Alasdair MacIntyre: sobre o bom e os bens entendidos em termos de florescimento humano
DOI:
https://doi.org/10.23925/1809-8428.2020v17i2p277-290Palavras-chave:
Alasdair MacIntyre. Florescimento Humano. BensResumo
Alasdair MacIntyre se propõe a retomar contemporaneamente um projeto ético substancialista, cujo modelo teórico é a “tradição clássica das virtudes” para a qual a noção de eudaimonia é um dos conceitos fundamentais. Tal projeto encontra-se explícito inicialmente em After Virtue, e, dado o caráter provisório dos resultados de sua reflexão, posteriormente corrigido e aperfeiçoado em Dependent Rational Animals e, mais recentemente, Ethics in the Conflicts of Modernity. No entanto, ao examinar tais obras, podemos perceber que a compreensão macintyriana do bem humano sofre alterações profundas ao longo desse processo de reabilitação da tradição clássica das virtudes. Assim, se em After Virtue MacIntyre apresenta um conceito de bem humano interno às diversas práticas sociais nas quais o ser humano se acha envolvido, prescindindo da biologia metafisica de Aristóteles, em Dependent Rational Animals, com o giro tomista em sua filosofia, ele corrige tal compreensão, passando a aceitá-la parcialmente até alinha-la plenamente à perspectiva tomista em Ethics in the Conflicts of Modernity. O presente trabalho visa explicitar os elementos teóricos envolvidos nesse processo de mudança, por parte de MacIntyre, de uma explicação socialmente teleológica para uma explicação biologicamente teleológica do bem humano nas obras acima mencionadas.