os seres humanos têm estados mentais dotados de conteúdo conceitual. Assim, num primeiro momento, busca-se esclarecer o que é “conteúdo conceitual” para McDowell e contrapõe-se sua concepção com algumas outras; para, num segundo momento, problematizar a ideia de que ter estados mentais dotados de conteúdo conceitual implica necessariamente autoconsciência. E por fim, questiona-se a concepção de McDowell de que somente os seres humanos podem ter estados mentais com conteúdo conceitual. A partir das investigações, sugere-se que alguns animais não-humanos também têm tais estados em algum grau e esse seria o ponto em que McDowell não teria sido muito feliz em abordar, já que ele considera que os animais não-humanos não têm racionalidade e espontaneidade. Porém, isso não tira o crédito do naturalismo moderado de McDowell, que afirma que sensibilidade e entendimento trabalham de forma indissociada, tese esta muito acertada. No entanto, parece que também nos animais não-humanos sua sensibilidade trabalha em cooperação com certa racionalidade primitiva, ainda que eles não estejam aptos a dar razões para suas crenças, assim como os seres humanos, com sua linguagem complexa.
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