Para uma Leitura Lingüístico-Pragmática da Teoria da Verdade do Jovem Nietsche

Autores

  • Thiago Mota UFC - Brasil

Palavras-chave:

Nietzsche, Pragmática, Verdade, Linguagem, Poder

Resumo

O objetivo deste trabalho é apresentar uma leitura lingüístico-pragmática da concepção de verdade desenvolvida por Nietzsche em seu primeiro período de produção. Para tanto, nos servimos, de um lado, de uma posição pragmática cujo referencial principal é o Wittgenstein tardio e, de outro, do escrito póstumo de Nietzsche Sobre Verdade e Mentira no Sentido Extra-moral. Lingüístico-pragmática é uma leitura embasada numa filosofia pragmática, ou seja, numa filosofia que põe a linguagem no centro de suas preocupações, distinguindo-se por concebê-la como práxis social e por pensar o problema do significado em função do uso. Com base nessas premissas, a teoria pragmática da verdade rompe com o correspondecialismo e com o fundacionalismo, definindo verdade em função dos efeitos favoráveis de uma proposição. A hipótese que levantamos é que Nietzsche avant la lettre assume posições pragmáticas, pois pensa verdade a partir da linguagem e esta como práxis. Nietzsche rejeita a teoria correspondencial e o fundacionalismo, deixando o caminho aberto para o desenvolvimento de sua teoria do conhecimento, o perspectivismo. O que, no entanto, diferencia Nietzsche do pragmatismo lingüístico tradicional é sua tentativa de pensar a linguagem com base em uma teoria agonística do poder, concebendo-o como cerne das relações sociais. A práxis lingüística, instância de investigação pragmática da verdade, é definida como uma pluralidade de relações de força. Assim, a verdade surge como um regime de poder. Interpretada dessa maneira, a teoria nietzschiana do poder complementa e radicaliza a reflexão pragmática acerca da linguagem.

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