Por uma partilha estésica da sociabilidade
DOI:
https://doi.org/10.23925/1809-8428.2020v17i1p102-117Palavras-chave:
Estesia. Disponibilidade. Regime de Ajustamento. Musement. Compartilhamento. SociabilidadeResumo
O artigo analisa a competência estésica da qual o sujeito dispõe e que lhe permite sentir outra pessoa, o ambiente, os objetos, a partir das suas propriedades significantes, apreendidas pelas ordens sensoriais. Em especial, volta-se às atividades de agrupamentos sociais que, como actante coletivo de sujeitos, define-se não por suas competências modais mas pelas competências estésicas e as condições de estar disponível e aberto ao “outro” na inter-ação em reciprocidade que se desenrola sob a predominância do regime de sentido por ajustamento (Landowski, 2004, 1997). Nos contatos em copresença, sem qualquer mediação, surge uma experiência compartilhada que, com liberdade e imaginação, promove um renovar da sensibilidade na comunidade na qual todos se nutrem do compartilhamento social. Em atividades livres e sem roteiros prontos, cada unidade atua em coparticipação para constituir uma coletividade solidária. Em copresença e reciprocidade, interatuando um com o outro, esse estar socializado possibilita um desabrochar da solidariedade que faz não só a vida ter significação, mas fazer sentido. Apoiado nos desenvolvimentos teóricos e metodológicos dos regimes de sentido, de interação e risco de Landowski (2005), as experiências distintas com essas características conduzem à aproximação do conceito de “sentido sentido” de Landowski ao de “musement” de Ch. S. Peirce que o artigo argumenta as correspondências possíveis.